Abstract:
RESUMO: A natureza modificada do agir humano, resultado do exponencial crescimento do poder tecnológico da era moderna, configurou-se um horizonte totalmente novo com o qual a ética, a moral e a política de hoje devem se confrontar. A partir deste contexto, este trabalho empreende uma pesquisa acerca da relação entre poder, responsabilidade e política no pensamento de Hans Jonas, tendo como recorte bibliográfico central as ideias defendidas pelo autor no livro O princípio responsabilidade: ensaio de ética para a civilização tecnológica (2006[1979]). Tem como objetivo dois prismas: um negativo, em que reconhece não ser prioridade apontar uma alternativa sistemática, enquanto proposta efetiva de ação política, para a solução dos problemas decorrentes da tecnologia aqui debatidos; e um positivo, que subentende que a nova perspectiva da prudência, nos moldes como a define Jonas, torna-se um caminho viável para qualquer sistema político que objetive tal missão. O presente trabalho foi dividido em três partes específicas: a primeira trata da relação entre poder técnico e responsabilidade apontando a importância destes na fundamentação das ideias políticas do autor; a segunda faz uma análise dos sistemas políticos capitalista e socialista e do modo como ambos enfrentam o problema da tecnologia na era moderna; a terceira apresenta a crítica do utopismo marxista proferida por Jonas, bem como, as novas bases axiológicas da sua concepção política, ratificando a nova prudência como fundamento para uma política da responsabilidade no contexto da era tecnológica. Estas etapas, juntas, possibilitam a conclusão de que a preocupação primeira do autor não é oferecer uma saída concreta enquanto projeto político propriamente dito, mas tão somente apresentar as novas bases para se fundamentar um princípio que se faça impreterível e sob o qual se possa edificar toda e qualquer proposta política real posterior, ou mesmo adaptar as já existentes. Defende-se por consequência, que somente com uma guinada nos rumos dos valores coletivos e a edificação de novas bases axiológicas, pode-se pensar a ação política de modo adequado e compatível com as exigências atuais que os parâmetros da ação tecnológica impõem. ---------------------- ABSTRACT: The human being has got a nature that acts and becomes possible to modifie in itself. The modified nature of that action, effect of the great power of technology and its upgrowth, taking into account the modern era, set up a whole new horizon with which the ethic, the moral and the politics, nowadays, need to be confronted. In this sense, this work wages a research about the relation among power, responsability as well as politics according to Hans Jonas’ thought, having as a central bibliographcal snippet the ideas advocated by the author in the book O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica (2006[1979]). It aims two prisms: a negative one in which it recognizes not to be a priority to indicate a systematic alternative, as an effective proposal of political action to solve the problems resulting from the technology discussed here; and a positive prism that implies a new perspective of caution, definied by Jonas, becomes a viable path for any political system that aims such legacy. The present work was divided into three parts: the first deals with the relation between technical power and responsability, pointing out the importance of those themes in the foundation of the author’s political ideas; The second makes an analysis of capitalist and socialist political systems and the way they both deal with the problem of technology in the modern era; The third shows the critique of Marxist utopianism pronounced by Jonas, as well as the new axiological bases of his political conception, confirming the new prudence as a bedrock for a politics of responsibility in the context of the technological age. Both stages together make it possible to conclude that the author's first concern is not to offer, properly, a concrete solution as a political project, but only to present the new elements for a principle that can be unpredictable and under which any subsequent real political proposal can be built or even adapt to the existing ones. It is argued, therefore, that only with a twist in the course of collective values and the framing of the new axiological bases can anyone think of political action in a way that is adequate and compatible with the current demands imposed by the parameters of technological action.