Abstract:
RESUMO:Desde suas primeiras publicações no início do século XX, as revistas femininas brasileiras
ajudam a legitimar e a disseminar representações sociais, estereótipos, padrões culturais e de
comportamento sobre o feminino e reforçam crenças de como deve ser a relação entre a mulher
e seu corpo, com o relacionamento amoroso, com os filhos e até mesmo com o trabalho. As
revistas femininas também têm acompanhado as mudanças socioculturais e políticas que
influenciaram e modificaram o estilo de vida das mulheres e o que se entende como feminino.
Neste sentido, o objetivo principal dessa dissertação é analisar como as capas da Trip Para
Mulher (TPM) reproduzem perfis identitários sobre o feminino, uma vez que, desde que foi
lançado em 2001, o periódico tem a proposta de ir na contramão das demais publicações do
gênero e apresentar as diversas representações identitárias femininas, sobretudo fora dos
padrões já padronizados e normatizados. Como estratégia metodológica, foi feito o uso da
Análise de Conteúdo Categorial (BARDIN, 2016) de 58 capas da revista, referentes aos meses
de maio e setembro dos anos de 2001 a 2016, e de todas as edições lançadas nos anos de 2017
e 2018, tendo como base o fato de a publicação ter passado por uma mudança editorial em 2017,
que modificou tanto a sua periodicidade quanto o seu conteúdo editorial. Para perceber como a
construção social do feminino vai se alterando ao longo dos tempos, esta dissertação se vale
dos estudos sobre os conceitos relativos a identidade de gênero e também das ações e lutas dos
movimentos feministas, tendo em vista as mudanças e conquistas que estes possibilitaram para
a vida das mulheres e em relação às concepções das identidades femininas e da ampliação de
seu estilo de vida. Realizamos também um breve panorama histórico das principais publicações
destinadas para mulheres no Brasil para compreender como estas revistas difundiram e
reafirmaram os conceitos relativos ao feminino em suas páginas para, então, entender como a
TPM se diferencia ou não destes periódicos no que concerne às representações das identidades
femininas. Para isso, foram analisadas as chamadas de capa da referida revista, assim como as
imagens (fotografias ou ilustrações), que nos possibilitaram a identificação de categorias
relacionadas diretamente aos papéis sociais e estilos de vida das mulheres. Com isso, pudemos
constatar que a TPM cumpre apenas em parte sua proposta editorial de representar em suas
páginas uma maior diversidade identitária feminina, em comparação às outras revistas
femininas disponíveis no mercado brasileiro. Visto que mesmo abrindo novas possibilidades de
debate para temáticas como sexo e sexualidade, maternidade e relacionamento amoroso, por
exemplo, a revista continua a apresentar em suas capas imagens de mulheres que pouco fogem
dos padrões normatizados de beleza estética e corporal e ainda traz modelos prêt-à-porter que
reforçam estas características físicas, condutas e estilos de vida. Temáticas relacionadas a uma
orientação sexual fora do binarismo homem x mulher, as questões específicas das mulheres de
raça, etnia e classe social diversas das brancas e de classe média e alta também continuam a não
serem destaque na TPM.
ABSTRACT:Since their first publications in the early twentieth century, Brazilian women's magazines have
helped legitimize and disseminate social representations, stereotypes, cultural and behavioral
patterns about the feminine, and reinforce beliefs about how the relationship between a woman
and her body, love relationship, children and even with work should be. Women's magazines
have also been following the sociocultural and political changes that have influenced and
changed women's lifestyles and what is meant to be feminine. In this sense, the main objective
of this dissertation is to analyze how the covers of Trip Para Mulher (TPM) reproduce identity
profiles about the female, considering that, since it was launched in 2001, the journal has the
proposal to go against the other publications of the genre and present the various representations
of female identities, above all, outside the established standards. As a methodological strategy,
it was used the Categorical Content Analysis (BARDIN, 2016) of 58 magazine covers, referring
to the months of May and September from 2001 to 2016, and all editions released in 2017 and
2018, based on the fact that the publication underwent an editorial change in 2017, which
changed both its periodicity and its editorial content. To understand how the social construction
of the feminine has changed over time, this dissertation draws on studies on the concepts related
to gender identity and also on the actions and struggles of feminist movements, in view of the
changes and achievements they made possible for women's lives and in relation to the
conceptions of female identities and the widening of their lifestyle. We also provide a brief
historical overview of the main publications for women in Brazil to understand how these
magazines disseminated and reaffirmed the concepts related to the feminine in their pages, and
then to understand how TPM differs or not from these journals regarding the representations of
female identities. To this, we analyzed the magazine's cover pages, as well as the images
(photographs or illustrations), which allowed us to identify categories related directly to
women's social roles and lifestyles. With this, we found that TPM only partially complies with
its editorial proposal to represent in its pages a greater female identity diversity compared to
other women’s magazines available in the Brazilian market. Even opening new possibilities for
debate on issues such as sex and gender, sexuality, motherhood, and love relationships, for
example, the magazine continues to feature in its covers images of women who scarcely escape
the established standards of aesthetic and bodily beauty, and also features prêt-à-porter models
that reinforce these physical characteristics, behaviors, and life styles. Issues related to sexual
orientation outside of male-female binary, the specific issues of women of race, ethnicity and
social class other than white and middle and upper classes also remain not highlighted in TPM.