Abstract:
RESUMO: As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são as principais causas de morbimortalidade em todo o mundo, sendo responsáveis por um grande ônus econômico e social. Dentre os principais fatores de risco para o desenvolvimento dessas doenças, destaca-se a qualidade da dieta, de modo que o consumo de bebidas per se pode representar um importante contribuinte neste quesito. Ademais, o consumo de adoçantes não nutritivos (ANN), frequentemente utilizados em bebidas, pode contribuir para aumento do risco de desenvolvimento de DCNT. Por outro lado, o status adequado de vitamina D vem sendo associado à prevenção de inúmeras DCNT, sendo importante investigar os fatores dietéticos que possam contribuir para a sua deficiência. Assim, o estudo teve como objetivo investigar a associação entre o consumo de bebidas com a prevalência de DCNT e o consumo de ANN com o status inadequado de vitamina D em adultos e idosos. A tese é composta por três estudos de corte transversal, recortes da pesquisa de base populacional “Inquérito de Saúde Domiciliar no Piauí” (ISAD-PI). A amostragem da pesquisa foi probabilística complexa por conglomerados. Nos capítulos 1 e 2, foram utilizados dados sociodemográficos, de estilo de vida, antropométricos, de diagnóstico de DCNT, de uso de medicamentos/suplementos e de consumo alimentar de 1.162 indivíduos adultos e de 489 indivíduos adultos e idosos, de ambos os sexos, respectivamente. No capítulo 3, foram utilizados adicionalmente dados sobre consumo alimentar (ANN, cálcio e vitamina D), bem como sobre concentrações plasmáticas de vitamina D de 228 indivíduos adultos e idosos, de ambos os sexos. Realizaram-se análises de regressão de Poisson com variância robusta. Quanto aos resultados, no capítulo 1, os indivíduos com maior adesão ao padrão de bebidas ultraprocessadas apresentaram 3,75 vezes maior prevalência de câncer (RP: 3,75; IC95%: 1,56-9,01). A maior adesão ao padrão de bebidas alcoólicas foi associada a uma maior prevalência de obesidade (RP: 1,88; IC95%: 1,14-3,09). Em contraste, os indivíduos no segundo tercil de adesão ao padrão de bebidas saudáveis
12
apresentaram 39% menor prevalência de hipercolesterolemia (RP: 0,61; IC95%: 0,41-0,93), e os indivíduos no terceiro tercil apresentaram 10% menor prevalência de obesidade abdominal estimada pela relação cintura/altura (RP: 0,90; IC95%: 0,82-0,98). No capítulo 2 verificou-se que o consumo de bebidas adoçadas em geral (com açúcar ou adoçantes) em uma frequência semanal de 6 a 7 dias, assim como o consumo de bebidas adoçadas artificialmente em pelo menos 1 dia por semana esteve associado à 1,92 vezes (RP: 1,92; IC95%: 1,12-3,28) maior prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e à 3,36 vezes maior prevalência em mulheres (RP: 3,36; IC95%: 1,26-8,97), respectivamente. No capítulo 3, verificou-se que os indivíduos consumidores de adoçantes artificiais apresentaram 78% (RP: 1,78; IC95%: 1,24-2,56) e 50% (RP: 1,50; IC95%: 1,04-2,16) maior prevalência de status inadequado de vitamina D, nos modelos de ajuste 1 e 2, respectivamente. Desta forma, o consumo de bebidas esteve associado à prevalência de DCNT, e o consumo de adoçantes artificiais poderia contribuir para o status inadequado de vitamina D plasmática, independentemente de fatores de confundimento importantes.
ABSTRACT: Chronic Noncommunicable Diseases (NCDs) are the main causes of morbidity and mortality worldwide, and are responsible for a great economic and social burden. Among the main risk factors for the development of these diseases, the quality of the diet stands out, so that the consumption of beverages per se can represent an important contributor in this regard. Furthermore, the consumption of nonnutritive sweeteners (NNS), frequently used in beverages, can contribute to an increased risk of developing NCDs. On the other hand, adequate vitamin D status has been associated with the prevention of numerous NCDs, and it is important to investigate the dietary factors that may contribute to its deficiency. Thus, the study aimed to investigate the association between beverage consumption and the prevalence of NCDs and NNS consumption with inadequate vitamin D status in adults and older adults. The thesis consists of three cross-sectional studies, excerpts from the population-based survey “Household Health Survey in Piauí” (ISAD-PI). The research sample was complex probabilistic by clusters. In chapters 1 and 2, sociodemographic, lifestyle, anthropometric, NCD diagnosis, medication/supplement use, and food consumption data were used from 1,162 adults and 489 adults and older adults individuals, of both sexes, respectively. In chapter 3, data on food consumption (NNS, calcium, and vitamin D) were additionally used, as well as on plasma vitamin D concentrations from 228 adults and older adults individuals, of both sexes. Poisson regression analyses with robust variance were performed. Regarding the results, in chapter 1, individuals with greater adherence to the ultra-processed beverage pattern had a 3.75-fold higher prevalence of cancer (PR: 3.75; 95% CI: 1.56-9.01). Higher adherence to the alcoholic beverage pattern was associated with a higher prevalence of obesity (PR: 1.88; 95% CI: 1.14-3.09). In contrast, individuals in the second tertile of adherence to the healthy
14
beverage pattern had a 39% lower prevalence of hypercholesterolemia (PR: 0.61; 95% CI: 0.41-0.93), and individuals in the third tertile had a 10% lower prevalence of abdominal obesity estimated by the waist-to-height ratio (PR: 0.90; 95% CI: 0.82-0.98). In chapter 2, it was found that the consumption of sweetened beverages in general (with sugar or sweeteners) on a weekly frequency of 6 to 7 days, as well as the consumption of artificially sweetened beverages on at least 1 day per week was associated with a 1.92 times (PR: 1.92; 95% CI: 1.12-3.28) higher prevalence of Systemic Arterial Hypertension (SAH) and a 3.36 times higher prevalence in women (PR: 3.36; 95% CI: 1.26-8.97), respectively. In chapter 3, it was found that individuals who consumed artificial sweeteners had a 78% (PR: 1.78; 95% CI: 1.24-2.56) and 50% (PR: 1.50; 95% CI: 1.04-2.16) higher prevalence of inadequate vitamin D status, in adjustment models 1 and 2, respectively. Thus, beverage consumption was associated with the prevalence of NCDs, and the consumption of artificial sweeteners could contribute to inadequate plasma vitamin D status, regardless of important confounding factors.