Abstract:
RESUMO:
INTRODUÇÃO: As hepatites virais encontram-se entre as mais relevantes doenças transmissíveis endêmico-epidêmicas, devido à sua distribuição universal, heterogeneidade socioeconômica e altas taxas de morbimortalidade. A Hepatite B é uma doença infecciosa viral, que tem como agente etiológico um vírus DNA, da família hepadnaviridae. A infecção pelo vírus da hepatite B pode ser considerada uma das principais causas de doença aguda e crônica do fígado. OBJETIVO: investigar a soroprevalência de Hepatite B e os fatores associados em usuários de crack nos CAPSad do Estado do Piauí. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo, transversal realizado no período de dezembro 2011 a maio de 2012, com 353 usuários de crack cadastrados no CAPSad do Piauí. A coleta de dados foi realizada por meio dad aplicação de formulário, observação do cartão de vacina e coleta de sangue para pesquisa dos marcadores sorológicos. Os dados foram digitados e analisados com a utilização do software SPSS versão 19.0. Foram realizadas análises univariadas, por meio de estatísticas descritivas simples e bivariadas mediante utilização do teste de Mann-Whitney e qui-quadrado, com nível de significância (p<0,05). RESULTADOS: Predominou o sexo masculino (84,1%), com média de idade 29,4 anos, solteiros (68,6%), renda pessoal de até um salário mínimo (29,2%). Quanto ao consumo do crack, o tempo de uso foi acima de 37 meses (52,4%), com frequência de uso diário (55,8%). O mesclado foi o material mais utilizado para fabricação do cachimbo (55,8%), o qual era compartilhado pela maioria (72,2%). Quanto ao padrão de consumo de outras drogas, 13% fizeram uso de drogas injetáveis, 41,3% compartilharam agulha/seringas, 82,7% fizeram uso de bebida alcoólica e 95,8% de outras drogas. Em relação ao comportamento sexual, 78,2% costumavam ter relações sexuais somente com mulheres, 47,5% se relacionando com apenas um parceiro, 54,3% faziam uso frequente de camisinha. A troca da prática de sexo por dinheiro foi relatada por 61,2%. A realização de transfusão sanguínea foi relatada por 8,8%; uso de tatuagem, 59,2%. Em relação às informações que possuíam sobre a infecção, 69,4%, ouviram falar d’a hepatite B, porém, apenas 14,4% sabiam a forma de transmissão, e 59,8% não sabiam da existência da vacina. Quanto aos marcadores sorológicos, 4,2% foram reagentes para HBsAg, 9,6% para o anti-HBc total, 2,0% para o anti-HBcIgM e 19,3% para o anti-HBs. No tocante à situação vacinal contra a hepatite B, observou-se que apenas 3,7% apresentaram as três doses. Houve associação estatística significativa com Anti-HBcTotal e as variáveis uso de outras drogas e histórico de doença sexualmente transmissíveis (p≤0,05). CONCLUSÃO: Os achados ressaltam a necessidade de implementar políticas públicas votadas aos usuários de crack, tanto relacionadas com as práticas preventivas do uso da droga quanto à sexualidade, a fim de que, cada vez mais, os usuários de drogas se conscientizem dos danos que elas podem causar em suas vidas. ABSTRACT:
Background: Viral hepatitis is one of the most transmissible endemic and epidemic disease due to its universal distribution, socio-economical heterogeneity and high rates of morbidity and mortality. Hepatitis B is an infectious viral disease, which is composed by an etiologic agent. It is a DNA virus from Hepadnaviridae family. Infection by Hepatitis B virus (HBV) can be considered one of the main causes for acute and chronic liver disease. OBJECTIVE: To evaluate the seroprevalence of Hepatitis B and its reaction among crack users in the CAPSad of the State of Piaui – Brazil. METHODOLOGY: This is a descriptive and cross-sectional study, between the periods of November, 2011 to May, 2012. This study involved 353 crack user registered at CAPSad from the State of Piauí – Brazil. Data collection was performed through the application form, note card vaccine and blood collection for research of serological markers. Data were entered and analyzed using SPSS software, version 19.0. Univariate analyses were made through simple and bivariate descriptive statistics, by using the Mann-Whitney and chi-square test, with significance level (p<0,05). RESULTS: Male sex was predominant (84,1%), the mean age was 29,4 years old, they were single (68,6%), and their personal income was lower than a minimum wage (29,2%). Regarding to the consumption of crack, the average period of drug consumption was over 37 months (52,4%), some of them consumed drugs daily (55,8%). Some of the users use a paper as the material to manufacture the pipe (55,8%), in which it was shared by many users (72,2%). Regarding to the consumption of other kinds of drugs, 13% had used injection drug, 58,7% did not share needles or syringes; 82,7% had used alcoholic drug and 95,8% had consumed other kind of drugs. By analyzing sexual behavior, 78,2% were used to have sex only with women, in which 47,5% had sex with only one partner, 54,3% made frequent use of condoms. Most of interviewed people stated to exchange money for sexual relationship (61,2%). Blood transfusion was reported 8,8%, and 59,2% had some tattoo. Regarding to info about infections, 69,4% had already heard about hepatitis B, but only 14,4% knew about its transmission and 59,8% did not know about the existence of a vaccine. Regarding to serological markers 4,2% was positive to HBsAg, 9,6% was positive to total anti-HBc, 2,0% was positive to anti-HBcIgM and 19,3% was positive to anti-HBs. Regarding to vaccination of hepatitis B virus observed that only 3,5% had three vaccine doses. There were a significant statistical association among Anti-HBc and HBsAG, Anti-HBcIgM, and Anti-HBS markers (p≤0,05). CONCLUSION: The results highlight the need to implement public policies to crack users, policies about drug use prevention and about sexuality, in order to, become users more conscious of the damage that drug can do and about the risks that this sexual behavior can cause on their lives.