Abstract:
RESUMO:
Introdução: O aumento da prevalência global da obesidade infantil e
juvenil é um problema de saúde pública de crescente preocupação. Uma
interação complexa entre fatores genéticos não modificáveis e fatores
ambientais modificáveis são sugeridos como a causa da mudança na
composição corporal. Diante disso, a atuação familiar por meio das
práticas alimentares e outras variáveis comportamentais representam
um ponto-chave para o desenvolvimento do excesso de peso. Dessa
forma, o objetivo deste estudo consistiu em verificar a prevalência de
excesso de peso em crianças e adolescentes e analisar fatores
individuais e parentais associados. Metodologia: Estudo de corte
transversal com dados do “Inquérito de Saúde de Base Populacional nos
municípios de Teresina e Picos (PI) – ISAD/PI”, realizado por meio de
visitas em domicílios, no período de setembro de 2018 a fevereiro de
2020. Participaram 507 indivíduos de 2 a 19 anos de idade. Foram
incluídos dados demográficos e socioeconômicos das crianças e
adolescentes: sexo, idade, cor da pele autorreferida, composição
familiar e renda familiar. Também se avaliou a atividade física e aferiu se medidas antropométricas de peso e altura. Foram considerados os
seguintes dados dos respectivos pais de cada criança e adolescente:
sexo, idade, cor da pele autorreferida, escolaridade, trabalho, situação
conjugal, situação domiciliar, consumo de bebida alcoólica, tabagismo
e atividade física. A aferição das medidas antropométricas de peso e
altura dos pais também foi realizada, além da aferição da circunferência
da cintura (CC). Calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC) e
classificou-se segundo as recomendações para cada faixa etária; e
estimou-se o risco cardiometabólico a partir da CC. Para a análise
estatística foi utilizado o programa Stata (for Windows ® versão 13.0).
Realizaram-se os testes Qui-quadrado de Pearson, Regressão de
Poisson e Análise Multivariada. Foi adotado o nível de significância de 5%, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa, sob nº 84527418.7.0000.5214.
Resultados: Participaram do estudo 507 indivíduos, sendo 207
(40,83%) crianças e 300 (59,17%) adolescentes, com média (desvio padrão) de idade igual a 10,6 anos (±5,1 anos) e mediana (intervalo
interquartil) igual a 11 anos (6-15), dos quais, a maioria era do sexo
feminino, parda, com renda familiar entre 1 e 2 salários-mínimos, que
residiam apenas com a mãe biológica e que praticavam algum tipo de
atividade física. A prevalência de excesso de peso foi 25,05%, sendo
mais frequente nos adolescentes (26,7%) do que nas crianças (22,7%).
As variáveis associadas ao excesso de peso na análise ajustada por sexo
e idade foram a faixa etária paterna, a renda familiar, trabalho,
escolaridade e estado nutricional maternos e risco cardiometabólico
materno e paterno. Por meio da análise multivariada, verificou-se que
somente a renda familiar apresentou-se associada ao excesso de peso
das crianças e adolescentes (p<0,05). Conclusão: Este estudo mostrou
prevalência elevada de excesso de peso em crianças e adolescentes,
sendo a renda familiar o fator de maior influência no sobrepeso e
obesidade infantil e juvenil.
ABSTRACT:
Introduction: The increase in the global prevalence of childhood and
youth obesity is a public health problem of growing concern. A
complex interaction between non-modifiable genetic factors and
modifiable environmental factors is suggested as the cause of the
change in body composition. In view of this, family action through
dietary practices and other behavioral variables represent a key point
for the development of overweight. Thus, the objective of this study
was to verify the prevalence of overweight in children and adolescents
and to analyze associated individual and parental factors.
Methodology: Cross-sectional study with data from the “Population Based Health Survey in the municipalities of Teresina and Picos (PI) –
ISAD/PI”, carried out through home visits, from September 2018 to
February 2020. A total of 507 individuals aged 2 to 19 years
participated. Demographic and socioeconomic data of children and
adolescents were included: sex, age, self-reported skin color, family
composition and family income. Physical activity was also evaluated
and anthropometric measurements of weight and height were measured.
The following data from the respective parents of each child and
adolescent were considered: sex, age, self-reported skin color,
education, work, marital status, household status, consumption of
alcohol, smoking and physical activity. Anthropometric measurements
of the parents' weight and height were also measured, in addition to the
measurement of waist circumference (WC). The Body Mass Index
(BMI) was calculated and classified according to the recommendations
for each age group; and the cardiometabolic risk was estimated from
the WC. For the statistical analysis, the Stata program (for Windows ®
version 13.0) was used. Pearson's Chi-square, Poisson Regression and
Multivariate Analysis tests were performed. A significance level of 5%
was adopted, with a confidence interval of 95%. The research was approved by the Research Ethics Committee, under number
84527418.7.0000.5214. Results: A total of 507 individuals participated
in the study, 207 (40.83%) children and 300 (59.17%) adolescents, with
a mean (standard deviation) age of 10.6 years (±5.1 years) and median
(interquartile range) equal to 11 years (6-15), of which the majority
were female, brown, with family income between 1 and 2 minimum
wages, who lived only with their biological mother and who practiced
some type of of physical activity. The prevalence of overweight was
25.05%, being more frequent in adolescents (26.7%) than in children
(22.7%). The variables associated with excess weight in the analysis
adjusted for sex and age were paternal age group, family income, work,
maternal education and nutritional status, and maternal and paternal
cardiometabolic risk. Through multivariate analysis, it was found that
only family income was associated with overweight in children and
adolescents (p<0.05). Conclusion: This study showed a high
prevalence of overweight in children and adolescents, with family
income being the most influential factor in childhood and youth
overweight and obesity.