Abstract:
RESUMO: Introdução: A pandemia da COVID-19 apresenta desafios significativos devido à tendência
para uma ampla variedade de apresentações clínicas e complicações. As taxas de gravidade e
mortalidade dessa doença são afetadas por diversos fatores, como doenças respiratórias,
diabetes e hipertensão, e principalmente as coinfecções, que podem contribuir para o aumento
dos custos, do tempo de internação e da mortalidade intra-hospitalar dos pacientes. O alto uso
de antimicrobianos, observado durante a pandemia da COVID-19 exerceu uma pressão seletiva
sobre os micro-organismos, levando ao agravamento da resistência antimicrobiana. Objetivo:
Analisar a ocorrência de coinfecção microbiana de pacientes internados com SARS-CoV-2.
Metodologia: Estudo multimétodos, desenvolvido em duas etapas: 1. Estudo Bibliométrico
acerca do tema abordado; 2. Estudo transversal analítico e retrospectivo segundo as diretrizes
Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE), realizado
em um hospital universitário localizado na região nordeste do Brasil, por meio do prontuário
no período de 15 de março de 2020 a 31 de dezembro de 2021. Foram incluídos indivíduos com
idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos, que foram admitidos com diagnóstico de
COVID-19 confirmado por teste RT-PCR para SARS-CoV-2. Foram excluídos pacientes sem
informações em relação aos desfechos disponíveis no sistema, bem como pacientes transferidos
ou que tiveram alta por evasão. A coleta foi realizada por meio de um formulário subdividido
em cinco partes. As análises estatísticas foram realizadas com o suporte do aplicativo Excel da
Microsoft, exportadas para a linguagem de programação estatística R (versão 4.3.1). Todos os
aspectos éticos citados na Resolução no 466 de 2012 do Conselho Nacional em Saúde foram
seguidos, e o estudo foi aprovado com o número de parecer 5.906.656. Resultados: Na análise
bibliométrica, foram avaliados 208 artigos, sendo 42 publicados em 2020, 82 em 2021 e 83 em
2022. Foram reconhecidas 132 revistas científicas diferentes, e os artigos foram produzidos por
1.660 autores de 58 países. Os 208 artigos foram citados 2567 vezes, com uma média de 12,3
citações por item. No estudo transversal, foram identificados 904 pacientes com diagnóstico
laboratorial confirmado de COVID-19. A média de idade de todos os pacientes foi de 66,0
(±16,9) anos, 511(56,6%) era do sexo masculino, 336 (37,3%) casados ou em união estável
(292; 32,3%). Em relação aos desfechos dos pacientes, a alta hospitalar foi observada em 474
(52,9%) casos, seguida 412 (45,6%) casos óbito por COVID-19 em e 14 (1,5%) por outras
causas de óbitos. A ocorrência de coinfecção foi de 29,9% entre os pacientes internados.
Pacientes que evoluíram para óbito devido à COVID-19 tiveram um menor tempo de
internação, com média de 15,7 dias, além de apresentarem choque séptico, complicações renais,
digestivas, cardiovasculares e respiratórias. Das infecções relacionadas à assistência à saúde
laboratorialmente confirmadas, 47% foram provenientes de amostras de hemoculturas. As
bactérias gram-negativas foram as mais prevalentes, representando 236(48,3%) casos das
infecções, seguidas pelas bactérias gram-positivas (156; 31,4%) e fungos (105; 21,1%). As
bactérias gram-negativas prevalentes foram P. Aeruginosa sp., Acinetobacter spp e Klebsiella
spp., sendo resistentes a cefalosporinas. As bactérias gram-positivas identificadas neste estudo
foram Staphylococcus spp. resistentes a macrolídeos. Entre as amostras fúngicas, destacou-se
Candida spp. Dos 904 pacientes, 863 (95%) utilizaram antimicrobianos, com destaque para
piperacilina+tazobactam, azitromicina, meropenem, vancomicina e ivermectina. Conclusão: A
dinâmica e evolução e as tendencias de informação da ciência relatou a etiologia das
coinfecções, podem ser causadas por bactérias, outros vírus, fungos e por vetores. A coinfecção
microbiana de pacientes internados com COVID-19 foi de 29,9%. O desfecho de pacientes
internados com SARS-CoV-2 evidenciou um elevado índice de mortalidade entre os pacientes
colonizados por micro-organismos multirresistentes em indivíduos hospitalizados por COVID-
19. A implantação de políticas de prevenção de infecções e o gerenciamento do uso correto de
antimicrobianos são essenciais para alcançar menores taxas de letalidade nesta e em outras
populações que necessitam de internação hospitalar.
ASTRACT: Introduction: The COVID-19 pandemic presents significant challenges due to the tendency
for various clinical presentations and complications. The severity and mortality rates of this
disease are affected by several factors, such as respiratory diseases, diabetes, hypertension, and
mainly co-infections, which can contribute to increased costs, length of stay, and in-hospital
mortality of patients. The high use of antimicrobials, observed during the COVID-19 pandemic,
has exerted selective pressure on microorganisms, worsening antimicrobial resistance.
Objective: To analyze the occurrence of microbial co-infection in patients hospitalized with
SARS-CoV-2. Methodology: Multi-method study, developed in two stages: 1. Bibliometric
study on the topic covered; 2. Analytical and retrospective cross-sectional study according to
the Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE)
guidelines, carried out in a university hospital located in the northeast region of Brazil, using
medical records from March 15, 2020, to December 31, 2021. Individuals aged 18 years or
over, of both sexes, who were admitted with a diagnosis of COVID-19 confirmed by RT-PCR
test for SARS-CoV-2 were included. Patients without information regarding the stages
available in the system were excluded and transferred or discharged due to evasion. The
collection was carried out using a form subdivided into five parts. Statistical analyses were
performed with the support of the Microsoft Excel application and exported to the statistical
programming language R (version 4.3.1). All ethical aspects mentioned in Resolution No. 466
of 2012 of the National Health Council were followed, and the study was approved with opinion
number 5,906,656. Results: In the bibliometric analysis, 208 articles were evaluated, 42 of
which were published in 2020, 82 in 2021, and 83 in 2022. One hundred thirty-two different
scientific journals were recognized, and the articles were produced by 1,660 authors from 58
countries. The 208 articles were cited 2,567 times, with an average of 12.3 requests per item.
In the cross-sectional study, 904 patients with a laboratory-confirmed diagnosis of COVID-19
were identified. The mean age of all patients was 66.0 (±16.9) years; 511 (56.6%) were male,
and 336 (37.3%) were married or in a stable relationship (292; 32, 3%). Regarding patient
outcomes, hospital discharge was observed in 474 (52.9%) cases, followed by 412 (45.6%)
cases of death due to COVID-19 and 14 (1.5%) due to other causes of death. The occurrence
of co-infection was 29.9% among hospitalized patients. Patients who died due to COVID-19
had a shorter hospital stay, an average of 15.7 days, in addition to experiencing septic shock
and renal, digestive, cardiovascular, and respiratory complications. Of the laboratory-confirmed
healthcare-associated infections, 47% came from blood culture samples. Gram-negative
bacteria were the most prevalent, representing 236 (48.3%) cases of infections, followed by
Gram-positive bacteria (156; 31.4%) and fungi (105; 21.1%). The prevalent gram-negative
bacteria were P. Aeruginosa sp., Acinetobacter spp, and Klebsiella spp., which were resistant
to cephalosporins. The gram-positive bacteria identified in this study were Staphylococcus spp.
Macrolide-resistant. Among the fungal samples, Candida spp. Stood out. Of the 904 patients,
863 (95%) used antimicrobials, especially piperacillin+tazobactam, azithromycin, meropenem,
vancomycin, and ivermectin. Conclusion: The dynamics, evolution, and trends in scientific
information related to the etiology of co-infections can be caused by bacteria, other viruses,
fungi, and vectors. The microbial co-infection of patients hospitalized with COVID-19 was
29.9%. The outcome of patients hospitalized with SARS-CoV-2 showed a high mortality rate
among patients colonized by multidrug-resistant microorganisms in individuals hospitalized for
COVID-19. Implementing infection prevention policies and managing the correct use of
antimicrobials is essential to achieve lower mortality rates in this and other populations that
affect hospital admission.