Abstract:
RESUMO:
A expansão da fronteira agrícola no cerrado piauiense, iniciada nos anos 1990, comandada
pelo agronegócio, consubstancia-se como o fenômeno responsável por transformações
socioespaciais que atingem diretamente os modos de vida do agricultor familiar, o qual
consiste em um ator social calcado nas virtudes da sociedade camponesa. Nesse sentido, faz-se necessário investigar Uruçuí, em virtude da atividade agrícola familiar no município
anteceder a instalação do agronegócio, por ser pioneiro em abrigar empreendimentos
graníferos e a disponibilizar infraestrutura para o agronegócio e liderar o ranking de
municípios com o melhor PIB per capita – desempenho decorrente do Valor Adicionado
(VA) da agropecuária. Sendo assim, a questão norteadora da investigação conforma-se em
como se manifesta a interferência da agricultura empresarial sobre os modos de vida dos
agricultores familiares? Com vistas a responder essa problemática, tem-se como hipótese a
concepção de que a expansão do agronegócio em Uruçuí, por meio do planejamento
produtivo e do gerenciamento, que inclui o uso sistemático de inovações tecnológicas e
redução da força de trabalho, repercutiu em alterações nos modos de vida dos agricultores
familiares, redundando na reconversão dos saberes, objetos e técnicas para reinseri-los em
novas condições de produção e de consumo que se traduzem no hibridismo do tradicional
com o moderno. O objetivo geral centrou-se na análise do processo de
territorialização/desterritorialização/reterritorialização provocado pela agricultura empresarial
nos modos de vida dos agricultores familiares de Uruçuí. Especificamente debateu-se teórica
e conceitualmente agronegócio, agricultura familiar, modos de vida e território;
contextualizou-se os fatores inerentes à expansão da agricultura empresarial em Uruçuí;
caracterizou-se a agricultura familiar uruçuiense nas dimensões sociais, econômicas, culturais
e ambientais; identificou-se na agricultura familiar influências do modelo empresarial de
agricultura em larga escala; e discutiu-se as implicações do agronegócio na reprodução da
agricultura familiar do município. A metodologia desse estudo qualiquantitativo sustentou-se
nos métodos dialético, comparativo e etnogeográfico, cujos procedimentos técnicos basearam-se nas pesquisas bibliográfica, documental e levantamento, como também na aplicação de
formulários e entrevistas semiestruturadas com 254 agricultores familiares, três fazendeiros,
uma líder sindical, um gestor público e um técnico extensionista. Concluiu-se que a instalação
do agronegócio em Uruçuí foi condicionada por fatores como baixo preço da terra,
infraestrutura, favorabilidades de clima, solo, topografia e hidrografia, e pela existência de um
atrativo mercado consumidor regional. E que o contato dos agricultores familiares com o
agronegócio, acarretou processos socioculturais de hibridação, marcados por uma eficácia
performativa restrita, devido às limitações de assistência técnica, crédito, terras e da
precariedade dos objetos tecnoprodutivos empregados nas roças, e caracterizados por um
patrimônio de saberes e práticas tradicionais que não negava a modernidade, o que confirmou
a hipótese, e ao mesmo tempo, expressou a necessidade de ações e intervenções públicas
efetivas, visando a emancipação e potencialização da pequena produção no município...............ABSTRACT:
The agricultural border’s expansion in the Cerrado biome of Piauí State, which began in the
1990s, led by the agribusiness, constitutes itself as the phenomenon responsible for socio-spatial transformations that directly affect the family farmers’ livelihoods, which consists of a
social agent integrated to the virtues of peasant society. In this sense, it is necessary to
investigate Uruçuí, because the family farming occurs prior to the agribusiness in this town,
for being one of the first to house grain sorghum enterprises and to provide infrastructure for
agribusiness and lead the ranking of cities with the best GDP per capita - performance due to
the Value Added (VA) of agriculture. Thus, the main question of the research is set in how the
interference of commercial agriculture gets manifested in the livelihoods of family farmers?
In order to answer this problem, It has had as hypothesis the conception that the expansion of
agribusiness in Uruçuí, through production planning and management, that includes the
systematic use of technological innovation and reduction of the workforce, reflected in
changes in the family farmers' livelihoods, resulting in the reconversion of knowledge, objects
and techniques to reinsert them into new conditions of production and consumption that result
in the hybridity of the traditional and the modern. The overall objective focused on the
analysis of the process of territorialization/deterritorialization/reterritorialization caused by
corporate farming in the livelihoods of family farmers from Uruçuí city. Specifically, it was
discussed theoretically and conceptually, the agribusiness, the family farming, livelihoods and
territory; it was contextualized the factors inherent to the expansion of corporate farming in
Uruçuí; The family farming from Uruçuí was characterized in social, economic, cultural and
environmental dimensions; it was identified in family farming, influences of business model
of large-scale agriculture; and it was also discussed the implications of agribusiness in the
reproduction of family farming in Uruçuí city. The methodology of this qualitative and
quantitative study was based on dialectical, comparative and ethnogeographic methods,
whose technical procedures were based on bibliographic research, documentary research and
information gathering, as well as on the use of forms and semi -structured interviews with 254
family farmers, three farmers, a union leader, a public manager and an extensionist. It was
concluded that the agribusiness materialization in Uruçuí city was conditioned by factors such
as low price of land, infrastructure, suitable climate, soil, topography and hydrography, and
the existence of an attractive regional consumer market. And that the contact of family
farmers with agribusiness, resulted in sociocultural processes of hybridization, characterized
by a restricted performative effectiveness, due to limitations in technical assistance, credit,
land and to precariousness of the work tools used in the small farms, and characterized by a
patrimony of local knowledge and traditional practices that did not reject the modernity,
which confirmed the hypothesis, and at the same time, expressed the need for action and
effective public interventions aiming the emancipation and empowerment of smallhoder
production in Uruçuí city....................RESUMEN:
La expansión de la frontera agrícola en el cerrado piauiense, empezada en los años 1990,
comandada por el agronegocio, se consustancia como el fenómeno responsable por cambios
socio-espaciales que alcanza directamente los modos de vida del agricultor familiar, el cual
consiste en un actor social calcado en las virtudes de la sociedad campesina. En ese sentido,
se hace necesario investigar Uruçuí, en virtud de la actividad agrícola familiar en el pueblo
preceder el agronegocio, por haber sido uno de los primeros a abrigar emprendimientos
graníferos y a tornar disponible infraestructura para el agronegocio y liderar el ranking de
pueblos con el mejor PIB per capita – desempeño decurrente del Valor Adicionado (VA) de
la agropecuaria. Siendo así, la cuestión orientadora de la investigación se conforma en cómo
se manifiesta la interferencia de la agricultura empresarial sobre los modos de vida de los
agricultores familiares. Con vistas responder esa problemática, se tiene como hipótesis la
concepción de que la expansión del agronegocio en Uruçuí, por medio del planeamiento
productivo y del gerenciamiento, que incluye el uso sistemático de innovaciones tecnológicas
y reducción de la fuerza de trabajo, repercutió en alteraciones en los modos de vida de los
agricultores familiares, redundando en la reconversión de los saberes, objetos y técnicas para
que los reinserten en nuevas condiciones de producción y de consumo que se traducen en el
hibridismo del tradicional con lo moderno. El objetivo general se centró en el análisis del
proceso de territorialización/desterritorialización/reterritorialización provocado por la
agricultura empresarial en los modos de vida de los agricultores familiares de Uruçuí.
Específicamente se debatió teórica y conceptualmente agronegocio, agricultura familiar,
modos de vida y territorio; se contextualizó los factores inherentes a la expansión de la
agricultura empresarial en Uruçuí; se caracterizó la agricultura familiar uruçuiense en las
dimensiones sociales, económicas, culturales y ambientales; se identificó en la agricultura
familiar influencias del modelo empresarial de agricultura en gran escala; y se discutió las
implicaciones del agronegocio en la reproducción de la agricultura familiar del pu eblo. La
metodología de ese estudio cualicuantitativo se sustentó en los métodos dialéctico,
comparativo y etno-geográfico, cuyos procedimientos técnicos se basaron en las
investigaciones bibliográfica, documental y levantamiento, como también en la aplicación de
formularios y entrevistas semiestruturadas con 254 agricultores familiares, tres fazendeiros,
una lider sindical, un gestor público y un técnico extensionista. Se concluyó que la instalación
del agronegocio en Uruçuí fue condicionada por factores como bajo precio de la tierra,
infraestructura, favorabilidades de clima, suelo, topografía e hidrografía, y por la existencia de
un atractivo mercado consumidor regional. Y que el contacto de los agricultores familiares
con el agronegocio, originó procesos socioculturales de hibridación, marcados por una
eficacia performativa restricta, debido a las limitaciones de asistencia técnica, crédito, tierras
y de la precariedad de los objetos tecno-productivos empleados en los campos, y
caracterizados por un patrimonio de saberes y prácticas tradicionales que no negaba la
modernidad, lo que confirmó la hipótesis, y al mismo tiempo, expresó la necesidad de
acciones e intervenciones públicas efectivas, visando la emancipación y potenciación de la
pequeña producción en el pueblo.