CONSUMO DE AÇÚCAR EXTRÍNSECO E EXPERIÊNCIA DE CÁRIE DA INFÂNCIA À ADOLESCÊNCIA

Abstract

RESUMO: O consumo de açúcar está relacionado com a ocorrência de cárie dentaria, mas poucos são os estudos prospectivos que avaliam o efeito da dieta sobre a doença na transição da infância para a adolescência. Este estudo de coorte investigou a relação entre dieta e cárie em adolescentes com alta ingestão de açúcar na infância. A coorte foi composta por escolares de uma Instituição Privada de Ensino do municipio de Teresina, Piauí, Brasil. Na primeira fase, 220 crianças na faixa etária de 3 a 5 anos foram examinadas e os pais responderam questionário sócio-demografico e de frequência de consumo de alimentos (QFCA), avaliação dos alimentos consumidos no lanche escolar e cuidados de higiene bucal. Após 10 anos, os adolescentes, na faixa etária de 13 a 15 anos foram reavaliados. Os pais responderam questionário sócio-demografico e os adolescentes o QFA. Os exames clínicos foram realizados por um único examinador (Kappa = 0,96), utilizando CPO-D para avaliação de cárie dentaria. Dos 176 escolares reexaminados, 61,4% eram do sexo feminino. O consumo de açúcar extrínseco permaneceu semelhante em casa, porém foi maior o consumo de doces no lanche escolar (p=0,011). Na segunda avaliação houve uma redução para 50% no consumo de açúcares. Houve aumento da frequência de escovação (p=0,011), e o intervalo da última visita ao dentista permaneceu inalterado. A experiência de cárie aumentou (p=0,038), porém prevaleceu a baixa severidade. Vinte por cento das crianças livres de cárie na dentição decídua desenvolveram a doença na dentição permanente. Quanto maiores o consumo de alguns alimentos contendo açúcar ao longo da vida e tempo decorrido da última de visita ao dentista, mais elevada a experiência de cárie dentária em adolescentes.