Abstract:
RESUMO: INTRODUÇÃO: A hepatite C representa um problema para a saúde pública mundial devido à sua gravidade e elevada taxa de cronicidade, podendo evoluir para doença hepática crônica, cirrose e até mesmo hepatocarcinoma, caracterizando-se como a maior causadora de óbitos entre todas as hepatites. Os internos tendem a importar para a prisão o padrão de comportamentos que tinham no exterior do presídio e isso os torna mais expostos ao risco de contrair doenças infectocontagiosas. OBJETIVO: Investigar a prevalência de hepatite C e fatores associados em detentos das penitenciárias do Piauí. METODOLOGIA: Trata-se de pesquisa epidemiológica do tipo transversal, inserida em um macroprojeto, denominado: Prevalência de DST e fatores associados em internos do sistema prisional do Piauí. O estudo foi desenvolvido nas doze unidades prisionais do estado. A coleta de dados foi realizada nos meses de dezembro/2013 a maio/2014, por meio de entrevista com a utilização de formulário pré-testado e realização de testes rápidos para identificação seletiva de anti-HCV em amostras de sangue total. Os dados foram digitados e analisados com a utilização do software SPSS versão 19.0. Foram realizadas análises bivariadas, por meio do teste de Regressão Logística Simples (odds não-ajustado) e as variáveis, que apresentaram valor de p<0,05, foram submetidas ao modelo multivariado de regressão logística (odds ajustado). O estudo respeitou o sigilo das informações e os preceitos éticos da Resolução 466/12. RESULTADOS: Dentre os 2.131 presidiários que participaram do estudo, a maioria era do sexo masculino (92,8%), encontravam-se na faixa etária de 23 a 32 anos (48,6%), pardos (61,6%), solteiros, separados ou viúvos (58%), tinham o ensino fundamental incompleto (63%) e apresentaram renda familiar de até um salário mínimo (69,6%). Sobre o padrão de uso de álcool e outras drogas, 78,7% afirmaram usar bebida alcoólica, sendo a cerveja o tipo mais freqüente (91,2%), 57,6% fizeram uso de algum tipo de droga ilícita e desse total 58,6% relataram utilizá-la diariamente. Quanto aos fatores de risco para infecção, 2,5% fizeram transfusão de sangue antes de 1993, 55% compartilham material perfurocortante, 60,4% têm tatuagem, 13,9% fazem uso de piercing e 1% fizeram uso de seringa de vidro. Constatou-se os comportamentos sexuais de risco e o baixo nível de informações que os internos têm sobre a hepatite C. A prevalência de positividade ao Anti HCV foi de 0,3%, sendo, no modelo bivariado estatisticamente associada com as variáveis: cor da pele, idade, anos de estudo, uso de drogas ilícitas, transfusão de sangue antes de 1993, uso de seringa de vidro, relação sexual com pessoas do mesmo sexo, seleção do parceiro de confiança, uso de bebidas alcoólicas antes da relação, sexo vaginal e as informações sobre as formas de transmissão da hepatite C. A variável transfusão de sangue antes de 1993 foi a única que se manteve associada no modelo de regressão logística múltipla. CONCLUSÃO: Os resultados evidenciam que os internos apresentaram comportamentos de risco relacionados à infecção pela hepatite C, entretanto o estudo identificou uma prevalência inferior à estimativa encontrada na população geral e mundial. É relevante o investimento de ações de educação em saúde no ambiente prisional e o fortalecimento de ações de vigilância em saúde............ABSTRACT: INTRODUCTION: Hepatitis C is a problem for global public health due to its severity and high chronicity rate, it also can progress to chronic liver disease, cirrhosis and even hepatocellular carcinoma, characterized as the leading cause of death among all hepatitis. Inmates tend to import to prison the pattern of behaviors they had outside and this puts them more at risk of contracting infectious diseases. OBJECTIVE: To investigate the prevalence of hepatitis C and associated factors among inmates in Piauí prisons. METHODOLOGY: It is a cross-sectional epidemiological research, inserted in a macroproject called: Prevalence of STD and associated factors in inmates from the prison system of Piauí. The study was conducted in the twelve prison units of the state. Data collection was performed from December/2013 to May/2014, through interviews with the use of pre-tested forms and rapid tests for selective identification of anti-HCV in whole blood samples. Data were entered and analyzed using the SPSS software version 19.0. Bivariate analyzes were performed by means of simple logistic regression test (unadjusted odds) and the variables that showed p <0.05 were subjected to multivariate logistic regression model (adjusted odds). The study respected the confidentiality of information and the ethical principles of Resolution 466/12. RESULTS: Among the 2,131 prisoners who participated in the study, most were male (92.8%), in the age group 23-32 years (48.6%), brown (61.6%), single, separated or widowed (58%), had incomplete primary education (63%) and had family income of up to one minimum wage (69.6%). On the pattern of use of alcohol and other drugs, 78.7% reported using alcohol, beer being the most frequent type (91.2%), 57.6% reported using some type of illicit drug and out of this total 58.6% reported using it daily. As for risk factors for infection, 2.5% had a blood transfusion before 1993, 55% share sharps, 60.4% have a tattoo, 13.9% use piercing and 1% used glass syringe. Sexual risk behavior and low level of information that the inmates have about hepatitis C were verified. The prevalence of positive anti HCV was 0.3%, being statistically associated in the bivariate model with variables: skin color, age, years of study, illicit drug use, blood transfusion before 1993, glass syringe use, sexual intercourse with persons of the same sex, trusted partner selection, use of alcoholic beverages before intercourse, vaginal sex and the information on the forms of transmission of hepatitis C. The variable blood transfusion before 1993 was the only one who remained associated to the multiple logistic regression model. CONCLUSION: The results show that inmates presented risk behaviors related to infection by hepatitis C. However, the study found a lower prevalence estimate than the one found in the general population and worldwide. It is worth investing in health education activities in the prison environment and the strengthening of health surveillance actions...................RESUMEN: INTRODUCCIÓN: La hepatitis C es un problema para la salud pública mundial debido a su gravedad y el alto índice de cronicidad, teniendo La possibilidad de evolucionar a una enfermedad hepática crónica, cirrosis e incluso hepatocarcinoma, que se caracteriza como la causa principal de mortalidad entre todas las hepatitis. Los internos suelen importar para la cárcel el patrón de comportamientos que tenian fuera de la prisión y esto les hace más expuestos al riesgo de contraer enfermedades infectocontagiosas. OBJETIVO: Investigar la prevalencia de hepatitis C y factores asociados entre los reclusos de las cárceles de Piauí. METODOLOGÍA: Se trata de una investigación epidemiológica transversal, que se inserta en un macroproyecto denominado: Prevalencia de ETS y factores asociados en internos del sistema penitenciario de Piauí. El estudio se realizó en las doce cárceles del estado. La recogida de datos se realizó en los meses de diciembre/2013 a mayo/2014, a través de entrevista con el uso de formulario de pre-prueba y la realización de pruebas rápidas para la identificación selectiva de anti-VHC en muestras de sangre total. Los datos fueron introducidos y analizados utilizando el software SPSS versión 19.0. Análisis bivariados se realizaron mediante a la prueba de Regresión Logística Simple (odds no ajustado) y las variables que presentaron p <0,05 fueron sometidas al multivariado de regresión logística (odds ajustado). El estudio ha respetado la confidencialidad de las informaciones y los principios éticos de la Resolución 466/12. RESULTADOS: Entre los 2.131 presos que participaron del estudio, la mayoría eran hombres (92,8%) se encontraban en la franja etaria de 23 a 32 años (48,6%), pardos (61,6%), solteros, separados o viudos (58%), tenían educación primaria incompleta (63%) y tenían un ingreso familiar de hasta un salario mínimo (69,6%). Acerca del patrón de consumo de alcohol y otras drogas, (78.7%) reportaron el uso de alcohol, siendo que la cerveza es el tipo más frecuente (91,2%) (57,6%) reportaron hacer uso de algún tipo de droga ilícita y de este total 58,6% informó el uso diario. Cuanto a los los factores de riesgo para infección, 2,5% había hecho una transfusión de sangre antes de 1993, 55% comparte material cortopunzante, 60.4% tiene un tatuaje, 13,9% utiliza piercing y 1% hice uso de jeringa de vidrio. Se encontró los comportamientos sexuales de riesgo y el bajo nivel de informaciones que los internos tienen acerca de la hepatitis C. La prevalencia de positividad ante al anti-VHC fue de 0,3%, siendo, en el modelo bivariado estadísticamente asociado con las variables: color de piel, edad, años de estudio, el uso de drogas ilícitas, transfusión de sangre antes de 1993, el uso de la jeringa vidrio, las relaciones sexuales con personas del mismo sexo, la selección de un compañero de confianza, uso de bebidas alcohólicas antes de las relaciones, el sexo vaginal y las informaciones sobre los modos de transmisión de la hepatitis C. La variable transfusión de sangre antes de 1993 fue la única que se mantuvo asociada en el modelo de regresión logística múltiple. CONCLUSIÓN: Los resultados demuestran que los internos presentan comportamientos de riesgo relacionados con la infección por hepatitis C, sin embargo el estudio encontró una prevalencia inferior a la estimativa encontrada en la población general y mundial. Así que, merece la pena invertir en actividades de educación para la salud en el ambiente prisional y el fortalecimiento de las acciones de vigilancia sanitaria.