Abstract:
RESUMO: O presente trabalho visa analisar como são construídos os sentidos, a partir da apropriação da linguagem de documentário, nos discursos do programa televisivo Profissão Repórter a cerca da violência urbana no Brasil. Como corpus desse estudo, analisamos três edições do programa que foram ao ar nos dias 24 de janeiro, 18 de agosto e 22 de setembro de 2015, pela rede Globo de Televisão. O aporte teórico-metodológico que utilizamos foi a Análise de Discurso Crítica (ADC), a partir da perspectiva dialético-relacional de Fairclough (2001; 2003). Essa perspectiva observa a linguagem como prática social e um instrumento de poder, onde o discurso (constituído e constituidor do social) é entendido como um momento que oferece pistas para a compreensão das práticas sociais investigadas. O estudo traz reflexões sobre a linguagem audiovisual, atentando para esta enquanto materialidade discursiva e suas particularidades genéricas. Refletimos, ainda, sobre a produção de subjetividades, possibilitados pelos discursos midiáticos, e discorremos sobre a violência enquanto problema social. Para análise, aliado a ADC agregamos o método de análise fílmica proposto por Goliot-Lété e Vanoye (1994). Ao final, percebemos que o enunciador mostra os bastidores do programa – por meio da linguagem documentária - como retórica para reafirmar o discurso de verdade jornalística. Nas edições analisadas o programa apresenta certa estética do jornalismo iniciante e opera como produtor de subjetividades, visto que em suas discursividades emergem vários tipos de sujeitos, dentre os quais podemos destacar: o sujeito jornalista, o sujeito amedrontado e conformado com a violência, o sujeito reativo, o preso provisório, as mulheres de presidiários e o sujeito político. No que diz respeito à violência, os discursos desse meio propõe reflexões a respeito da temática apresentando as relações de poder e embates ideológicos existentes no meio social, além de tecer críticas e avaliações ao modelo carcerário brasileiro e a defesa da política armamentista. Os dizeres do programa acabam também por legitimar e naturalizar os atos violentos e suas representações midiáticas, principalmente para com os sujeitos que moram na periferia das cidades. ---------------- ABSTRACT: ABSTRACT
The present work aims at analyzing how the senses are constructed, from the appropriation of the documentary language, in the speeches of the TV program Profession Reporter to the urban violence in Brazil. As a corpus of this study, we analyzed three editions of the program that aired on January 24, August 18, and September 22, 2015, by Rede Globo de Televisão. The theoretical-methodological contribution we used was the Critical Discourse Analysis (ADC), from the dialectic-relational perspective of Fairclough (2001; 2003). This perspective views language as a social practice and an instrument of power, where the discourse (constituted and constituent of the social) is understood as a moment that offers clues to the understanding of the social practices investigated. The study brings reflections on the audiovisual language, paying attention to this as discursive materiality and its generic particularities. We also think about the production of subjectivities, made possible by media discourses, and talk about violence as a social problem. For analysis, combined with the ADC we added the method of film analysis proposed by Goliot-Lété and Vanoye (1994). In the end, we see that the enunciator shows the backstage of the program - through documentary language - as rhetoric to reaffirm the discourse of journalistic truth. In the analyzed editions the program presents a certain aesthetic of the beginning journalism and operates as a producer of subjectivities, since in its discursivities emerge several types of subjects, among which we can emphasize: the subject journalist, the subject frightened and conformed with the violence, the subject Reactive, the provisional prisoner, the women of prisoners and the political subject. With regard to violence, the discourses of this medium propose reflections on the subject by presenting the power relations and ideological conflicts existing in the social environment, as well as criticizing and evaluating the Brazilian prison model and the defense of the arms policy. The words of the program also end up legitimizing and naturalizing violent acts and their media representations, especially towards the subjects living on the outskirts of cities.