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RESUMO: As leishmanioses são um conjunto de doenças parasitárias causadas por protozoários do gênero
Leishmania, estando entre as cinco doenças negligenciadas mais importantes. Estudos recentes
indicam que a gravidade das leishmanioses em diferentes espécies pode ser influenciada pela
presença do Leishmania RNA Virus (LRV 1 e LRV 2). Ambos os vírus de RNA aumentam a
replicação do parasita, sua patologia e a gravidade das lesões. Os medicamentos utilizados no
tratamento das leishmanioses são limitados, onerosos, de administração parenteral, com
duração relativamente longa e relatos de resistência parasitária. A pesquisa e o desenvolvimento
de medicamentos podem levar décadas; nesse contexto, o reposicionamento de fármacos se
apresenta como uma opção para reduzir tempo e custos financeiros, pois consiste em explorar
uma nova atividade farmacológica para uma substância já utilizada. O objetivo deste estudo foi
investigar o potencial terapêutico in vivo do antiviral Oseltamivir (OSV) em microemulsão de
uso tópico para o tratamento da leishmaniose tegumentar cutânea em camundongos BALB/c
infectados com Leishmania major, tanto como monoterapia quanto em combinação com a
Anfotericina B convencional. As formulações foram preparadas e testadas quanto às
características estruturais e organolépticas, além da cinética de liberação. Os camundongos
BALB/c (CEUA/UFPI 750/2022) foram infectados na região da base da cauda com 1 × 106
promastigotas metacíclicas de L. major. Após 40 dias, os animais foram divididos em cinco
grupos (n = 8): controle (tratado com microemulsão vazia), Anf B 3%, OSV 0,5%, OSV 1%, e
OSV 1% + Anf B 1,5%. Os animais foram tratados duas vezes ao dia, por 21 dias consecutivos,
com 50 μL da formulação tópica, e foram avaliados clinicamente quanto ao peso e ao tamanho
das lesões. A eutanásia para coleta de material biológico e ensaios ex vivo foi realizada ao final
do tratamento. A carga parasitária foi avaliada utilizando a técnica de diluição limitante e, após
5 dias de cultura, foi observada a presença ou ausência das formas promastigotas. O sangue
coletado foi utilizado para ensaios de hematócrito e bioquímicos. Os tamanhos médios das
lesões dos grupos ao final do tratamento foram 6,85 mm, 4,52 mm, 4,40 mm, 5,05 mm e 4,82
mm para os grupos Controle, Anf B 3%, OSV 0,5%, OSV 1% e OSV 1% + Anf B 1,5%,
respectivamente. Quanto à carga parasitária nos camundongos, observou-se uma redução
significativa nos parasitas recuperados do local da lesão, especialmente nos grupos Anf B 3%,
OSV 0,5%, OSV 1% e OSV 1% + Anf B 1,5%, quando analisados em escala logarítmica, com
respectivos percentuais de 70%, 76,5%, 72,5% e 70%. O grupo tratado com Anf B 3% exibiu
toxicidade, conforme indicado pelo aumento nos níveis das enzimas bioquímicas
correspondentes às funções renal e hepática, ao contrário dos grupos tratados com Oseltamivir,
tanto como monoterapia quanto em combinação com Anfotericina B, que apresentaram níveis
normais de enzimas séricas. Todos os grupos de tratamento mostraram redução no hematócrito;
no entanto, os grupos tratados com Oseltamivir demonstraram uma diminuição menos
pronunciada. Todos os grupos mantiveram o peso corporal dentro dos intervalos normais. No
exame histopatológico, os grupos de Oseltamivir apresentaram menores graus de alterações
histopatológicas. Os grupos tratados com Oseltamivir, tanto como monoterapia quanto em
combinação com Anfotericina B, mostraram resultados terapêuticos semelhantes ao grupo
tratado com anfotericina B convencional. Em contraste com a Anfotericina B, esses grupos não
apresentaram qualquer toxicidade. Portanto, o uso de Oseltamivir, tanto como monoterapia
quanto em combinação com Anfotericina B, é promissor para o tratamento da leishmaniose
tegumentar cutânea.
ABSTRACT: Leishmaniasis is a group of parasitic diseases caused by protozoa of the genus Leishmania, and
they are among the five most important neglected diseases. Recent studies indicate that the
severity of leishmaniasis in different species may be influenced by the presence of Leishmania
RNA Virus (LRV 1 and LRV 2). Both RNA viruses increase parasite replication, pathology, and
the severity of lesions. The medications used in the treatment of leishmaniasis are limited,
costly, require parenteral administration, have relatively long treatment durations, and there are
reports of parasitic resistance. Research and development of new drugs can take decades. In
this context, drug repositioning appears as an option to reduce time and financial costs, as it
involves exploring new pharmacological activities for substances already in use. The aim of
this study was to investigate the in vivo therapeutic potential of the antiviral Oseltamivir (OSV)
in topical microemulsion for the treatment of cutaneous leishmaniasis in BALB/c mice infected
with Leishmania major, both as monotherapy and in combination with conventional
Amphotericin B (Amf B). The formulations were prepared and tested for structural and
organoleptic characteristics, as well as release kinetics. BALB/c mice (CEUA/UFPI 750/2022)
were infected at the tail base with 1 x 106 metacyclic promastigotes of L. major. After 40 days,
the animals were divided into five groups (n = 8): control (treated with empty microemulsion),
Amf B 3%, OSV 0.5%, OSV 1%, and OSV 1% + Amf B 1.5%. The animals were treated twice
a day for 21 consecutive days with 50 μl of the topical formulation, and were clinically
evaluated for weight and lesion size. Euthanasia for biological material collection and ex vivo
assays was performed at the end of the treatment. The parasitic load was evaluated using the
limiting dilution technique, and after 5 days of culture, the presence or absence of promastigote
forms was observed. The collected blood was used for hematocrit and biochemical assays. The
average lesion sizes of the groups at the end of the treatment were 6.85 mm, 4.52 mm, 4.40
mm, 5.05 mm, and 4.82 mm for the Control, Amf B 3%, OSV 0.5%, OSV 1%, and OSV 1% +
Amf B 1.5% groups, respectively. Regarding the parasitic load in the mice, a significant
reduction in parasites recovered from the lesion site was observed, especially in the Amf B 3%,
OSV 0.5%, OSV 1%, and OSV 1% + Amf B 1.5% groups, when analyzed on a logarithmic
scale, with respective percentages of 70%, 76.5%, 72.5%, and 70%. The group treated with
Amf B 3% exhibited toxicity, as indicated by increased levels of biochemical enzymes
corresponding to renal and hepatic functions. In contrast, the groups treated with Oseltamivir,
both as monotherapy and in combination with Amphotericin B, showed normal serum enzyme
levels. All treatment groups showed a reduction in hematocrit; however, the groups treated with
Oseltamivir demonstrated a less pronounced decrease. All groups maintained total body weight
within normal ranges. Histopathological examination revealed that the Oseltamivir-treated
groups had less severe histopathological alterations. The groups treated with Oseltamivir, both
as monotherapy and in combination with Amphotericin B, showed therapeutic results similar
to the group treated with conventional Amphotericin B. In contrast to Amphotericin B, these
groups did not show any toxicity. Therefore, the use of Oseltamivir, both as monotherapy and
in combination with Amphotericin B, is promising for the treatment of cutaneous leishmaniasis. |
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