CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E ASSOCIAÇÃO COM CONCENTRAÇÕES SÉRICAS DE VITAMINA D, COMPOSIÇÃO CORPORAL E RISCO CARDIOVASCULAR EM ADULTOS E IDOSOS:um estudo domiciliar e de base populacional

Abstract

RESUMO : Os fatores de risco alimentares são os principais contribuintes para a carga global de doenças, responsáveis por cerca de 11 milhões de mortes por doenças não transmissíveis. O conceito de alimentos ultraprocessados (AUP) foi desenvolvido como uma ferramenta para identificação de um padrão de AUP. A compreensão da contribuição dos AUP para a qualidade da dieta e como um fator de risco para doenças está emergindo rapidamente. Portanto, o objetivo da presente tese foi verificar a associação entre o consumo de AUP com a deficiência de vitamina D, composição corporal, doenças cardiovasculares e índices de aterogenicidade em adultos e idosos. A tese compreende três capítulos redigidos em formatos de artigos científicos, sendo todos com delineamento transversal, utilizando dados da pesquisa de base populacional ―Inquérito de Saúde Domiciliar no Piauí‖ (ISAD-PI). O capítulo 1 mostrou uma associação entre o consumo de AUPcom a deficiência de vitamina D, para tal temática utilizou-se dados sociodemográficos, de estilo de vida, antropométricos, vitamina D sérica e consumo alimentar de 229 indivíduos (≥20 anos), de ambos os sexos. O capítulo 2 mostrou a associação entre o consumo de AUP com indicadores antropométricos, no qual compreendeu uma amostra de 490 indivíduos (≥20 anos) utilizando-se dados sociodemográficos, estilo de vida, antropométricos e consumo alimentar. A associação entre o consumo de AUP e as DCV e os índices de aterogenicidade foi analisada no capítulo 3, no qual foram utilizados dados sociodemográficos, estilo de vida, antropométricos, bioquímicos e consumo alimentar de 490 indivíduos (≥20 anos). Os resultados do capítulo 1 mostram que a maioria dos indivíduos de 20 a 39 anos apresentava deficiência de vitamina D (52,1%). Ademais, os AUP contribuíram com 19,9% da ingestão calórica da dieta, sendo essa contribuição maior para os indivíduos com deficiência de vitamina D (22,5%). Além disso, uma alta ingestão de AUP foi associada com o dobro do risco de deficiência de vitamina D em comparação com o baixo consumo de AUP (OR: 2,05; IC: 1,06/4,50). Nos resultados do capítulo 2 foram observados que indivíduos de 20 a 35 anos apresentaram associação positiva entre consumo de AUP e prega cutânea triciptal (ß: 0,04; IC: 0,03/0,09), o que demonstra aumento desse marcador de gordura corporal subcutânea com maior consumo de AUP. Além disso, em participantes de 36 a 59 anos, observou-se associação inversa entre consumo de AUP com circunferência do braço(ß: -0,02; IC: -0,03/-0,01). A área muscular do braço também foi associada inversamente a esse grupo de alimentos (ß: -0.02; IC: -0.03/-0.00), assim como a área muscular do braço corrigida (ß: -0,07; IC: -0,12/-0,02), indicando menor massa muscular naqueles indivíduos com maiorconsumo de AUP. No capítulo 3, o consumo de AUP apresentou maior contribuição calórica para aqueles com diagnóstico de doença cardiovascular (DCV) (p<0,05) e também foi observada associação entre a prevalência de DCV e maior consumo de AUP (RP: 2,71; IC: 1,31/5,60). O elevado consumo de AUP também esteve associado ao índice aterogênico plasmático (ß: 0.10; IC: 0.003/0.20), bem como ao coeficiente aterogênico (ß: 0,20; IC: 0,01/0,39) e a relação TG/HDL-c (RP: 1,47; IC: 1,06/2,05). Portanto, a partir dos resultados obtidos é possível concluirque os AUP estão associados à deficiência de vitamina D, redução de massa muscular, aumento de massa gorda e elevado de risco cardiovascular, tendo assim o potencial de influenciar significativamente a saúde humana. Palavras-chave: Alimentos ultraprocessados; vitamina D; composição corporal; doenças cardiovasculares. ABSTRACT :Dietary risk factors are major contributors to the global burden of disease, accounting for an estimated 11 million deaths from non communicable diseases. The concept of ultra-processed foods (UPA) was developed as a tool for identifying a UPF pattern. Understanding of UPF's contribution to dietary quality and as a risk factor for disease is rapidly emerging. Therefore, the objective of this thesis was to verify the association between UPA consumption and vitamin D deficiency, body composition, cardiovascular diseases and atherogenicity indices in adults and elderly. The thesis comprises three chapters written in the format of scientific articles, all with a cross-sectional design, using data from the population-based survey ―Inquérito de Saúde Domiciliar no Piauí‖ (ISAD-PI). Chapter 1 showed an association between UPF consumption and vitamin D deficiency, using sociodemographic, lifestyle and anthropometric data, serum vitamin D and dietary intake of 229 individuals (≥20 years) from both sexes. Chapter 2 showed the association between UPF consumption and anthropometric indicators, which comprised a sample of 490 individuals (≥20 years) using sociodemographic, lifestyle, anthropometric and food consumption data. The association between UPA consumption and CVD and atherogenicity indices was analyzed in Chapter 3, in which sociodemographic, lifestyle, anthropometric, biochemical and dietary data of 490 individuals (≥20 years) were used. The results of Chapter 1 show that most individuals aged 20 to 39 years had vitamin D deficiency (52.1%). Furthermore, UPF contributed with 19.9% of the caloric intake of the diet, with this contribution being greater for individuals with vitamin D deficiency (22.5%). Furthermore, a high UPA intake was associated with twice the risk of vitamin D deficiency compared with low UPA intake (OR: 2.05; CI: 1.06/4.50). In the results of chapter 2, it was observed that individuals between 20 and 35 years old showed a positive association between UPF consumption and triceps skinfold (ß: 0.04;CI: 0.03/0.09), which demonstrates an increase in this marker of subcutaneous body fat with higher UPA consumption. Furthermore, in participants aged 36 to 59 years, an inverse association was observed between UPF consumption and arm circumference (ß: -0.02; CI: -0.03/-0.01). Arm muscle area was also inversely associated with this food group (ß: -0.02; CI: -0.03/-0.00), as well as corrected arm muscle area (ß: -0.07; CI: -0. 12/-0.02), indicating lower muscle mass in those individuals with higher UPA consumption. In chapter 3, UPF consumption showed a greater caloric contribution for those diagnosed with cardiovascular disease (CVD) (p<0.05) and an association was also observed between CVD prevalence and higher UPF consumption (PR: 2.71 ; CI: 1.31/5.60). High UPA consumption was also associated with the plasma atherogenic index (ß: 0.10; CI: 0.003/0.20), as well as the atherogenic coefficient (ß: 0.20; CI: 0.01/0.39) and the TG ratio /HDL-c (PR: 1.47; CI: 1.06/2.05). Therefore, from the results obtained, it is possible to conclude that UPA are associated with vitamin D deficiency, reduced muscle mass, increased fat mass and increased cardiovascular risk, thus having the potential to significantly influence human health. Keywords: Ultra-processed foods; vitamin D; body composition; cardiovascular diseases.