Abstract:
RESUMO
Este trabalho aborda o problema filosófico-existencial da obra Temor e tremor [Fryght og Boeven] de Søren Aabye Kierkegaard (1813-1855), publicada em 1843. Faz uma análise da perspectiva ética ou para além da ética, isto é, o conflito ético-religioso [den ethiske - den religieuse] em Kierkegaard. Além disto, discute a relação dialética entre fé e razão e angústia silencial de Abraão na obra Temor e tremor. Para tal, faz uma conexão entre obra Temor e tremor e a obra Os lírios dos campos e as aves do céu [Lilien paa Marken og Fuglen under Himlen] de 1849, ao qual enfatiza o problema do silêncio nas duas obras. Ademais, apresenta o olhar kierkegaardiano, que na voz do pseudônimo Johannes de Silentio expõe os limites do pensamento racionalista e especulativo, para tanto, verifica a fé como reconhecimento deste limite e como elemento de restituição do pensamento teórico. A análise feita por Silentio afirma que diante do paradoxo e do absurdo à resposta de Abraão, figura paradigmática da fé narrada em Genesis 22, 1-19, é o silêncio. Silêncio este que não corresponde à conformidade daquilo que não se pode compreender, mas o silêncio da sabedoria diante dos limites da compreensão racional diante da magnanimidade da existência. Para isso, faz-se um breve relato de algumas das principais obras de Kierkegaard tendo como pretensão, a problematização das categorias ética, religiosa e do silêncio em Temor e tremor, utilizando como técnica a revisão bibliográfica sobre temas e o tema central. Ao chegar à conclusão deste trabalho, afirmamos que a existência enquanto condição paradoxal compreende-se a partir da ligação entre finito e infinito, isto é, a relação absoluta com o telos absoluto, ou seja, do indivíduo com Deus. Esta por sua vez, pode ser vivenciada a exemplo dos lírios do campo e as aves do céu, pois a exemplo de Abraão, aprende-se que diante do paradoxo do absurdo o indivíduo deve-se calar. Ademais, aprende-se que tal silêncio expressa sabedoria, expressa a liberdade de escolha diante do telos absoluto, visto que ele é quem decide e só a ele eis a sabedoria e a inteligência infinita.--------------------ASBSTRACT: This paper approaches with the philosophical-existential problem of Søren Aabye Kierkegaard's Fear and Tremor (1813-1855), published in 1843. He analyzes the ethical or ethical perspective, that is, ethical conflict -religious [den ethiske - den religieuse] in Kierkegaard. In addition, he discusses the dialectical relationship between faith and reason and Abraham's silent anxiety in the work of Fear and Tremor. To this end, he makes a connection between Fear and Trembling and the work Lilies of the Fields and the Birds of the Sky [Lilien paa Marken og Fuglen under Himlen] of 1849, to which he emphasizes the problem of silence in the two works. In addition, it presents the Kierkegaardian look, that in the voice of the pseudonym Johannes de Silentio exposes the limits of the rationalistic and speculative thought, for that, it verifies the faith as recognition of this limit and as element of restitution of the theoretical thought. The analysis made by Silentius affirms that before the paradox and the absurd the answer of Abraham, paradigmatic figure of the faith narrated in Genesis 22, 1-19 is silence. Silence that does not correspond to the conformity of what can not be understood, but the silence of wisdom before the limits of rational understanding before the magnanimity of existence. For this, he briefly recounts some of Kierkegaard's main works with the pretension of problematizing the ethical, religious, and silence categories in Fear and Tremor, using as a technique the bibliographic review on themes and the central theme. In arriving at the conclusion of this work, we affirm that existence as a paradoxical condition is understood from the connection between finite and infinite, that is, the absolute relation with the absolute telos, that is, of the individual with God. This, in turn, can be experienced in the example of the lilies of the field and the birds of the sky. For in the example of Abraham, one learns that in the face of the paradox of the absurd the individual must shut up. In addition, it is learned that such silence expresses wisdom, expresses the freedom of choice before the absolute telos, since he is the one who decides and only to him is the wisdom and the infinite intelligence.