Abstract:
RESUMO: A leucina é um aminoácido capaz de promover mudanças no balanço energético e na
sensibilidade à insulina. Contudo, a sua influência sobre esses fenômenos é
compreendida de modo divergente. Enquanto importantes estudos indicam melhora no
controle glicêmico e aumento da saciedade após a suplementação com leucina, outros
não encontraram qualquer modificação ou, até mesmo, apontaram efeitos contrários. A
partir desta constatação, buscou-se com o presente trabalho avaliar as ações da leucina
sobre o controle glicêmico e o comportamento alimentar de ratos resistentes à insulina
induzida por dexametasona. Para tanto, ratos machos Wistar, de três meses de idade,
mantidos sob condições de temperatura, umidade e iluminação controladas,
receberam, por cinco dias consecutivos, injeção intraperitoneal de dexametasona ácido
fosfórico (Decadron®) (1 mg/kg/dia). Diariamente, foram aferidos o peso corporal e o
consumo de ração. No dia seguinte à última administração de dexametasona foram
realizados teste de tolerância à glicose intraperitoneal (TTGip) e teste de tolerância à
insulina intraperitoneal (TTIip). Para testar as ações da leucina, procedeu-se a
suplementação oral aguda com esse aminoácido (0,16 mg/kg), utilizando outros lotes
de animais, sendo realizado novo TTGip e medido o consumo de ração no período de
24 horas. Ao término desses experimentos, os ratos foram eutanasiados e tiveram o
fígado, coração, rins, adrenais, baço, tecido adiposo epididimal e retroperitoneal, sóleo
e hipotálamo retirados para aferição do peso. Posteriormente, foi extraído o RNAm do
hipotálamo para análise, por reação em cadeia de polimerase (PCR), dos genes
essenciais para o transporte de aminoácidos (LAT1/SCLC7AS e SNAT2/SLC38A),
metabolismo de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAT1 e BCAT2) e balanço
energético (POMC, CART, TRH, STAT3, GLP1-R, ObRb, NPY, NPY1-R, AgRP, GHSR,
ORX e OX2-R). Verificou-se, primeiramente, que a administração de dexametasona,
por cinco dias, leva a: intolerância à glicose, resistência à insulina, atrofia do baço e das
adrenais, redução do peso corporal e do consumo de ração. Constatou-se ainda que,
nos ratos metabolicamente disfuncionais, a suplementação aguda com leucina
restabeleceu a tolerância à glicose e elevou a expressão do RNAm dos genes
hipotalâmicos SNAT2/SLC38A, BCAT2, POMC, TRH, AgRP, NPY e ObRb, sem
interferir no comportamento alimentar de um dia. Em conclusão, a suplementação
aguda com leucina foi capaz de ativar, no hipotálamo, duas populações neuronais
distintas, envolvidas com a inibição e estímulo ao comportamento alimentar que,
possivelmente, foi a responsável pela ausência de alteração na ingestão alimentar no
período de 24 horas._____ABSTRACT: Leucine amino acid is able to promote changes in energy balance and insulin
sensitivity. However, their influence on these phenomena is understood divergently.
While studies indicate significant improvement in glycemic control and increased
satiety after supplementation with leucine, others show no change or even suggest the
opposite effect. From this finding, what we sought with this work was to evaluate the
leucine shares on glycemic control and eating behavior in rats resistant to insulin by
dexamethasone. For that, male Wistar rats, with three months of age, kept under
conditions of temperature, humidity and lighting controlled, received for five
consecutive days, intraperitoneal injection of dexamethasone phosphoric acid
(Decadron®) (1 mg/kg/day). Daily, their body weight and feed intake were measured.
On the following day, after the last administration of dexamethasone, intraperitoneal
glucose tolerance test (GTTip) and intraperitoneal insulin tolerance test (ITTip) were
made. Then, to test the leucine shares, we proceeded to acute oral supplementation
with this amino acid (0.16 mg/kg), using lots of other animals, then we’ve done a new
TTGip and measured feed intake in a 24 hour period. At the end of these experiments,
mice were euthanized and had the liver, heart, kidney, adrenals, spleen, epididymal
and retroperitoneal adipose tissue, soleus and hypothalamus removed for
measurement of weight. Subsequently, the mRNA was extracted of the hypothalamus
and to analyze by polymerase chain reaction (PCR), the genes essential for the
transport of amino acids (LAT1/SCLC7AS and SNAT2/SLC38A), branched-chain
amino acid metabolism (BCAT1 and BCAT2) and energy balance (POMC, CART,
TRH, STAT3, GLP1-R, OBRb, NPY, NPY1-R, AgRP, GHS-R, ORX and OX2-R). It was
found firstly that the administration of dexamethasone for five days leads to: glucose
intolerance, insulin resistance, spleen and adrenal atrophy, decrease in body weight
and feed intake. Then it was found that in metabolically dysfunctional rats, acute
leucine supplementation restored glucose tolerance and increased the mRNA
expression of hypothalamic genes SNAT2/SLC38A, BCAT2, POMC, TRH, AgRP, NPY
and ObRb, without interfering with a day feeding behavior. In conclusion, acute leucine
supplementation was able to activate, on hypothalamus, two distinct neuronal
populations involved in inhibition and stimulation of feeding behavior that possibly was
responsible for the lack of change in food intake in 24-hour period.