Abstract:
RESUMO
Durante a odontogênese, diversos fatores podem afetar a função ameloblástica e interferir no processo de formação do órgão do esmalte, desencadeando Defeitos de Desenvolvimento do Esmalte (DDE). A infecção pelo HIV compromete o sistema imunológico e provoca repercussões sistêmicas com possíveis interferências no desenvolvimento do esmalte dentário. O objetivo deste estudo caso-controle foi determinar a frequência de DDE em crianças e adolescentes infectados pelo HIV e identificar fatores associados à condição. O grupo de casos foi constituído por pacientes infectados pelo HIV, na faixa etária de três a 15 anos, e o grupo de controles formado por pré-escolares e escolares da rede pública de ensino, alocados de forma aleatória e pareados segundo gênero, idade e renda familiar. Dados relativos à história médica, condições neonatais e maternas foram obtidos por meio de questionário aplicado aos pais ou responsáveis. Para diagnóstico de DDE, utilizou-se Índice DDE Modificado. Foi realizada análise descritiva, bivariada e regressão logística multivariada pelo método Stepwise. A frequência de DDE encontrada foi de 61,5% no grupo caso (n=52) e de 58,7% no grupo controle (n=104) (p=0,569). Infecção do trato genitourinário e hemorragia maternas foram fatores associados à DDE nos grupos caso e controle, respectivamente. Associação foi observada entre uso de esquemas antirretrovirais com inibidores de protease ou efavirenz e DDE na dentição permanente. Concluiu-se que crianças e adolescentes infectados pelo HIV apresentaram frequência de DDE semelhante a pacientes saudáveis, contudo fatores associados a essa condição foram diferentes entre os grupos.