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RESUMO: Este estudo aborda a problemática da inserção da criança no mercado de trabalho e o seu distanciamento da escola a partir de uma perspectiva psicossocial, fundamentada na Teoria das Representações Sociais (MOSCOVICI, 1978). Neste sentido, buscamos conhecer as representações construídas por crianças trabalhadoras das camadas populares de Teresina-Piauí, bem como por suas famílias, sobre a escola, o trabalho e a própria infância, objetivando identificar o que realmente atrai a criança para o mundo do trabalho e como isto pode estar relacionado com a experiência que ela vive na escola. Que valores, construídos cotidianamente, atuam em seu processo de socialização, orientando suas ações, individuais e coletivas, legitimando seu comportamento, suas normas e atitudes. A metodologia de pesquisa foi desenvolvida a partir de uma abordagem qualitativa, sendo os procedimentos analíticos apoiados na técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 1977). Os resultados evidenciam que o trabalho assume uma posição de destaque na vida da criança trabalhadora e de sua família. As representações sociais construídas denotam que o trabalho, muito mais que um meio de subsistência familiar, age como um mecanismo de resistência e proteção da criança face aos riscos sociais a que está submetida. Portanto, ao contrário do que diz a grande maioria das pesquisas realizadas no Brasil, o trabalho infantil atua principalmente como um importante elemento para a formação, disciplina e proteção da criança das camadas populares. A escola, embora reconhecida como importante, apresentou-se como profundamente distanciada das aspirações e expectativas destes contingentes. A infância reafirmou-se como uma construção social complexa, onde o trabalho atua também como um elemento de inserção da criança no mundo adulto. A partir dos conhecimentos apreendidos esperamos poder contribuir para uma maior reflexão a respeito desse fenômeno social, importante para o planejamento de políticas públicas eficientes e para a definição de novas pedagogias e metodologias escolares, que possam corresponder aos anseios e expectativas destes segmentos sociais, tornando a escola um espaço de realização, de inclusão social e de exercício pleno da cidadania. ------------------ ABSTRACT: This study touches on the problem of inserting children into the job market and the resulting withdrawal from school from a psychosocial perspective based on the Social Representation Theory (MOSCOVICI, 1978). In this sense, we try to know the representations built by the working children of the lower economical class of Teresina, Piauí, as well as those built by their families about school, work and their own childhoods. The objective is to identify what really attracts the children to the world of work and how this could be related with the experience that they have at school. What values, which are built on a daily basis, operate in their socialization process, guide their individual and collective actions and justify their behavior, norms and attitudes. The research methodology was developed with a qualitative approach. The analytic procedures were based on the technique of content analysis (BARDIN, 1977). The results showed that work assumes a prominent position in the lives of the working children and their families. The social representations built by the children showed that work acts as a mechanism of resistance and protection of the children when faced with the social risks they undergo much more than as a means of family sustenance. Therefore, contrary to most of the studies done in Brazil, child labor acts mainly as an important element in the formation, discipline and protection of the children in the lower economic levels. Even though school is recognized as important, it appeared to be greatly distance from the aspiration and expectations of these contingents. Childhood was confirmed as a complex social construction where work also acts as an element of inserting a child into the adult world. From the knowledge learned from this study we hope to contribute to a greater reflection in regards to this social phenomenon, which is important for the planning of efficient public policies and for the definition of new pedagogies and school methodologies. These are necessary so they can coincide with the longings and expectations of this social segment thus making the school a space of fulfillment, social inclusion and the complete practice of citizenship. |
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