Abstract:
RESUMO:A presente dissertação discorreu sobre os impactos do neoliberalismo e da
precarização estrutural do trabalho no Direito Trabalhista brasileiro. Inicialmente, foi
discutido o local do Brasil nas relações internacionais. Através da compreensão dos
processos de colonialismo, dependência e desenvolvimento desigual e combinado,
podemos compreender que a precariedade é um elemento constitutivo do trabalho e
da classe trabalhadora no Brasil. Desde a década de 1990, vimos que consolida-se
o paradigma neoliberal, o sequestro dos fundamentos e objetivos constitucionais de
1988, que sequer chegaram a ser efetivados para todas e todos, e a
desconstitucionalização do Direito do Trabalho, levando à permanência do Estado
de Exceção como forma jurídica do neoliberalismo. Por fim, o presente trabalho
buscou entender os processos de terceirização e Reforma Trabalhista no Brasil
como expressão da flexibilização e a uberização como manifestação da
desregulamentação das relações trabalhistas, o que consolida o Direito do Trabalho
de Exceção. No entanto, para além do Direito do Trabalho de Exceção, as
resistências protagonizadas por trabalhadores uberizados pelo mundo demonstram
que a solidariedade de classe pode ser uma arma contra a precarização estrutural
do trabalho. Nesse sentido, o papel do Estado Social brasileiro, nos termos do artigo
193 da Constituição da República, é organizar, considerando os elementos
estruturantes da desigualdade das condições de trabalho, com sindicatos,
associações, movimentos sociais e partidos políticos um projeto máximo de
dignidade humana para todos e todas, da máxima felicidade social e erradicação
das desigualdades. Em contraposição à lógica concorrencial imposta a todos os
domínios da vida pela Estado neoliberal, o Estado social a ser conquistado deverá
ter como objetivo o rompimento com o colonialismo e o capitalismo que explora e
reifica o trabalho humano, para que seja possível a reconstrução das relações de
trabalho num projeto amplo de dignidade humana.
ABSTRACT:This dissertation discussed the impacts of neoliberalism and the structural
precariousness of work in Brazilian Labor Law. Initially, the place of Brazil in
international relations was discussed. Through an understanding of the processes of
colonialism, dependence and uneven and combined development, we can
understand that precariousness is a constitutive element of work and the working
class in Brazil. Since the 1990s, we have seen the consolidation of the neoliberal
paradigm, the hijacking of the constitutional foundations and objectives of 1988,
which were not even implemented for everyone, and the deconstitutionalization of the
Labor Law, leading to the permanence of the State of Exception as a legal form of
neoliberalismo. Finally, this study sought to understand the outsourcing and Labor
Reform processes in Brazil as an expression of flexibilization and uberization as a
manifestation of the deregulation of labor relations, which consolidates the
Exceptional Labor Law. However, in addition to the Exceptional Labor Law, the
resistance carried out by workers uberized around the world demonstrates that class
solidarity can be a weapon against the structural precariousness of work. In this
sense, the role of the Brazilian Social State, pursuant to article 193 of the
Constitution of the Republic, is to organize, considering the structuring elements of
inequality in working conditions, with unions, associations, social movements and
political parties a maximum project of dignity human being for all, of maximum social
happiness and the eradication of inequalities. In contrast to the competitive logic
imposed on all areas of life by the neoliberal state, the social state to be conquered
should aim at breaking away from colonialism and capitalism that explores and reifies
human work, so that the reconstruction of relationships in work is possible in a broad
project of human dignity.