Abstract:
RESUMO: A oftalmologia exige cada vez mais a necessidade de se buscar tratamentos eficazes, seguros, menos onerosos e com aplicabilidade para as diversas oftalmopatias. Esta pesquisa teve por objetivo avaliar os efeitos da utilização de células-tronco mesenquimais de medula óssea de coelhos (CTMMO-co), aplicadas pela via subconjuntival, no tratamento da úlcera de córnea profunda induzida em coelhos. As CTMMO-co de coelhos foram previamente isoladas e caracterizadas no Núcleo Integrado de Morfologia e Pesquisas com Células-Tronco NUPCelt/UFPI. Foram utilizados 24 coelhos da raça Nova Zelândia, fêmeas, adultas e hígidas, divididas em 6 grupos com 4 animais cada: os grupos G1-7, G1-15, G1-30, receberam aplicação de CTMMO-co via subconjuntival na concentração de 1x106/0,2ml de PBS, marcadas com nanocristais fluorescentes (Q-tracker®) e foram avaliados por um período de 7, 15 e 30 dias,
respectivamente; nos grupos G2-7, G2-15 e G2-30, os animais foram submetidos à técnica cirúrgica de enxerto corneoconjuntival, e também, avaliados por 7, 15 e 30 dias. Os sinais clínicos foram avaliados diariamente, durante os períodos indicados e ao final de cada tempo de avaliação, as coelhas foram eutanasiadas e submetidas à coleta de córneas para analisaes histopatológica e imunohistoquímica. Macroscopicamente, nos animais dos grupos tratados com CTMMO-co, foi verificada inexistência de opacidade e de vascularização da córnea, durante todo o experimento, enquanto, nos animais submetidos ao enxerto córneoconjuntival, a opacidade da córnea variou, de severa, leve, e mesmo ausente, entre os animais, com diferença significativa entre os grupos, exceto entre G1-7 e G2-7. Quanto aos demais sinais clínicos, dentre eles, blefarospasmo, dor e fotofobia, ocorreram de forma mais discreta, nos animais tratados com CTMMO-co em relação aos com enxerto corneoconjuntival, apresentando diferença estatística (p<0,05). A reepitelização evidenciada por ausência do tingimento da córnea pela fluoresceína, ocorreu precocemente nos animais dos grupos tratados com CTMMO-co, em média aos 6 dias, e nas coelhas do enxerto corneoconjuntival a média foi de 10 dias pósoperatório,
apesar de não apresentarem diferenças estatísticas significativas. Na análise
histopatológica, vascularização e infiltrado inflamatório diferiram significativamente entre os tratamentos, uma vez que, nos grupos com CTMMO-co não foi observada vascularização, e o infiltrado inflamatório apresentou-se discreto, e, apenas no G1-7. Por outro lado, nos animais submetidos à cirurgia com enxerto corneoconjuntival essas alterações variaram de médias a intensas, sendo o infiltrado inflamatório caracterizado por polimorfonucleares, sobretudo eosinófilos. O espessamento da córnea foi mais evidente no grupo de coelhos com o enxerto diferindo significativamente entre os tratamentos em relação aos grupos tratados com CTMMOco. Outras alterações como, hiperplasia, hipertrofia, e degeneração hidrópica do epitélio corneal e fibroplasia, foram evidenciadas, porém, não diferiram estatisticamente entre os grupos. A imunomarcação com o Fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF) apresentou diferença
significativa nos tratamentos, sendo mais intensa nos animais submetidos à cirurgia com enxerto corneoconjuntival, com marcação bem evidente tanto no epitélio quanto no estroma, diferindo dos tratados com CTMMO-co, que apresentaram marcações mais discretas, na maioria, apenas no epitélio. Conclui-se que a terapia com aplicação subconjuntival de CTMMO-co, além de menos invasiva e de fácil realização, apresenta melhores resultados que a técnica cirúrgica de enxerto corneoconjuntival, quanto aos parêmtros clínicos, bem como, os achados histopatológicos e imunoistoquímicos. Assim, o uso de CTMMO-co por via subconjuntival é viável para o tratamento de úlcera de córnea profunda em coelho, podendo ser realizado em ambiente ambulatorial, por técnico devidamente treinado. ABSTRACT: Ophthalmology increasingly requires the need to seek effective, safe, less expensive treatments with applicability to the various ophthalmopathies. The aim of this study was to evaluate the effects of the use of mesenchymal stem cells from rabbit bone marrow (BMSC-co), applied by
the subconjunctival route, in the treatment of induced deep corneal ulcers in rabbits. The BMSCco of rabbits were previously isolated and characterized in the Integrated Nucleus of Morphology and NUPCelt / UFPI Trunk Cell Research. 24 female New Zealand rabbits, adult and healthy, were divided into 6 groups with 4 animals each: the groups G1-7, G1-15, G1-30, were submitted to subconjunctival BMSC-co at the concentration of 1x106/0.2ml PBS, labeled with fluorescent nanocrystals (Q-tracker®) and evaluated for a period of 7, 15 and 30 days, respectively; in the G2-7, G2-15 and G2-30 groups, the animals were submitted to the surgical technique of corneoconjunctival graft and also evaluated for 7, 15 and 30 days. Clinical signs were evaluated daily during the indicated periods and at the end of each evaluation time the rabbits were euthanized and submitted to corneal collection for histopathological and immunohistochemical analyzes. Macroscopically, in the animals of the BMSC-co treated groups, there was no opacity
and corneal vascularization during the whole experiment, while in animals submitted to the
corneoconjunctival graft, cornea opacity ranged from severe, mild, and even absent, between animals, with significant difference between groups, except between G1-7 and G2-7. Other clinical signs, such as blepharospasm, pain and photophobia, occurred in a more discrete way, in the animals treated with BMSC-co in relation to those with graft, presenting a statistical difference (p <0.05). Other clinical signs, such as blepharospasm, pain and photophobia, occurred more discreetly in the animals treated with BMSC-co than in the corneoconjunctival grafts, presenting a statistical difference (p <0.05). The reepithelialization evidenced by absence of corneal dyeing by fluorescein, occurred early in the animals of the groups treated with BMSCco, on average at 6 days, and in the corneoconjunctival graft rabbits the mean was 10 postoperative days, although they did not present statistical differences significant. In the histopathological analysis, vascularization and inflammatory infiltrate differed significantly between treatments, since no vascularization was observed in the groups with BMSC-co, and the inflammatory infiltrate was discrete, and only in G1-7. On the other hand, in the animals submitted to surgery with corneoconjunctival graft, these alterations varied from medium to intense, and the inflammatory infiltrate was characterized by polymorphonuclear, mainly eosinophilic. Corneal thickening was more evident in the rabbit group with the graft differing significantly between treatments in the groups treated with BMSC-co. Other alterations, such as
hyperplasia, hypertrophy, and hydropic degeneration of the corneal epithelium and fibroplasia, were evidenced, but did not differ statistically between the groups. Immunostaining with the vascular endothelial growth factor (VEGF) showed a significant difference in the treatments, being more intense in the animals submitted to corneoconjunctival graft surgery, with evident marking both in the epithelium and in the stroma, differing from those treated with BMSC-co, which presented more discrete markings, mostly only on the epithelium. It is concluded that the therapy with subconjunctival application of BMSC-co, besides being less invasive and easy to
perform, presents better results than the surgical technique of corneoconjunctival graft, as well as clinical parameters, as well as histopathological and immunohistochemical findings. Thus, the use of BMSC-co by subconjunctival route is feasible for the treatment of deep corneal ulcer in rabbit, and can be performed in an outpatient setting by a properly trained professional.