Abstract:
RESUMO: Os sujeitos pós-coloniais, de acordo com Bhabha (1994), são aqueles que por muito tempo se
encontraram silenciados por um regime de exploração e mutilação (física e psicológica) e que,
após a partida da metrópole colonizadora, finalmente encontraram uma voz com a qual é
possível expressar todas as agruras sofridas durante esse período. O processo de colonização
foi cruel, contudo, compreensível, como assevera Young (2001), tendo em vista a necessidade
que os grandes impérios tinham de se expandir e buscar novas terras para alimentar a crescente
onda de liberalismo econômico na Europa durante os séculos XIII e XIV, donde partiram boa
parte das caravelas rumo ao novo mundo. Possibilitados de se manifestar, os sujeitos pós-coloniais usariam diversas estratégias para recontar suas histórias, que por muito tempo foram
silenciadas, e, consequentemente, se aventurariam em busca de identidades perdidas e
acabariam por encontrar não somente uma, mas algo plural. Assim, como objetivo desse
trabalho, buscou-se observar como esse sujeito pós-colonial se expressa e como se dá a busca
por identidade(s) a partir da análise de uma obra do gênero gótico, o romance Murther and
walking spirits, do canadense Robertson Davies, que apresenta em sua obra várias facetas do
pós-colonialismo, que às vezes explora o ponto de vista do canadense nato, às vezes do inglês
quem fugido da guerra, vai para o Canadá ou ainda do escocês que imigra em busca de novas
oportunidades no novo mundo. Hall (1996), Bhabha (1994), Rudd (2010), Young (2001), Freud
(2003), Sedwick (1986) e Jung, entre outros, constituem o aporte teórico. Este estudo foi
desenvolvido por meio de uma pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico e interdisciplinar.
Os personagens de Davies, principalmente o fantasma, transitam por diversas eras, expondo a
visão de um sujeito que até pouco tempo vivia o pós-colonialismo de um país que, por mais que
goze de uma certa liberdade, ainda hoje vive subjugado pela coroa britânica, ao mesmo tempo
que é constantemente sobreposto pelo poderio econômico e cultural dos EUA, se encontrando,
dessa forma, no limiar de mundos. ABSTRACT: The post-colonial subjects, according to Bhabha (1994), are those that for a long time found
themselves silenced by an exploitation and mutilation (physical and psychological) regime
whom, after the departure of the colonizing metropolis, finally found a voice with which is
possible to express all the woes suffered by them during this time. The colonization process
was cruel, however, comprehensible, as asserted by Young (2001), considering the necessity
the great empires had to expand and search new lands to feed the growing wave of liberalism
in Europe during the XIII and XIV century, from where most of the caravels had their starting
point. Free to speak the post-colonial subjects would use several strategies to rewrite their
stories, that for a long time remained silenced, and, consequently, would venture on the search
of a lost identity ending up at finding not only one but something plural. Therefore, as the
objective of this work it, was sought, through the gothic genre, how this post-colonial subject
expresses himself and how the search for identity(ies) is given when the novel Murther and
walking spirits, by Robertson Davies, is analyzed, remembering that the author brings in his
writings several faces of the post-colonialism, sometimes exploring the Canadian viewpoint,
some other the English who escaped the war and other times the Scottish immigrant who
journeyed to a new land seeking opportunities. Hall (1996), Bhabha (1994), Rudd (2010),
Young (2001), Freud (2003), Sedwick (1986) e Jung ( ), among others constitute the theoretical
support. This study was developed through a qualitative research of bibliographical and
interdisciplinary nature. Davies characters, mainly the ghost, transit through several eras,
exposing the view of a subject that little time ago lived the post-colonialism of a country that,
as much as it enjoys some freedom, still today is subdued by the British Crow, at the same time
that is constantly overlapped by the economic and cultural power of the USA finding itself in a
liminal position, in the middle of worlds.