Abstract:
RESUMO: O desenvolvimento de biopolímeros com módulo de elasticidade semelhante ao do osso representa uma alternativa para o tratamento de fraturas faciais. Alguns problemas são relatados como consequência da fixação funcionalmente estável com placas de titânio. O objetivo desta pesquisa foi produzir placas reabsorvíveis para fixação de fraturas ósseas constituídas de poliuretana obtida da reação química com óleo de mamona (Ricinus communis), bem como realizar a caraterização físico-química, microestrutural e térmica do produto. A etapa inicial para a produção do biopolímero foi a reação de glicerólise dos triglicerídeos presentes na estrutura do óleo, por ação de um poliol (glicerol), até a obtenção de uma resina composta por monoglicerídeo. A seguir, Hexametileno Diisocianato (HDI) foi adicionado para reagir com o monoglicerídeo e formar estruturas uretana. Hidroxiapatita foi adicionada em diferentes concentrações. Os conteúdos foram armazenados em recipientes com formato retangular e prensados por tempo adequado. A finalidade desta última etapa foi possibilitar a reação de junção das unidades uretana. Com isso, placas de poliuretana com formato retangular e dimensões de 40mm X 10mm X 2mm (comprimento x largura x espessura) foram obtidas e retiradas dos moldes. Testes de caracterização microestrutural por Espectroscopia na Região do Infravermelho, Microscopia Eletrônica de Varredura e Difração de raios X, além de Calorimetria Exploratória Diferencial e Termogravimetria foram realizados. Análise descritiva qualitativa e quantitativa das amostras foi conduzida. A Microscopia Eletrônica mostrou superfície plana e homogênea, saliências e depressões caracterizando artefatos, porosidade e aspectos brilhantes referentes ao material de enchimento. O perfil de organização molecular observado por Difração de raios X mostrou o aspecto de semicristalinidade do polímero. O biomaterial apresentou faixa de transição vítrea e estabilidade térmica até 50ºC, o que torna possível sua aplicação em condições fisiológicas. A partir dessa temperatura foi observada a decomposição térmica com picos de perda de massa entre 200 e 300ºC, e entre 300 e 450ºC. A análise das características físico-químicas, microestruturais e térmicas do biopolímero produzido permite sugerir que sua degradação após entrar em contato com fluidos corporais em condições fisiológicas ocorrerá pelo mecanismo de erosão volumétrica; com hidrólise inicial de ligações nas regiões amorfas, seguida pela dissociação das regiões cristalinas.