Abstract:
RESUMO: A violência é um problema mundial de saúde pública, com sérias
consequências individuais e sociais. Em contexto escolar, pode-se citar o bullying
como um tipo de violência que ocasiona impactos negativos à vida dos envolvidos,
como: evasão, depressão, suicídio. Diversas pesquisas tem explorado a vitimização
por bullying, no entanto, existe uma escassez de estudos brasileiros que buscam
compreender o bullying por meio da triangulação de métodos. Objetivo: Analisar a
vitimização por bullying em adolescentes no contexto escolar. Métodos: Estudo de
abordagem quantitativa e qualitativa, baseado na triangulação metodológica
sequencial, com delineamento transversal. Na abordagem quantitativa contou-se
com uma amostra de conveniência de 196 adolescentes escolares do ensino
fundamental e médio de José de Freitas-PI, que responderam a Escala Califórnia de
Vitimização do Bullying (ECVB) e questões sociodemográficas. Na abordagem
qualitativa participaram nove adolescentes escolares que pontuaram mais alto na
ECVB, estes responderam entrevista semiestruturada com perguntas sobre a
compreensão e experiências em relação ao bullying. Os dados quantitativos foram
analisados por meio do software IBM Statistical Package for the Social Sciences
versão 20.0, que permitiu calcular estatísticas descritivas, teste U de Mann-Whitney,
correlação de Spearman e ANOVA unifatorial. Os dados qualitativos foram
interpretados com base na análise de conteúdo de Bardin. Resultados: Os
estudantes apresentaram idade média de 12,5 anos (DP=2,08; amplitude de 10 a
18), predominantemente do sexo feminino (65,3%), autodeclarados pardos (58,7%)
e que pertencem à classe média (70,9%). A maioria (62,6%) declarou sentir-se bem
no ambiente escolar, possuir conhecimento sobre o bullying (90,8%) e (55,1%) já
passaram por situações de vitimização por bullying. Os dados revelaram que a
vitimização por bullying não difere (U = 3842, p = 0,20) entre participantes do sexo
masculino (M = 0,78) e feminino (M = 0,89); não existiu relação entre idade e
vitimização por bullying (rs = -0,05, p = 0,26); a raça não apresentou qualquer
influência na vitimização por bullying [F(4,191) = 2,13, p = 0,07]. Os dados
qualitativos mostraram que o bullying verbal, foi a experiência de vitimização mais
apontada pelos escolares. As vítimas tendem a enxergar os agressores como
alguém tipicamente popular e com comportamentos bastante negativo na escola. Os
impactos relatados pelas vítimas foram: vergonha, isolamento, chateação, tristeza e
problemas psicológicos. Os pais desconheceram que seus filhos podem ser vítimas
de bullying. As principais formas de enfretamento ao bullying incluíram busca por
suporte social, retraimento, resignação e negação. As escolas que trabalham a
temática do bullying de forma contínua apresentam melhores resultados no
enfrentamento deste fenômeno. Conclusões: Neste cenário, verificou-se alta
prevalência de vitimização por bullying na amostra pesquisada, não diferindo entre
sexos, nem idade. Os dados revelados nesse estudo, poderá ser útil para gestores,
profissionais da educação, saúde e assistência social, uma vez que fornece
informações que possam subsidiar ferramentas eficazes de enfrentamento ao
bullying no contexto escolar. Atesta-se a necessidade de novos estudos enfocando
como os fatores escolares estão relacionados com a prevalência de vitimização por
bullying.
ABSTRACT: Violence is a worldwide public health problem, with serious individual
and social consequences. In the school context, bullying can be cited as a type of
violence, which causes negative impacts on the lives of those involved, such as:
evasion, depression, suicide. Several studies have explored victimization by bullying,
however, there is a lack of brasilian studies aiming to understand bullying through the
triangulation of methods. Objective: To analyze peer violence in the school context
in relation to victimization behaviors by bullying in adolescents. Methods: Study of a
quantitative and qualitative approach, based on sequential methodological
triangulation, with a cross-sectional design. The quantitative approach counted on a
convenience sample of 196 elementary and high school adolescent students from
José de Freitas-PI, who answered to the California Bullying Victimization Scale
(ECBV) and sociodemographic questions. In the qualitative approach participated
nine school teenagers who scored higher on the ECVB, they answered a semistructured
interview with questions about comprehension and experiences in relation
to bullying. Quantitative data were analyzed using the IBM Statistical Package for the
Social Sciences software version 20.0, which allowed to calculate the descriptive
statistics, Mann-Whitney U test, Spearman correlation and single-factor ANOVA. Is
qualitative data were interpreted based on Bardin's content analysis. Results: The
students had an average age of 12.5 years (SD = 2.08; range from 10 to 18),
predominantly female (65.3%), self-declared browns (58.7%) and belonging to the
middle class (70.9%). The majority (62.6%) reported feeling good in the school
environment, having knowledge about bullying (90.8%) and (55.1%) have already
experienced situations of victimization by bullying. The data revealed that
victimization by bullying does not differ (U = 3842, p = 0.20) between male (M = 0.78)
and female (M = 0.89) participants; there is no relationship between age and
victimization by bullying (rs = -0.05, p = 0.26); the race has no influence on it as well
[F (4,191) = 2.13, p = 0.07]. Qualitative data showed that verbal bullying was the
victimization experience most pointed out by students. Victims tend to see
aggressors as someone typically popular and with very negative behaviors at school.
The impacts reported by the victims are: shame, isolation, annoyance, sadness and
psychological problems. Parents are unaware their children are victims of bullying.
The main forms of coping with bullying included, seeking social support, diffidence,
resignation and denial. Schools that work on the theme of bullying continuously show
better results in facing this phenomenon. Conclusions: In this scenario, there was a
high prevalence of victimization by bullying in the surveyed sample, with no
difference between sexes or age. The data revealed in this study, may be useful for
managers, professionals in education, health and social assistance, since it provides
information that can support effective tools to deal with bullying in the school context.
There is a need for further studies focusing on how school factors are related to the
prevalence of bullying.