O BOI TROPICAL É ADAPTADO ÀS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DO CERRADO DE FEIRA NOVA DO MARANHÃO?

Abstract

RESUMO No estado do Maranhão, na região oeste do estado, onde predomina o clima tropical quente e úmido (As) o estresse por calor é um dos fatores a interferir no desempenho dos bovinos. Objetivou-se nesse trabalho, mensurar e comparar a adaptabilidade de bovinos Nelore, Curraleiro Pé-Duro e Boi Tropical por meio de parâmetros fisiológicos, testes de conforto térmico e índices ambientais. Esta pesquisa foi realizada na Fazenda Alegria, Feira Nova, Maranhão, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), utilizando-se 22 bovinos de grupos genéticos distintos: raças Curraleiro Pé-Duro e Nelore e Boi Tropical (1/2 Senepol+1/4 Nelore+1/4 Curraleiro Pé-Duro). Em três dias consecutivos coletou-se a temperatura retal (TR) e frequência respiratória (FR), e os dados microclimáticos, manhã e tarde. Os dados microclimáticos foram utilizados para cálculo do índice de temperatura e umidade (ITU) e índice de temperatura de globo negro (ITGU), e os dados fisiológicos para aplicação nos testes de adaptabilidade Benezra (CA: coeficiente de adaptabilidade), Ibéria (CTC: coeficiente de tolerância ao calor), Ibéria Modificado (CTCmod) e Rauschencach-Yerokin (ITC: índice de tolerância ao calor). As diferenças estatísticas foram obtidas pela análise de variância dos dados (ANOVA) entre os grupos genéticos e entre os tratamentos aplicados (manhã (m): 9 h e tarde (t):15 h, sol e sombra) e identificadas pelo teste de Tukey. Os testes de Ibéria, Ibéria Modificado e Benezra, não foram sensíveis o suficiente para detectar o melhor horário ou grupo genético mais adaptado (P>0,05). No entanto, o ITC, do teste de Rauschenbach-Yerokin, demonstrou que o bovino Tropical sofre menos estresse (P<0,05) que CPD e Nelore nos dois períodos do dia, apresentando o CPD e o Nelore com respostas similares.Acredita-se que a maior acurácia do ITC resulte da combinação de informação da temperatura ambiente e do animal (TR) em sua fórmula. A FR e TR foram equivalentes para os três grupos avaliados nos turnos da manhã e da tarde (P>0,05), respectivamente, 17,3 mov./min e 39,1oC, dentro dos valores considerados fisiológicos para a espécie bovina. O período do dia (manhã ou tarde) e o local (sombra ou pleno sol) não influenciaram os índices (P>0,05). Conclui-se pelos dados e índices analisados que o Boi Tropical se mostrou tão bem adaptado quanto o Nelore e o CPD em regiões tropicais sob condições similares às de Feira Nova do Maranhão (MA).O índice de tolerância ao calor de Rauschenbach-Yerokin (ITC) é mais eficiente para detectar diferenças quanto à adaptabilidade de bovinos dos grupos genéticos avaliados e revelou que o Boi Tropical é o mais adaptado às condições climáticas de Feira Nova do Maranhão.

ABSTRACT In the state of Maranhão, notably in the western region of the state, where the hot and humid tropical climate (As) predominates, heat stress is one of the factors that interfere with cattle performance, especially of locally adapted breeds. The objective of this work is to measure and compare the adaptability of Nellore, Curraleiro Pé-Duro andTropical cattle through the measurement of physiological parameters, thermal comfort tests and environmental indices. This research was carried out at Fazenda Alegria, Feira Nova, Maranhão, in partnership with the Brazilian Agricultural Research Corporation (Embrapa), using 22 cattle from different genetic groups: Curraleiro Pé-Duro and Nelore and Tropical Boi breeds (1/2 Senepol+1/4 Nelore+1/4 Curraleiro Pé-Duro). On three consecutive days, rectal temperature (RT) and respiratory rate (RR) were collected, as well as microclimatic data, morning and afternoon. The microclimatic data were used to calculate the temperature and humidity index (ITU) and the black globe temperature index (ITGU), and the physiological data for application in the Benezra adaptability tests (CA: adaptability coefficient), Iberia (CTC: heat tolerance coefficient), Modified Iberia (CTCmod) and Rauschencach-Yerokin (ITC: heat tolerance index). Statistical differences were obtained by analysis of variance of data (ANOVA) between genetic groups and between treatments applied (morning (m): 9 am and afternoon (t): 3 pm, sun and shade) and identified by Tukey's test. The Iberia, modified Iberia and Benezra tests were not sensitive enough to detect the best time or the most adapted genetic group (P>0.05). However, the ITC of the Rauschenbach-Yerokin test showed that Tropical cattle suffered less stress (P<0.05) than CPD and Nellore in the two periods of the day, with the CPD and Nellore showing similar responses. It is believed that the greater accuracy of the ITC is the result of the combination of information from ambient and animal temperature (TR) in its formula. FR and TR were equivalent for the three groups evaluated in the morning and afternoon periods (P>0.05), respectively, 17.3 movements/min and 39,1°C, within the values considered physiological parameters for the bovine species. The time of day (morning or afternoon) and the location (shade or full sun) did not influence the indices (P>0.05). It is concluded from the analyzed data and indices that the Tropical steer proved to be as well adapted as the Nellore and CPD in tropical regions under conditions similar to those of Feira Nova (MA). The Rauschenbach-Yerokin heat tolerance index (ITC) is more efficient to detect differences in the adaptability of bovines from the evaluated genetic groups and revealed that the Tropical Boi is the most adapted to the climatic conditions of Feira Nova (MA).