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RESUMO:
A violência de gênero se configura como um grave problema de saúde pública, tendo em vista a dimensão do fenômeno, os gastos públicos e a gravidade das sequelas orgânicas e psicoemocionais que repercutem negativamente na saúde da mulher que a vivencia. Por ser complexa e multifacetada, é necessária a atuação de serviços que formam a rede de apoio e de uma equipe multidisciplinar. Dentre os serviços se destaca o de saúde, no qual a enfermagem tem importante papel na prestação de cuidados. O estudo objetivou compreender as narrativas de vida de mulheres vítimas de violência de gênero. Pesquisa qualitativa que utilizou o método narrativa de vida e a análise temática dos dados segundo Bertaux. A técnica empregada foi a entrevista em profundidade, realizada com nove mulheres vítimas de violência de gênero atendidas pela Defensoria Pública e Casa Abrigo no período de outubro a novembro de 2014. Foram identificadas cinco categorias temáticas: vivência da violência de gênero na infância; relatos da violência na relação conjugal; permanência e/ou rompimento da relação com o agressor; interfaces da violência de gênero com a saúde; e expectativas da mulher vítima de violência de gênero. As mulheres do estudo desde crianças vivenciavam a violência e o mesmo acontece com seus filhos, caracterizando a intergeracionalidade desta ocorrência. Na relação conjugal, havia a coexistência de mais de um tipo de violência, com destaque para a física e psicológica. O ciúme e uso de álcool e outras drogas foram apontados como fatores desencadeadores dos atos violentos, que têm como causa as questões de gênero e a ordem patriarcal. A dependência emocional e financeira contribuiu para a permanência da mulher na relação com o agressor, a qual foi rompida quando ocorreram agressões físicas graves ou quando a violência foi convergida contra os filhos. A violência repercutiu negativamente na saúde das participantes e dos seus filhos. Contudo, as depoentes esperam um futuro melhor, sem violência, com emprego e de dedicação aos filhos. A partir das narrativas, conclui-se que as mulheres vitimadas e a família necessitam de uma atenção multidisciplinar em saúde, em que a enfermeira deve estar inserida e prestar um cuidado sistematizado, humanizado, holístico e ético. Para romper o ciclo de violência são necessárias ações da rede de apoio que oportunizem o resgate da autoestima, a conquista da autonomia e que proporcionem o empoderamento da mulher vítima de violência de gênero. ABSTRACT:
Gender violence is configured as a serious public health problem, given the phenomenon’s dimension, public spending and the severity of organic and psycho-emotional sequelae that impact negatively on women's health who experiences it. Because it is complex and multifaceted, the performance of services that form the support network and a multidisciplinary team is required. Among the services, highlights the health one, in which nursing plays an important role in providing care. The study aimed to understand the life narratives of women victims of gender violence. Qualitative research that used the life narrative method according Bertaux and thematic analysis of the data. The technique employed was in-depth interviews conducted with nine women victims of gender violence assisted by the Public Defender and Home Shelter from October to November 2014. Five thematic categories were identified: experience of gender violence in infancy; reports of violence in the conjugal relationship; interfaces of gender violence to health; and expectations of women victims of gender violence. The women in the study from children experienced the violence and the same happens to their children, featuring intergenerational this occurrence. In the marital relationship, there was the coexistence of more than one type of violence, especially the physical and psychological. Jealousy and use of alcohol and other drugs were identified as triggers of violent acts, which are caused by gender issues and the patriarchal order. The emotional and financial dependence contributed to the woman's stay in the relationship with the aggressor, which was broken when there were serious injuries or when violence was converged against the sons. The violence reflected negatively on the health of participants and their sons. However, respondents expect a better future, without violence, with employment and dedication to sons. From the narrative, it is concluded that the victimized women and the family require a multidisciplinary health care, in which the nurse must be inserted and provide systematic, humane, holistic and ethical care. To break the cycle of violence actions are required support network actions that give the opportunity for rescue of self-esteem, achievement of autonomy and that provide the empowerment of women victims of gender violence. |
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