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RESUMO: Introdução: A obesidade geral é um problema de saúde pública que tem relação direta com as doenças crônicas. Já a obesidade abdominal desempenha um papel mais preponderante no surgimento de tais morbidades. A dieta é um dos determinantes da composição corporal e identificação de padrões alimentares é uma alternativa para explicar o impacto da alimentação sobre o estado nutricional e saúde dos indivíduos. Objetivo: Verificar a associação de padrões alimentares com excesso de peso e marcador de gordura abdominal em adultos e idosos de um estudo de base populacional. Métodos: Estudo transversal de base populacional e domiciliar realizado com 1.574 indivíduos com idade ≥ a 20 anos, de ambos os sexos, residentes em Teresina e Picos, Piauí, Brasil. Dados demográficos, socioeconômicos, de estilo de vida, de consumo alimentar, bem como dados antropométricos foram coletados. O Índice de Massa Corporal foi utilizado para categorizar os indivíduos com presença ou ausência de excesso de peso. Já a circunferência da cintura foi utilizada para descrever o risco de complicações metabólicas, sendo os participantes categorizados em CC normal ou aumentada. Os padrões alimentares foram extraídos por Análise de Componentes Principais através de um Questionário de Frequência Alimentar Qualitativo composto por dez alimentos. A associação entre padrões alimentares e variáveis foi testada por meio de análise de regressão logística. As variáveis de ajuste do modelo múltiplo foram idade, gênero, escolaridade, cor da pele, situação conjugal, hábito de fumar, prática de atividade física e tempo de tela. Foi adotado nível de significância de 5% e intervalos de confiança de 95%. O protocolo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí. Resultados: O padrão “Saudável” se caracterizou pelas variáveis com carga fatorial positiva para salada crua, salada cozida, peixes, suco de frutas (in natura), frutas e leite, e carga fatorial negativa para refrigerante/suco artificial e bebidas alcoólicas. Destacaram-se no padrão “Carnes Brancas” frangos e peixes, e refrigerante/suco artificial, alimentos doces e carne vermelha com carga negativa. O padrão “Não Saudável” se caracterizou pelas variáveis com carga fatorial positiva para refrigerante/suco artificial, alimentos doces, carne vermelha e bebidas alcoólicas, e carga
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negativa para feijão, salada crua, frutas e leite. Participantes que aderiram ao padrão “Carnes Brancas” tiveram 1,25 vezes (IC95%: 1,11-1,39) mais chances de ter excesso de peso e 1,19 vezes (IC95%: 1,06-1,34) mais chances de ter circunferência da cintura aumentada. Quanto ao padrão “Saudável”, os avaliados que o aderiram tiveram 1,15 vezes (IC95%: 1,02-1,2) mais chances de ter excesso de peso. Já os indivíduos que aderiram ao padrão “Não Saudável” não demonstraram associação significativa com nenhum dos desfechos. Tal fato pode ser justificado pela causalidade reversa. Conclusão: Identificou-se três padrões alimentares. Participantes com excesso de peso e com a circunferência da cintura aumentada consumiam com maior frequência padrões alimentares caracterizados por alimentos considerados marcadores de uma alimentação saudável, indicando uma possível mudança de hábitos alimentares em decorrência do excesso de peso.
ABSTRACT: Introduction: General obesity is a public health problem that is directly related to chronic diseases. On the other hand, abdominal obesity plays a more predominant role in the emergence of such morbidities. Diet is one of the determinants of body composition and identification of eating patterns is an alternative to explain the impact of food on the nutritional status and health of individuals. Objective: To verify the association of dietary patterns with overweight and abdominal fat marker in adults and the elderly in a population-based study. Methods: Cross-sectional population-based and household study carried out with 1,574 individuals aged ≥ 20 years, of both sexes, living in Teresina and Picos, Piauí, Brazil. Demographic, socioeconomic, lifestyle, food consumption, as well as anthropometric data were collected. The Body Mass Index was used to categorize individuals with or without excess weight. Waist circumference was used to describe the risk of metabolic complications, with participants categorized as normal or increased WC. Food patterns were extracted by Principal Component Analysis through a Qualitative Food Frequency Questionnaire composed of ten foods. The association between dietary patterns and variables was tested using logistic regression analysis. The multiple model adjustment variables were age, gender, education, skin color, marital status, smoking habit, physical activity and screen time. A significance level of 5% and confidence intervals of 95% were adopted. The protocol was approved by the Ethics Committee of the Federal University of Piauí. Results: The “Healthy” pattern was characterized by variables with positive factor loading for raw salad, cooked salad, fish, fruit juice (in natura), fruit and milk, and negative factor loading for soft drinks/artificial juice and alcoholic beverages. In the “White Meat” pattern, chicken and fish, and soda/artificial juice, sweet foods and red meat with a negative charge stood out. The “Unhealthy” pattern was characterized by variables with a positive factor loading for soft drinks/artificial juice, sweet foods, red meat and alcoholic beverages, and a negative factor loading for beans, raw salad, fruits and milk. Participants who adhered to the “White Meat” standard were 1.25 times (95%CI: 1.11-1.39) more likely to be overweight and 1.19 times
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more likely (95%CI: 1.06-1.34) more likely to have increased waist circumference. As for the “Healthy” standard, those evaluated who adhered to it were 1.15 times more likely (95%CI: 1.02-1.2) to be overweight. Individuals who adhered to the “Unhealthy” pattern showed no significant association with any of the outcomes. This fact can be justified by reverse causality. Conclusion: Three dietary patterns were identified. Overweight participants with increased waist circumference consumed more frequently eating patterns characterized by foods considered markers of a healthy diet, indicating a possible change in eating habits as a result of being overweight.