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RESUMO: Apresento nesta tese de doutorado uma pesquisa que investiga os desdobramentos teóricos e metodológicos que fundamentam a operação do conceito de epigênese poética ou poesia como epigênese. Exploro os modos de experiências e instâncias poéticas na obra A província deserta, publicada primeiramente em 1974, pelo escritor piauiense Hindemburgo Dobal (1927-2008), conhecido popularmente como H. Dobal. Partindo de circunstâncias acadêmicas, pessoais, profissionais e sociais, o desenvolvimento deste estudo contribui para a fortuna crítica da obra de H. Dobal e propõe uma perspectiva de leitura da poesia como epigênese poética. A operação teórica e metodológica desta pesquisa considera o estudo bibliográfico do conceito de epigênese no contexto das ciências biológicas para propor sua ressignificação no campo da literatura, especificamente na poesia. Deste modo, as discussões teóricas são baseadas principalmente nas contribuições filosóficas e semióticas de C. Peirce (CP 1935-1958, 8 vols.) em diálogo com reflexões sobre arte, epigênese, literatura e percepção, tal como proposto por A. Cechinel (2011, 2007), A. Noë (2012, 2004), H. Bloom (2007), H. Gumbrecht (2014), J. Robert (2004), R. Arnheim (2018), e sobre a fortuna crítica dobalina, tal como discutida por A. Aragão (2013), D. Araújo (2011), H. Silva (2005), J. Eugênio (2007b), S. Santos (2015), W. Lima (2005) e outros. A análise da poesia de H. Dobal organiza-se em quatro capítulos com três tópicos cada e considera os aspectos qualitativos e quantitativos concernentes à operação da epigênese poética no âmbito do autor, da fortuna crítica e das instâncias de linguagem e mundo que constituem a obra. No primeiro capítulo, contextualizo o conceito de epigênese nas ciências biológicas e na literatura para apresentar a organização da epigênese poética, que se divide nos modos genuíno e degenerado através de experiências obsígnicas de corpo-experiência, mente-experiência, experiência-corpo e experiência-mente. No segundo capítulo, exploro a epigênese poética no eixo da autoria, que se organiza nos modos de autor-pessoa e autor-obsigno. No terceiro capítulo, examino a epigênese poética no âmbito da fortuna crítica nos períodos pré-2000 e pós-2000. A fortuna crítica ocorre nos modos de leitor-pessoa e leitor-obsigno. Por fim, no quarto capítulo analiso a epigênese poética na obra A província deserta a partir das instâncias de percepção. Com base nas discussões e nas análises desenvolvidas neste estudo, observo que a epigênese poética da obra de H. Dobal fundamenta-se na flutuância dos obsignos que constituem por semiose, intersemiose e transemiose as experiências obsígnicas do autor-pessoa-obsigno. O esfacelamento das experiências obsígnicas no corpo-experiência e na mente-experiência se torna a metáfora basilar na epigênese poética de Dobal-obsigno, tornando-o em Dobal-epigênico. As tensões e os conflitos na iconização dos instantes são a força motriz da flutuância dos obsignos numa extensão espaço-temporal em esfacelamento.
ABSTRACT: In this doctoral dissertation, I research the theoretical and methodological implications that support the operationalization of the concept of poetic epigenesis or poetry as epigenesis. I focus on the modes of experiences and poetic instances in the work A Província Deserta, first published in 1974, by the Piauian writer Hindemburgo Dobal (1927-2008), popularly known as H. Dobal. Based on academic, personal, professional, and social circumstances, the development of this study contributes to the critical fortune featured in H. Dobal’s work and builds a perspective on poetry reading as a poetic epigenesis. The theoretical and methodological construction of this research considers a bibliographic study of the concept of epigenesis in the context of biological sciences to propose its resignification in the field of literature, especially in poetry. In this way, the theoretical discussions are mainly based on the philosophical and semiotic contributions of C. Peirce (CP 1935-1958, 8 vols.) in dialogue with reflections on art, epigenesis, literature, and perception, as proposed by A. Cechinel (2011, 2007), A. Noë (2012, 2004), H. Bloom (2007), H. Gumbrecht (2014), J. Robert (2004), R. Arnheim (2018), and on the Dobalian critical fortune, as discussed by A. Aragão (2013), D. Araújo (2011), H. Silva (2005), J. Eugênio (2007b), S. Santos (2015), W. Lima (2005), and others. The analysis of H. Dobal's poetry is organized into four chapters with three subheadings each, and considers the qualitative and quantitative aspects concerning the operationalization of poetic epigenesis regarding the author, critical fortune, and the instances of language and world constituting the work. In the first chapter, I contextualize the concept of epigenesis within the scope of biological sciences and literature to present the organization of poetic epigenesis, which is divided into the genuine and degenerate modes through obsign experiences of experience-body, experience-mind, body-experience, and mind-experience. In the second chapter, I explore poetic epigenesis via authorship, which is organized into the person-author and obsign-author modes. In the third chapter, I examine poetic epigenesis in the context of pre-2000 and post-2000 Dobalian critical fortune. The critical fortune occurs through the person-reader and obsign-reader modes. Finally, in the fourth chapter I analyze poetic epigenesis in the work A Província Deserta based on instances of perception. According to the discussions and analyses developed in this study, I observe that the poetic epigenesis of H. Dobal’s work is determined by floating obsigns that constitute the obsign experiences of the obsign-person-author mode through the process of semiosis, intersemiosis, and transemiosis. The disintegration of obsign experiences in the experience-body and experience-mind becomes the root metaphor in the poetic epigenesis of obsign-Dobal, turning him into epigenic-Dobal. The tensions and conflicts in the iconization of instants are the driving force of obsign floating in the disintegrating expansion of space and time.
RESUMEN: Presento en esta tesis doctoral una investigación que indaga en los desarrollos teóricos y metodológicos que subyacen en el funcionamiento del concepto de epigénesis poética o poesía como epigénesis. Exploro los modos de experiencias e instancias poéticas en la obra A província deserta, publicada por primera vez en 1974, del escritor piauiense Hindenburg Dobal (1927-2008), conocido popularmente como H. Dobal. Partiendo de circunstancias académicas, personales, profesionales y sociales, el desarrollo de este estudio contribuye a la fortuna crítica de la obra de H. Dobal y propone una perspectiva de lectura de poesía como epigénesis poética. El funcionamiento teórico y metodológico de esta investigación considera el estudio bibliográfico del concepto de epigénesis en el contexto de las ciencias biológicas para proponer su resignificación en el campo de la literatura, específicamente en la poesía. De esta manera, las discusiones teóricas se basan principalmente en los aportes filosóficos y semióticos de C. Peirce (CP 1935-1958, 8 vols.) en diálogo con reflexiones sobre arte, epigénesis, literatura y percepción, como propone A. Cechinel (2011, 2007), A. Noë (2012, 2004), H. Bloom (2007), H. Gumbrecht (2014), J. Robert (2004), R. Arnheim (2018), y sobre la fortuna crítica dobalina, tal como discutida por A. Aragão (2013), D. Araújo (2011), H. Silva (2005), J. Eugênio (2007b), S. Santos (2015), W. Lima (2005) y otros autores. El análisis de la poesía de H. Dobal se organiza en cuatro capítulos con tres temas cada uno y considera los aspectos cualitativos y cuantitativos concernientes al funcionamiento de la epigénesis poética en el ámbito del autor, la fortuna crítica y las instancias de lenguaje y mundo que constituyen la obra. En el primer capítulo, contextualizo el concepto de epigénesis en las ciencias biológicas y en la literatura para presentar la organización de la epigénesis poética, la cual se divide en modos genuinos y degenerados a través de experiencias obsígnicas de cuerpo-experiencia, mente-experiencia, experiencia-cuerpo y experiencia-mente. En el segundo capítulo exploro la epigénesis poética en el eje de la autoría, que se organiza en los modos autor-persona y autor-obsigno. En el tercer capítulo, examino la epigénesis poética en el contexto de la fortuna crítica en los períodos anterior y posterior al 2000. La fortuna crítica se da en los modos lector-persona y lector-obsigno. Finalmente, en el cuarto capítulo analizo la epigénesis poética en la obra A província deserta desde las instancias de percepción. A partir de las discusiones y análisis desarrollados en este estudio, observo que la epigénesis poética de la obra de H. Dobal se fundamenta en la fluctuación de los obsignos que constituyen, a través de la semiosis, la intersemiosis y la transemiosis, las experiencias obsígnicas del autor-persona-obsigno. El desmoronamiento de las experiencias obsígnicas en el cuerpo-experiencia y en la mente-experiencia se convierte en la metáfora básica de la epigénesis poética del Dobal-obsigno, convirtiéndolo en Dobal-epigénico. Las tensiones y los conflictos en la iconización de los momentos son el motor de la flotación de los obsignos en una extensión espacio-temporal en desintegración. |
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