SUSPEIÇÃO DE TRANSTORNOS MENTAIS NÃO PSICÓTICOS EM MULHERES E SUA RELAÇÃO COM A VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO

Abstract

RESUMO: Os transtornos mentais não psicóticos em mulheres e sua relação com os diferentes tipos de violência por parceiro íntimo merecem atenção especial da equipe de saúde, pois tanto a violência quanto os transtornos mentais não psicóticos são pouco diagnosticados. Isso dificulta a escolha do tratamento adequado a essas mulheres. Dessa forma, maiores investimentos na atenção básica e na saúde mental são essenciais. OBJETIVO: avaliar a suspeição de transtornos mentais não psicóticos em mulheres e sua relação com os tipos de violência por parceiro íntimo. MATERIAL EMÉTODO: estudo analítico transversal, com amostra de 369 mulheres, de 20 a 59 anos, de cinco municípios piauienses. O período de coleta dos dados ocorreu de agosto de 2015 a maio de 2016. As informações trabalhadas nesta tese resultaram da aplicação de três instrumentos: o formulário de caracterização sócio demográfica e de saúde, o Self Reporting Questionnaire(utilizado para verificar a suspeição de transtornos mentais não psicóticos) e as Conflict Tactic Scales(utilizado para verificar o autorrelato de violência por parceiro íntimo). A análise dos dados deu-se por meio do software R, versão 3.4.1. Foram realizados teste Qui-Quadrado de Pearson, modelos de regressão logística binária eexpressos os valores de Odds Ratiocom respectivos intervalos de confiança. RESULTADOS: a violência por parceiro íntimo aumentou em 3,46 vezes as chances de mulheres terem suspeitas de transtornos mentais não psicóticos. As que relataram abuso físico sem sequelas, em grau severo, apresentaram 2,58 vezes mais chances de terem sintomas de humor depressivo ansioso. O abuso físico com sequelas, em grau menor, aumentou em 3,7 vezes a propensão ao desenvolvimento de sintomas de humor depressivo ansioso. A agressão psicológica, em grau menor, elevou em 2,07 vezes as chances de mulheres terem sintomas de decréscimo de energia vital. Essa propensão aumentou para 2,27 vezes quando a agressão psicológica foi em grau severo. O abuso físico sem sequelas, em menor grau, elevou a 2,23 vezes e no grau severo a 3,06 a propensão de apresentarem sintomas de decréscimo de energia vital. Já o abuso físico com sequelas, em grau menor, aumentou 3,13 vezes as chances de mulheres possuírem sintomas de decréscimo de energia vital. Agressão psicológica, em grau menor, aumentou em 2,93 vezes as chances de mulheres terem pensamentos depressivos e em grau severo 3,11. A agressão física sem sequelas, menor, gerou 3,86 vezes mais propensão de mulheres desenvolverem pensamentos depressivos e 6,13 vezes quando o grau se tornou severo. Mulheres que sofreram coerção sexual, menor, apresentaram 2,47 vezes mais chances de terem pensamentos depressivos. A agressão física com sequelas,em graus menor e severo,aumentou em 5,92 e 7,3 vezes, respectivamente, as chances de desenvolverem pensamentos depressivos. CONCLUSÃO: a suspeição de transtornos mentais não psicóticos em mulheres está relacionada com os diferentes tipos de violência por parceiro íntimo. Este estudo mostrou associações entre sintomas de humor depressivo-ansioso, decréscimo da energia vital, pensamentos depressivos e as violências psicológica, física e sexual (em graus menores e severos). ABSTRACT: Non-psychotic mental disorders in women and their relation to the different types of intimate partner violence deserve special attention from the health team, since both violence and non-psychotic mental disorders are poorly diagnosed. This makes it difficult to choose the right treatment for these women. Thus, greater investments in basic care and mental health are essential. OBJECTIVE: to evaluate the suspicion of non-psychotic mental disorders in women and their relation to the types of intimate partner violence. MATERIAL AND METHOD: a cross-sectional analytical study with a sample of 369 women aged 20 to 59 from five municipalities in Piauí. The data collection period was from August 2015 to May 2016. The information elaborated on this thesis resulted from the application of three instruments: the socio-demographic and health characterization form, the Self Reporting Questionnaire (used to check for suspected non-psychotic mental disorders) and the Conflict Tactic Scales (used to verify self-report of intimate partner violence). Data analysis was performed using software R, version 3.4.1. Pearson's Chi-Square test, binary logistic regression models were used and Odds Ratio values were expressed, with respective confidence intervals. RESULTS: intimate partner violence increased by 3.46 times the chances of women suspecting non-psychotic mental disorders. Those who reported physical abuse without severe sequelae were 2.58 times more likely to have symptoms of depressive anxious mood. Physical abuse with sequelae, to a lesser extent, increased by 3.7 times the propensity to develop depressive anxious mood symptoms. Psychological aggression, to a lesser extent, increased the chances of women experiencing a decrease in vital energy by 2.07 times. This propensity increased to 2.27 times when psychological aggression was severe. Physical abuse without sequelae, to a lesser extent, increased to 2.23 times and in the severe degree to 3.06, more likely to present symptoms of decreased vital energy. Physical abuse with sequelae, to a lesser extent, increased 3.13 times the odds of women experiencing symptoms of decreased vital energy. Psychological aggression, to a lesser degree, increased by 2.93 times the chances of women having depressive thoughts and to a severe degree 3,11. Physical aggression without sequelae, smaller, generated 3.86 times more propensity for women to develop depressive thoughts and 6.13 times when the grade became severe. Women who were sexually coerced, younger, were 2.47 times more likely to have depressive thoughts. Physical aggression with sequelae, in minor and severe degrees, increased by 5.92 and 7.3 times, respectively, the chances of developing depressive thoughts. CONCLUSION: the suspicion of non-psychotic mental disorders in women is related to the different types of intimate partner violence. This study showed associations between symptoms of depressive-anxious mood, decrease in vital energy, depressive thoughts and psychological, physical and sexual violence (in minor and severe degrees). RESUMEN: Los trastornos mentales no psicóticos en las mujeres y su relación con los diferentes tipos de violencia por socio íntimo merecen atención especial del equipo de salud, pues tanto la violencia como los trastornos mentales no psicóticos son poco diagnosticados. Esto dificulta la elección del tratamiento adecuado a estas mujeres. De esta forma, las mayores inversiones en la atención básica y la salud mental son esenciales. OBJETIVO: evaluar la sospecha de trastornos mentales no psicóticos en mujeres y su relación con los tipos de violencia por pareja íntima. MATERIAL Y MÉTODO: estudio transversal analítico, con muestra de 369 mujeres, de 20 a 59 años, de cinco municipios piauienses. El período de recolección de los datos ocurrió de agosto de 2015 a mayo de 2016. Las informaciones trabajadas en esta tesis resultaron de la aplicación de tres instrumentos: el formulario de caracterización sociodemográfica y de salud, el Self Reporting Questionnaire (utilizado para verificar la sospecha de trastornos mentales no psicóticos) y las Conflict Tactic Scales (utilizado para verificar el autorrelatario de violencia por socio íntimo). El análisis de los datos se dio a través del software R, versión 3.4.1. Se realizaron pruebas Qui-cuadrado de Pearson, modelos de regresión logística binaria y expresados los valores de Odds Ratio, con respectivos intervalos de confianza. RESULTADOS: la violencia por socio íntimo aumentó en 3,46 veces las posibilidades de que las mujeres tenían sospechas de trastornos mentales no psicóticos. Las que relataron abuso físico sin secuelas, en grado severo, presentaron 2,58 veces más probabilidades de tener síntomas de humor depressivo ansioso. El abuso físico con secuelas, en grado menor, aumentó en 3,7 veces la propensión al desarrollo de síntomas de humor depressivo ansioso. La agresión psicológica, en grado menor, elevó en 2,07 veces las posibilidades de que las mujeres tenían síntomas de disminución de energía vital. Esta propensión aumentó a 2,27 veces cuando la agresión psicológica fue en grado severo. El abuso físico sin secuelas, en menor grado, elevó a 2,23 veces y en el grado severo a 3,06 más propensión de presentar síntomas de decrecimiento de energía vital. El abuso físico con secuelas, en grado menor, aumentó 3,13 veces las probabilidades de que las mujeres tenían síntomas de disminución de energía vital. La agresión psicológica, en grado menor, aumentó en 2,93 veces las posibilidades de que las mujeres tenían pensamientos depresivos y en grado severo 3,11. La agresión física sin secuelas, menor, generó 3,86 veces más propensión de mujeres a desarrollar pensamientos depresivos y 6,13 veces cuando el grado se tornó severo. Las mujeres que sufrieron coerción sexual, menor, presentaron 2,47 veces más posibilidades de tener pensamientos depresivos. La agresión física con secuelas, en grados menor y severo, aumentó en 5,92 y 7,3 veces, respectivamente, las posibilidades de desarrollar pensamientos depresivos. CONCLUSIÓN: la sospecha de trastornos mentales no psicóticos en mujeres, está relacionada con los diferentes tipos de violencia por socio íntimo. Este estudio mostró asociaciones entre síntomas de humor depresivo-ansioso, disminución de la energía vital, pensamientos depresivos y las violencias psicológicas, físicas y sexual (en grados menor y severo).