Abstract:
RESUMO: Este trabalho faz uma análise sobre a primeira Força de Paz da ONU, enviada para a região do Oriente Médio, compondo a UNEF (United Nations Emergency Force). Deste modo, o Exército brasileiro enviou ao Egito um Batalhão de Infantaria com efetivo acumulado de aproximadamente 6.300 homens (de janeiro de 1957 a julho de 1967), denominado de "Batalhão de Suez", integrando a Força de Emergência das Nações Unidas I (FENU I), organizada com a finalidade de separar forças egípcias e israelenses. Neste estudo, o interesse consiste em reconhecer as impressões daqueles "homens de paz", em um mundo de ódio secular e de identidades extremamente diferentes, e descobrir suas visões acerca do conflito, sobre a vida cotidiana do povo e da cultura de egípcios, palestinos e israelenses, enfim, resgatar a memória e a história da participação dos militares brasileiros. Para tanto, a análise foi realizada a partir do corpus de entrevistas com treze soldados piauienses, e também por meio de depoimentos de veteranos de outros Estados brasileiros, sobre si próprios, a realidade vivida e a cultura material que encontraram no contexto do processo de paz instaurado no deserto do Sinai, na Faixa de Gaza e em Jerusalém, durante a Missão de Paz. O estudo da História do Batalhão Suez, foi realizado com base em documentos oficiais da ONU, dos Exércitos e da UNEF, tais como relatórios, ofícios, memorandos, mapas, correspondências etc., disponíveis nos arquivos do Exército e nos sites oficiais da ONU e do Batalhão Suez. A História Oral tornou-se fundamental no desenvolvimento inicial da pesquisa, posto que reconhecer os depoimentos como fontes históricas relevantes, construídas na relação entrevistador e entrevistado, é fortalecer e amadurecer uma concepção de história que problematiza os sujeitos "ordinários" e os significados que atribuem às suas experiências, expressos por meio de seus valores, atitudes e crenças, em outras palavras, sua subjetividade. Uma vez que se trabalhou com a História Oral, antes de tudo, como uma metodologia, as fontes orais foram pensadas não exclusivamente como fornecedoras de informações em si mesmas, mas como reveladoras de importantes significados da Missão para a paz na região e na vida de cada um dos entrevistados.
ABSTRACT: This dissertation analyzes the first United Nations Peace Force deployed to the Middle East as part of the United Nations Emergency Force (UNEF). Their objective was to prevent aggressions between Egypt and Israel. From January 1957 to July 1967, the Brazilian Army sent an infantry battalion to Egypt numbering around 6,300 troops. The "Suez Battalion", as they were called, took part of the United Nations Emergency Force I (UNEF I), and were organized to separate Egyptian and Israeli armed forces. In a world of age-old hatred and of extremely different identities, this dissertation concerns itself with knowing and recording the impressions of those "peace-keeping men", and it goes deep within their views about the conflict, and also about the everyday life of Egyptian, Palestinian, and Israeli peoples and their respective cultures. The main objective of this dissertation is to recover the memory and the history of Brazilian military personnel - among them twelve troops from the Brazilian state of Piau! - in that peace-keeping mission in Suez, at Sinai Desert, in the Gaza Strip, and in Jerusalem. The study was carried out and based on official UN files, on documents from both the armies and from the UNEF, such as reports, official letters, memoranda, maps, miscellaneous pieces of correspondence etc, all available at the Army registry and also at UN's and Suez Battalion's internet homepages. Oral history became fundamental at the initial stage of the research because recognizing the testimonies as relevant historical sources, constructed in the relation between interviewer and interviewee, is to corroborate and to ripen up a conception of history that renders problematic the "ordinary" subjects and the meanings they attribute to their experiences, expressed by way of their values, attitudes, and beliefs; in other words, their subjectivity. Once it becomes clear that this dissertation works within the concepts of oral history as a methodology, the oral sources in it were not exclusively thought of as information suppliers in themselves, but as disclosers of important meanings to understand the peace-keeping mission for the region and for the life of each one of the interviewees.