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RESUMO:Lygia Fagundes Telles, em Ciranda de pedra (1954), elabora uma trama que rompe
com os padrões de masculinidades e feminilidades dos anos 1950. Em razão disso,
tem-se como objetivo geral desta dissertação a análise das relações de gênero em
Ciranda de pedra. Com isso, são compreendidas as transgressões das identidades
de gênero, ao se repensar o que é ser mulher e homem durante os anos 50. Em
seguida, são investigadas as inversões dos papéis sociais masculinos e femininos por
meio da desconstrução da concepção de família. E por fim, observa-se como as
relações de gênero teceram a figura da mulher insana. Visto isso, ressalta-se que as
identidades masculinas e femininas dos Anos Dourados, consoante Rocha-Coutinho
(1994), tinham seus papéis sociais naturalizados e bem delimitados, uma vez que
homens e mulheres deveriam desempenhar suas funções de acordo com cada esfera
de atuação pré-estabelecida, isto é, a eles reservava-se o espaço público e a elas, o
privado. Com isso, definiam-se funções, exclusivamente, femininas, como ser mãe, e
deveres propriamente masculinos, como o provimento do lar. Em consequência disso,
pôde-se perceber um esfacelamento das individualidades tanto masculinas quanto
femininas por meio da imposição desses papéis sociais, que, especificamente em
relação às mulheres, contribuiu para enclausurá-las à imagem da mulher louca. Diante
disso, por meio de uma pesquisa bibliográfica de natureza interpretativa, foram
recorridas às contribuições teóricas de Badinter (1993), Rocha-Coutinho (1994),
Saffioti (1987), Engel (2017), Pinsky (2014), Foucault (2014; 2017), Navarro-Swain
(2010), Zanello (2014) dentre outros. Portanto, além de transgredir com as
identidades de gênero dos Anos Dourados, por meio de rupturas das masculinidades
e feminilidades com personagens como Afonso e Letícia, Lygia Fagundes Telles
desconstruiu também em Ciranda de pedra (1954) a padronização das relações
familiares, questionando a naturalização de processo socioculturais, como a
maternidade, assim como problematizando a construção da figura da mulher insana
por meio das relações de gênero.ABSTRACT:Lygia Fagundes Telles, in Ciranda de pedra (1954), elaborates a plot that breaks with
the patterns of masculinity and femininity of the 1950s. For this reason, the general
objective of this dissertation is to analyse gender relations in Ciranda de pedra. With
this, the transgressions of gender identities are understood by rethinking what it is to
be a woman and a man during the 1950s. Inversions of male and female social roles
are investigated through the deconstruction of a clear conception of family. And finally
it is observed how gender relations help producing the figure of the insane woman.
Given this, it is emphasized that masculine and feminine identities of the so called
Golden Years, according to Rocha-Coutinho (1994), had their social roles naturalized
and well delimited, since men and women should perform their functions according to
each pre-established sphere of action, that is, to men was reserved the public space
and to women, the private one. Exclusively feminine functions were then defined, as
being mother, as well as properly masculine duties, like the provision of the family. As
a consequence of this, one can perceive a breakdown of individualities, both male and
female, through the imposition of these social roles, which, specifically in relation to
women, also contributed to their closure in the image of the insane subject. Through a
bibliographic and interpretative research, I made use of theoretical contributions of
Badinter (1980), Rocha-Coutinho (1994), Saffioti (1987), Engel (2017), Pinsky (2014),
Foucault (2014; 2017), Navarro-Swain (2010), and Zanello (2014), among others.
Therefore, besides transgressing gender identities of the so called Golden Years,
through ruptures of masculinities and femininities with characters such as Afonso and
Letícia, Lygia Fagundes Telles also deconstructs in Ciranda de pedra (1954) standard
family relations, questioning the naturalization of sociocultural processes, such as
motherhood, as well as problematizing the construction of the figure of the insane
woman through gender relations. |
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