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RESUMO: Esta pesquisa investigou sete jovens da cidade de Luís Correia - PI envolvidos com o esporte radical skate enquanto prática de sociabilidade. A escolha de trabalhar com esse coletivo deveu-se, em particular, pelo entendimento de que os jovens skatistas praticam e vivem a cidade, aprendendo com o corpo em movimento, permitindo a desconstrução de ideias prontas sobre o que é aprender, rompendo com fórmulas clichês e conteúdos pré-estabelecidos, permitindo problematizar os formatos usuais da formação em Pedagogia de reprodução dos saberes, usuais no ensino e aprendizagem institucionais. Os skatistas escapam a este aprender ao se concentrarem nas ruas das cidades, saindo de salas de aulas, resistindo ao aprender formalizado e disciplinante existente na maioria das escolas. A problemática abordada foi: Quais os conceitos produzidos pelos jovens skatistas de Luís Correia - PI acerca do aprender na relação com movimento? Em meio a esta problemática surgiram as questões norteadoras, tais como: O que pensam os jovens que andam de skate em Luís Correa - PI sobre o aprender na relação com o movimento? O que estes jovens aprendem com o corpo em movimento, andando de skate? Quais seus saberes? Que problemas os mobilizam em relação ao aprender? Quais as linhas de resistência que estes jovens skatistas produzem frente às concepções instituídas de aprender? Que potencialidades corporais são desenvolvidas pelos skatistas enquanto prática desse esporte frente aos problemas que os mobilizam no contemporâneo acerca do aprender na relação com o movimento? Foram referências para a construção dessa pesquisa Carrano (2003), Adad (2011, 2013), Brandão (2011), Silva (2013), Sposito (1996), Diógenes (1998), Pais (1993, 2006), Sales (2010, 2013), entre outros, no que trata das juventudes e do Skate. Na produção dos dados, foi utilizada a abordagem Sociopoética, com as leituras de Deleuze e Guattari (1992), Gauthier (1999, 2003, 2012), Adad (2014), Petit (2014), Ronilk (2014) dentre outros. A Sociopoética é um método de pesquisa que reconhece o corpo como produtor de conhecimento e que valoriza os diferentes saberes e culturas dos sujeitos, possibilitando a construção coletiva de conceitos sobre o tema gerador, que neste caso é o aprender na relação com o movimento. A produção dos dados foi realizada com as técnicas “Lugar do aprender em movimento” e “Tarô do aprender”. As análises destacaram duas linhas ou dimensões do pensamento do grupo-pesquisador: Lugares do aprender em movimento e Tipos de aprender: dificuldades e superações. Em relação à primeira linha os skatistas criaram confetos como Cidade-pista-de-skate Paraíso do Aprender, paraíso do aprender na espiritualidade e Lugar-caminho do aprender “dia de skate” que tratam sobre diferentes locais onde se pode aprender com a espiritualidade, as sociabilidades e a persistência. Na segunda linha os confetos Aprender-manobra, Aprender com o movimento, Fogo-aprender que deforma, Aprender paciência, Aprender acontece, Aprender-prazer, Água-ar do aprender problematizam sobre o aprender na incerteza, sem controle, no fluxo da cidade, apontando o skate como dispositivo que contagia e potencializa as aprendizagens por meio do prazer, do movimento e da flexibilidade frente à rigidez e ao automatismo da maioria das escolas. Como dificuldades para esses modos de aprender os jovens produziram os confetos Preconceito-abutre do aprender, Obstáculo-muro do aprender e mãe-obstáculo-rio referentes ao preconceito da família e da sociedade com este esporte radical, sendo o Aprender-pulando o rio, o modo como os jovens resistem
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a estes empecilhos, persistindo em andar de skate. A análise dos confetos trouxeram resultados heterogêneos e desterritorializados marcados pelas subjetividades e expressividades juvenis apontando para um aprender cheio de intensidade, desejo e alegria que acontece em meio a pratica do skate, possibilitando uma abertura para se pensar novas possibilidades de ensinar e de aprender, de modo a criar experiências inovadoras que potencializem os espaços educativos. ABSTRACT: This research is about seven young subjects from Luís Correia - PI who practice skateboarding, a radical sport and also sociability instrument. The choice to work with this group came from the understanding that young skaters experience and live the city, learning from the body movements, allowing the deconstruction of ideas about the meaning of learning, ending clichés and predetermined content, enabling discussion about usual formats of training in knowledge reproduction pedagogy and institutional learning. The skateboarders escape this learning by focusing on city streets, getting out of classrooms, resisting the formalized learning that exists in most schools. The questions were: What are Luís Correia’s young skateboarders’ perceptions about learning with movement? Amid this problem, guiding questions arose such as: What do young people who ride skateboards in Luís Correia think about learning with movement? What do these young people learn with body movement, skateboarding? What is their knowledge? What problems affect them when it comes to learning? What resistance did these young skateboarders develop regarding institutionalized learning? What kind of body skills did the skateboarders develop while practicing this sport with the problems that mobilize them in their learning with movement relationship? The references to this research were Carrano (2003), Adad (2011), Brandão (2011), Silva (2013), Spósito (1996), Diórgenes (1998), Pais (1993, 2006), Sales (2010, 2013), among others, concerning dealing with young people and Skateboard. When it comes to data compilation, the Sociopoética approach was used through Deleuze and Guattari (1992), Gauthier (1999, 2003, 2012), Adad (2014), Petit (2014), Ronilk (2014) among others. The Sociopoética is a research method that recognizes the body as a knowledge producer and values the different knowledge and subjects’ cultures, enabling collective construction of the main theme, which in this case is learning through the relationship with movement. The data elaboration was performed with the techniques "learning on the move place" and "Tarot learning." The analyzed stressed the two dimensions of the research group thought: Places to learn “on the go” and types of learning: problems and overruns. Regarding the first one, skaters created confects as “Skate-lane-city”, “learning paradise”, “learn in spirituality paradise” and “Path-place of learning”, "skateboarding day" that are about different places where you can learn from spirituality and persistence. Regarding the second dimension, the confects “Learning-maneuver”, “Learning with movement”, “fire- learn that deforms”, “Learning patience”, “Learning happens”, “Learning-pleasure”, “water-air learning” problematize about learning in uncertainty, in the city's flow, pointing skate as a device that enhances the learning through the pleasure of movement and flexibility against the rigidity and automatism of most schools. As difficulties for these ways of learning, the young subjects produced the confects “Prejudice-Vulture of learning”, “obstacle-learning wall” and “mother-obstacle-river” for the the family and society bias with this extreme sport, and also the “Learn-jumping the river”, how young people resist these hindrances, persisting in skate. Analysis of confects brought heterogeneous results marked by youth subjectivity and expressivity pointing to a learning full of intensity, desire and joy that comes amid 12 practice of skateboarding, allowing an opening to think about new possibilities of teaching and learning, to create innovative experiences that enhance the educational environments.