PARÂMETROS CARDIOLÓGICOS OBTIDOS A PARTIR DE DUAS ESPÉCIES SILVESTRES DO NORDESTE DO BRASIL: CATETOS (Tayassu tajacu, LINNAEUS, 1758) E CUTIAS (Dasyprocta prymnolopha, WAGLER, 1831).

Abstract

RESUMO: O diagnóstico por imagem em Medicina Veterinária tem tido avanços significativos nos últimos anos e a cardiologia vem se destacando por ter possibilidades de realização de exames não invasivos. Este trabalho teve por objetivo a padronização dos valores de VHS (Vertebral Heart Scale) e ICT (Índice Cardiotorácico) em catetos (Tayassu tajacu, Linnaeus, 1758) mensurados em radiografias torácicas digitais contidos com Cetamina e Midazolam; e a descrição do traçado eletrocardiográfico computadorizado em cutias (Dasyprocta prymnolopha, Wagler, 1831) contidas pela associação de Cetamina e Xilazina. Para tanto, foram utilizados 14 catetos hígidos, ambos os sexos, submetidos a exames radiográficos do tórax para obtenção de imagens em projeções dorsoventrais (DV) e láterolaterais direita e esquerda, por meio do aparelho de raios-x AGFA-Health Care CR30-X digital. Em relação as cutias, foram utilizados 18 animais clinicamente saudáveis, machos e fêmeas. Estes foram submetidos ao exame eletrocardiográfico com o auxílio de um eletrocardiógrafo digital, aparelho veterinário - TEB®, conectado a um notebook. A contenção química foi realizada em catetos atráves da associação de 15mg/kg de cetamina e 3mg/kg de maleato de midazolam e em cutias por meio da associação de 40mg/kg de cetamina e 1mg/kg de cloridrato de xilazina, por via intramuscular em ambas espécies. Os resultados evidenciaram que em catetos O VHS para decúbito direito nos machos demonstrou valor médio de 9,22±0,29v, enquanto que para o esquerdo foi de 8,87±0,42v, não sendo verificada diferença estatística entre os decúbitos (p>0,05). Para as fêmeas, o VHS no decúbito direito demonstrou valor médio de 8,55±0,47v e 8,81±0,42v para o decúbito esquerdo, não havendo diferença estatística entre os decúbitos (p>0,05). O Índice Cardiotorácico (ICT) apresentou valores médios de 0,50±0,05 para os machos e de 0,45±0,04 para as fêmeas, não havendo diferença estatística entre sexos (p>0,05). Para as cutias, os resultados obtidos demonstraram que a frequência cardíaca para machos ficou em média de 113,25 bpm, enquanto que para as fêmeas foi observado o valor de 124,60bpm, havendo diferença estatisticamente entre machos e fêmeas (p>0,05). O peso, apesar de ser maior para os machos (2,31 Kg), comparado às fêmeas (2,28 Kg) não foi estatisticamente significativo. O QRS apresentou duração de 46,14ms (machos) e 44,66ms (fêmeas e o intervalo PR de 79,94ms (machos) e 84,29ms (fêmeas). A altura da onda R apresentou para machos o valor de 0,42mV e a onda T 0,24mV. Para fêmeas esses valores foram de 0,36mV a onda R e 0,25 mV a onda T. O estabelecimento dos valores de referência para mensurações cardíacas em catetos permitiu a padronização do VHS e ICT para esta espécie silvestre. O protocolo de contenção química utilizado neste experimento foi bem tolerado pelos animais e os efeitos dos fármacos não produziu depressão cardiovascular significante, não sendo observado cmplicações durante o experimento. Esses dados poderão servir como base para futuros estudos, bem como na aplicação na rotina clínica cardiológica de animais silvestres, auxiliando principalmente na realização de procedimentos que necessitem de contenção química destes animais.