ESTUDO DE ASSOCIAÇÃO DE POLIMORFISMOS DOS GENES GSTM1, GSTT1 E GSTP1 COM SUSCETIBILIDADE AO USO ABUSIVO DO ÁLCOOL EM UMA POPULAÇÃO DO NORDESTE BRASILEIRO.

Abstract

RESUMO: A dependência alcoólica (DA) é definida como um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após frequente uso do álcool, culminando em forte desejo de consumo, dificuldade em controlar sua utilização, tolerância, entre outros. Fatores genéticos são responsáveis pela variação na dependência do álcool em alguns grupos e indivíduos vulneráveis. As Glutationas S-Transferases (GSTs) são enzimas de fase II de metabolização que estão envolvidas na detoxificação de xenobióticos, entre eles o álcool. Polimorfismos em genes codificadores de GSTs, GSTT1*0, GSTM1*0, e GSTP1 Ile105Val (rs 1695), estão associados com a diminuição ou perda de função enzimática, ocasionando a diminuição da capacidade de detoxificação, levando ao aumento da sensibilidade aos efeitos dessas genotoxinas. Esse estudo buscou analisar a associação dos polimorfismos GSTT1*0, GSTM1*0 e GSTP1 Ile105Val (rs 1695), na suscetibilidade ao desenvolvimento de DA em uma população masculina do nordeste brasileiro, num estudo de caso-controle, no qual se incluiu 138 alcoolistas e 145 controles. A detecção dos polimorfismos foi realizada pelas técnicas de PCR multiplex (GSTM1 e GSTT1) e PCR-RFLP (GSTP1), seguidas de eletroforese em gel de agarose. As frequências genotípicas e alélicas foram submetidas aos testes do qui-quadrado, exato de Fisher e Odds Ratio com p<0,05. Na presente investigação houve uma associação positiva entre a baixa escolaridade e o uso nocivo de bebidas alcoólicas (p=0,05). Nossos achados evidenciaram que indivíduos com histórico familiar de uso abusivo do álcool apresentaram maior frequência no grupo de alcoolistas em relação ao controle com p<0,0001, sugerindo que exista uma transmissão herdável de transtornos de abuso de álcool em nossos indivíduos bebedores. Não houve significância estatística em nenhuma das associações dos polimorfismos isoladamente ou combinados com DA. Na análise do polimorfismo GSTT1*0 entre alcoolistas fumantes (31,65%) e controles fumantes (55,56%) houve significância estatística quando comparado os dois grupos (p=0,02). A ausência de associação de risco ou proteção a DA dos polimorfismos neste trabalho, não exclui totalmente a possibilidade de associação destes genes no desenvolvimento de dependência ao álcool...............ABSTRACT: Alcohol dependence (AD) is defined as a set of behavioral, cognitive and physiological phenomena that develop after frequent use of alcohol, culminating in a strong desire for consumption, difficulty controlling their use, tolerance, among others. Genetic factors are responsible for the variation in alcohol dependence in some groups and vulnerable individuals. Glutathione S-Transferases (GSTs) are a group of metabolizing phase II enzymes, which are, involved in detoxication of xenobiotics, among them the alcohol. Polymorphisms in coding genes of GSTs, GSTM1*0, GSTM1*0 and GSTP1 Ilel05Val (rs 1965), are associated with a decrease or loss of enzymatic function, leading to decreased detoxication capacity, leading to increased sensitivity to the effects o these genotoxins. This study looked for the analysis of the association of the polymorphisms GSTP1*0, GSTM1*0 and GSTP1 Ilel05Val (1965), in the susceptibility to the development of AD in a male population of the Brazilian Northeast, in a case-control study, which covered 138 alcoholics and 145 controls. The detection of polymorphisms was performed by multiplex PCR techniques (GSTM1 and GSTT1) and PCR-RFLP (GSTP1), followed by agarose gel electrophoresis. The genotyped frequencies were submitted to the chi-square test, Fisher’s exact and Odds Ratio with p<0.05. In the present investigation there was a positive association between low education and the harmful use of alcoholic beverages (p=0.05). Our findings demonstrate that individuals with a family history of abusive use of alcohol presented higher frequency in the alcoholic group compared to the control with p < 0.0001, suggesting that there is a heritable transmission of alcohol abuse disorders in our drinkers individuals. There were no statistical significance in any of the associations of the polymorphisms alone or combined with AD. In the analysis of the GSTP1*0 polymorphism among smoking alcoholics (31.65%) and smoking controls (55.56%) was statiscally significant when compared the two groups (p=0.02). The absence of risk association or protection from AD of the polymorphisms in this study, not excluding totally the possibility of association of these genes in the development of the AD.