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RESUMO: A implantação de uma usina eólica pode gerar, de forma direta e indireta, impactos sobre a fauna, em especial sobre as aves. Objetivou-se levantar os impactos decorrentes da operação de parques eólicos na região dos Pequenos Lençóis Maranhenses (PLM) sobre a avifauna e a influência desses sobre o ecoturismo de observação de aves nos municípios de Paulino Neves e Barreirinhas (MA). Foram realizadas 14 amostragens trimestrais no período de agosto de 2017 a dezembro de 2020, num total de 350 horas de observação. O registro da avifauna ocorreu por meio de 12 pontos de escuta (P1-P12) e três áreas controle (AC1-AC3). Foram armadas 20 redes de neblina (mist nets) de 2,5m x 3mm x 12m, permanecendo abertas entre 4:00 e 8:00 horas e entre 16:00 e 20:00 horas, durante cinco dias consecutivos por campanha, num total de 3.200 horas/rede, vistoriadas a cada 20 minutos. Foram aplicados critérios quanto ao risco de colisão para cada espécie registrada e estabelecidos valores binários, zero (0) ou um (1), para as variáveis estudadas. Desta forma, as aves registradas receberam um escore com base no somatório dos pontos. Além disso, foi realizado estudo de percepção sobre impactos de parque eólicos nas populações dos guarás, com condutores de turistas da região, no período de maio a julho de 2019, com a utilização de entrevistas semiestruturadas com 35 condutores. Foram registrados 47.322 contatos com indivíduos pertencentes a 77 espécies de aves nas áreas amostradas, distribuídas em 29 famílias e 15 ordens, e capturados 205 indivíduos, pertencentes a 10 espécies. O maior número de espécies foi registrado nos pontos internos (P1-P12) do complexo eólico (n = 61), seguidos de AC2 (n = 54), AC1 (n = 36) e AC3 (n = 19). A maioria das categorias tróficas mostra um mesmo padrão de influência na composição da avifauna, tanto para os pontos internos do complexo como para áreas controle. Para os tipos de lagoas, os padrões de influência diferem em termos de contribuição, pois as aves que se alimentam de invertebrados aquáticos (invaq) e onívoras (oni) obtiveram maior relação com lagoas do tipo permanente, ao passo que os insetívoros (ins) apresentaram maior relação com lagoas do tipo temporárias. Das espécies registradas, 44% estão na categoria de alto risco de colisão com aerogeradores (score 5-6), seguidas por 40% com médio risco (score 3-4), 13% com baixo risco (score 1-2) e 3% que não apresentaram algum tipo de risco (escore = 0). Conforme 46% dos condutores, a instalação e operação dos parques eólicos não causaram impactos negativos nos guarás, contudo, 23% relataram que é o soterramento de lagoas um dos principais problemas gerados pelo empreendimento. Foram informados 13 atrativos turísticos com potencial para observação da espécie, sendo a mais citada a Lagoa do Alazão (n =27), seguida da localidade Caburé (n = 25) e Praia da Assembleia (n = 13). Apesar da descaracterização do ambiente natural para a instalação de um complexo eólico na região dos Pequenos Lençóis Maranhenses, uma rica avifauna ainda pode ser observada na área de estudo. Não houve diferença de riqueza de aves estimadas entre os pontos internos do complexo eólico e áreas controle. Quanto aos critérios de risco à colisão, percebeu-se que a maioria das espécies mais vulneráveis pertence às famílias Scolopacidae, Anatidae, Ardeidae, Accipitridae, Cathartidae e Falconidae. Nesse sentido, as populações identificadas com maior vulnerabilidade devem ser foco de futuros estudos de monitoramento na região do complexo eólico.Vale ressaltar que a maioria dos condutores não percebe impactos negativos dos parques eólicos sobre os guarás, além disso, demonstraram conhecer a importância, o comportamento e sua distribuição desta espécie na região.
ABSTRACT: A implantação de uma usina eólica pode gerar, de forma direta e indireta, impactos sobre a fauna, em especial sobre as aves. Objetivou-se levantar os impactos decorrentes da operação de parques eólicos na região dos Pequenos Lençóis Maranhenses (PLM) sobre a avifauna e a influência desses sobre o ecoturismo de observação de aves nos municípios de Paulino Neves e Barreirinhas (MA). Foram realizadas 14 amostragens trimestrais no período de agosto de 2017 a dezembro de 2020, num total de 350 horas de observação. O registro da avifauna ocorreu por meio de 12 pontos de escuta (P1-P12) e três áreas controle (AC1-AC3). Foram armadas 20 redes de neblina (mist nets) de 2,5m x 3mm x 12m, permanecendo abertas entre 4:00 e 8:00 horas e entre 16:00 e 20:00 horas, durante cinco dias consecutivos por campanha, num total de 3.200 horas/rede, vistoriadas a cada 20 minutos. Foram aplicados critérios quanto ao risco de colisão para cada espécie registrada e estabelecidos valores binários, zero (0) ou um (1), para as variáveis estudadas. Desta forma, as aves registradas receberam um escore com base no somatório dos pontos. Além disso, foi realizado estudo de percepção sobre impactos de parque eólicos nas populações dos guarás, com condutores de turistas da região, no período de maio a julho de 2019, com a utilização de entrevistas semiestruturadas com 35 condutores. Foram registrados 47.322 contatos com indivíduos pertencentes a 77 espécies de aves nas áreas amostradas, distribuídas em 29 famílias e 15 ordens, e capturados 205 indivíduos, pertencentes a 10 espécies. O maior número de espécies foi registrado nos pontos internos (P1-P12) do complexo eólico (n = 61), seguidos de AC2 (n = 54), AC1 (n = 36) e AC3 (n = 19). A maioria das categorias tróficas mostra um mesmo padrão de influência na composição da avifauna, tanto para os pontos internos do complexo como para áreas controle. Para os tipos de lagoas, os padrões de influência diferem em termos de contribuição, pois as aves que se alimentam de invertebrados aquáticos (invaq) e onívoras (oni) obtiveram maior relação com lagoas do tipo permanente, ao passo que os insetívoros (ins) apresentaram maior relação com lagoas do tipo temporárias. Das espécies registradas, 44% estão na categoria de alto risco de colisão com aerogeradores (score 5-6), seguidas por 40% com médio risco (score 3-4), 13% com baixo risco (score 1-2) e 3% que não apresentaram algum tipo de risco (escore = 0). Conforme 46% dos condutores, a instalação e operação dos parques eólicos não causaram impactos negativos nos guarás, contudo, 23% relataram que é o soterramento de lagoas um dos principais problemas gerados pelo empreendimento. Foram informados 13 atrativos turísticos com potencial para observação da espécie, sendo a mais citada a Lagoa do Alazão (n =27), seguida da localidade Caburé (n = 25) e Praia da Assembleia (n = 13). Apesar da descaracterização do ambiente natural para a instalação de um complexo eólico na região dos Pequenos Lençóis Maranhenses, uma rica avifauna ainda pode ser observada na área de estudo. Não houve diferença de riqueza de aves estimadas entre os pontos internos do complexo eólico e áreas controle. Quanto aos critérios de risco à colisão, percebeu-se que a maioria das espécies mais vulneráveis pertence às famílias Scolopacidae, Anatidae, Ardeidae, Accipitridae, Cathartidae e Falconidae. Nesse sentido, as populações identificadas com maior vulnerabilidade devem ser foco de futuros estudos de monitoramento na região do complexo eólico.Vale ressaltar que a maioria dos condutores não percebe impactos negativos dos parques eólicos sobre os guarás, além disso, demonstraram conhecer a importância, o comportamento e sua distribuição desta espécie na região. |
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