Abstract:
RESUMO A leishmaniose canina é causada por Leishmania infantum chagasi e é transmitida por flebotomíneos, ocorrendo no Brasil as espécies Lutzomyia longipalpis e L. cruzi. Os sinais clínicos da leishmaniose podem diferir de um cão para outro, vários órgãos e sistemas podem ser acometidos, incluindo o sistema urinário, variando desde proteinúria subclínica até síndrome nefrótica ou doença renal crônica (DRC), sendo uma das principais causas de morte em cães acometidos. A resistência ou progressão da doença dependerá da resposta imunológica do animal. A terapia para leishmaniose canina ainda é falha, a indução do tratamento com imunomodulação, imunoterapia ou imunoquimioterapia vem ganhando destaque nos estudos, como abordagens promissoras para o controle da doença. O objetivo deste trabalho foi avaliar parâmetros renais de cães com leishmaniose submetidos a imunoquimioterapia, acompanhados por 360 dias. Estudo randomizado com 28 cães sem raça definida naturalmente infectados por L. infantum, foram divididos em três grupos: Grupo 1 com 6 cães que não receberam medicação, Grupo 2 com 8 cães que receberam alopurinol em monoterapia durante 90 dias, e o Grupo 3 com 8 cães que foram imunizados com a formulação Leish-F2 + SLA-SE, e receberam também a terapêutica com alopurinol por 90 dias. Exames ultrassonográficos com foco na avaliação renal, amostras de urina para detecção de proteinúria foram analisados pela razão proteína/creatinina urinária (RPC), urinálise (EAS) e ELISA padrão com SLA, bem como realização do histopatológico renal. O sinal medular renal observado em ultrassonografia surgiu e se manteve presente nos cães que não receberam terapêutica e nos cães que receberam apenas alopurinol, ao contrário do grupo que recebeu a imunoquimioterapia que retardou o surgimento desse achado durante os 360 dias de acompanhamento. A mineralização distrófica renal foi vista de forma mais evidente nos grupos de cães que receberam alopurinol em monoterapia ou na imunoquimioterapia. A detecção de proteína na urina como biomarcador de lesão renal, foi mais sensível pelo método de ELISA e teve resultados semelhantes vistos nas EAS, do que pela RPC nos grupos avaliados. Os cães sem terapêutica apresentam aumento dos anticorpos e o grupo alopurinol reduziu os anticorpos apenas no período de uso da droga e a imunoquimioterapia conseguiu reduzir os títulos de anticorpos na urina e sustentar os níveis baixos durante os tempos avaliados pelo teste ELISA. No histopatológico renal dos cães tratados e não tratados apresentaram alterações, tanto glomerular, quanto tubulointersticial, e cães que não receberam terapêutica tiveram maior predominância para nefrite tubulointersticial e glomeruloesclerose o que pode levar à uma insuficiência renal. Concluindo assim que cães com leishmaniose que tendem a desenvolver DRC podem ter uma nefroproteção ao receberem imunoquimioterapia com alopurinol associado a imunização com Leish-F2 + SLA-SE.
ABSTRACT Canine leishmaniasis is caused by Leishmania infantum chagasi and is transmitted by sandflies, occurring in Brazil as species Lutzomyia longipalpis and L. cruzi. Clinical signs of leishmaniasis can differ from one dog to another, several organs and systems can be affected, including the urinary system, ranging from subclinical proteinuria to nephrotic syndrome or chronic kidney disease (CKD), being one of the main causes of death in dogs affected. The resistance or progression of the disease will depend on the animal's immune response. Therapy for canine leishmaniasis is still flawed, induction of treatment with immunomodulation, immunotherapy or immunochemotherapy has been gaining prominence in studies, as promising approaches to control the disease. The objective of this work was to evaluate the renal parameters of dogs with leishmaniasis patented by immunochemotherapy, followed up for 360 days. Randomized study with 28 mongrel dogs naturally infected by L. infantum, divided into three groups: Group 1 with 6 dogs that did not receive medication, Group 2 with 8 dogs that received allopurinol in monotherapy for 90 days, and Group 3 with 8 dogs that were immunized with the Leish-F2 + SLA-SE formulation, and also received allopurinol therapy for 90 days. Ultrasound exams focused on renal evaluation, urine sample for detection of proteinuria were analyzed by neurological protein/creatinine ratio (RPC), urinalysis (EAS) and standard ELISA with SLA, as well as renal histopathology. The renal medullary signal observed on ultrasound appeared and remained present in dogs that did not receive therapy and in dogs that received only allopurinol, unlike the group that received immunochemotherapy that delayed learning in this way during the 360 days of follow-up. Renal dystrophic mineralization was more evident in the groups of dogs that received allopurinol in monotherapy or in immunochemotherapy. The detection of protein in urine as a biomarker of kidney damage was more sensitive by ELISA and had similar results seen in EAS than by the RPC method in the evaluated groups. Dogs without treatment showed increased levels of intoxication and the allopurinol group felt the symptoms only during the period of drug use and immunochemotherapy was able to reduce the levels of dependence in the urine and sustain the low levels during the waiting times for the ELISA test. In the renal histopathology of treated and untreated dogs, alterations, both glomerular and tubulointerstitial, and dogs that were not treated had a greater predominance of tubulointerstitial nephritis and glomerulosclerosis, which can lead to renal disease. Thus, concluding that dogs with leishmaniasis that tend to develop CKD may have nephroprotection when receiving immunochemotherapy with allopurinol associated with immunization with Leish-F2 + SLA-SE.