Abstract:
RESUMO:Os estudos literários, por muito tempo, foram um espaço de exclusão ocupado
por escritores que fazem parte do modelo da alta literatura. As vozes dos
marginalizados são ouvidas com incômodo, pois mostram a realidade rejeitada
pela sociedade letrada. A escrita literária deles visa acabar com o silêncio no
qual foram colocados. Tais autores passaram a fazer uso da literatura para
externar a repulsa perante a situação dos moradores da periferia. Os excluídos
deixam o campo da representação e do silêncio, passando a ter voz na
narrativa literária. Voz esta que, antes suprimida, passa a acessar a fala por
meio do discurso literário. Com isso, percebe-se que o autor marginal é uma
testemunha das experiências transportadas para o texto, um espectador da
árdua sobrevivência nas periferias das grandes cidades. Os textos de
escritores marginalizados começaram a fazer parte deste meio disputado pela
Alta Literatura. O espaço citadino passou do elemento externo para o interno,
ou seja, um elemento social dentro da obra, podendo agir para a degradação
ou levantamento do sujeito. Este trabalho tem o objetivo de analisar a violência
social representada na obra Manual prático do ódio (2014), de Ferréz a partir
desta análise, a pesquisa visa discutir o espaço social da obra. Para atingir o
objetivo proposto, a presente pesquisa toma como pressupostos teóricos
Dalcastagné (2008) e Schollhammer (2000;2008), que subsidiam o debate
sobre a manifestação da violência e sua relevância nas narrativas; Brandão
(2011;2013), que apoia a discussão sobre o espaço ficcional; Ferréz (2005),
que provoca, através das publicações de autores da marginalidade, um
inquietamente entre os leitores. Por meio de pesquisa bibliográfica, com
abordagem analítico-qualitativa, observou-se também que esta representação
se confirma nas vozes dos personagens em seu confronto com a imposição de
manter-se à margem da sociedade. Como resultado desta pesquisa, Ferréz
aponta como o espaço influencia as personagens, uma vez que, no momento
em que o lugar do qual ele fala desloca os valores que elas compartilham. Além
disso, percebe-se que os marginalizados denunciam as dificuldades que
vivenciam através de suas produções sem a preocupação de passarem pelo
crivo da impositiva norma culta. Isso posto, vê-se que os estudos relacionados
ao sujeito subalterno têm na sua voz o meio libertador a partir da consciência
de autonomia de cada indivíduo. Finalmente, percebe-se que os diversos
momentos dos escritores desta pesquisa definem a concepção da violência
como meio de sobrevivência no contexto social em que Manual Prático do ódio
está inserida.
ABSTRACT:Literary studies, for a long time, were a space of exclusion occupied by writers
who are part of the model of high literature. The voices of the marginalized are
heard with discomfort, as they show the reality rejected by the literate society.
Their literary writing aims to end the silence in which they were placed. These
authors began to make use of the literature to express the repulsion in the face
of the situation of the inhabitants of the periphery. The excluded leave the field
of representation and silence, having a voice in the literary narrative. Voice is
that, before suppressed, it comes to access the speech through the literary
discourse. With this, it is perceived that the marginal author is a witness of the
experiences transported to the text, a spectator of the arduous survival in the
peripheries of the big cities. The texts of marginalized writers began to be part
of this medium disputed by the High Literature. The urban space moved from
the external element to the internal, that is, a social element within the work,
and can act for the degradation or lifting of the subject. This work aims to
analyze the social violence represented in Ferréz 's Practical Handbook of Hate
(2014), based on this analysis, the research aims to discuss the social space of
the work. In order to achieve the proposed objective, the present research takes
as theoretical presuppositions Dalcastagné (2008) and Schollhammer (2000;
2008), which subsidize the debate about the manifestation of violence and its
relevance in the narratives; Brandão (2011; 2013), which supports the
discussion about fictional space; Ferréz (2005), which causes, through the
publications of authors of the marginality, an uneasy among the readers.
Through a bibliographical research, with an analytic-qualitative approach, it was
also observed that this representation is confirmed in the voices of the
characters in their confrontation with the imposition of remaining on the margins
of society. As a result of this research, Ferréz points out how space influences
the characters, since, at the moment when the place from which it speaks, it
displaces the values they share. In addition, it is perceived that the marginalized
denounce the difficulties they experience through their productions without the
concern of passing through the sieve of the imposing cultured norm. This fact, it
is seen that the studies related to the subaltern subject have in their voice the
liberating means from the consciousness of autonomy of each individual.
Finally, it is noticed that the different moments of the writers of this research
define the conception of violence as a means of survival in the social context in
which Practical Handbook of hate is inserted.