Abstract:
RESUMO
A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença tropical, parasitária e negligenciada, que afeta
seres humanos e diversos animais vertebrados, apresentando alta morbidade e mortalidade. O
cão doméstico (Canis lupus familiaris) é reconhecido como o principal reservatório urbano
doméstico da doença. Uma resposta imune específica ao parasita é essencial para a proteção do
animal infectado, uma vez que a resposta deficiente de células T e a falta de ativação de
macrófagos estão associadas à susceptibilidade e a progressão da forma doença grave da
infecção. A vacinação é um caminho promissor para proteger vertebrados contra a LV, servindo
tanto como imunoprofilaxia para prevenir a infecção quanto como imunomodulador para
mitigar a doença grave. Neste estudo, avaliamos a resposta imune em cães naturalmente
infectados tratados com Leish-110f+SLA-SE, um candidato a vacina composto por uma
poliproteína, associada a um agonista do receptor Toll-like 4 como adjuvante. Comparamos
amostras de baço de 19 cães naturalmente infectados com L. infantum, divididos em três grupos
experimentais: Grupo 1 - Alopurinol: animais tratados com alopurinol de forma isolada (20
mg/kg, via oral, uma vez ao dia, durante 90 dias); Grupo 2 - Leish F2+ SLA-SE: receberam
injeções subcutâneas com a formulação Leish110f combinada a um adjuvante lipídico de
segunda geração em emulsão estável (F2+SLA-SE), totalizando seis doses em intervalos de 21
dias, associados com alopurinol oral (20 mg/kg, durante 90 dias); e Grupo 3 - INT- Animais
naturalmente infectados com L. infantum não submetidos a tratamento. Após 365 dias, todos os
animais foram eutanasiados e fragmentos de baço foram coletados para análise. Os animais
tratados apenas com alopurinol apresentaram níveis mais altos de mRNA codificando para IL-
10 e TGF-β com níveis mais baixos de iNOS e TNF-α em comparação com aqueles que
receberam imunoquimioterapia. No entanto, ambos os grupos apresentaram níveis acima dos
observados nos animais de controle não tratados. Notavelmente, os animais tratados com
imunoquimioterapia (alopurinol combinado com o candidato a vacina) demonstraram redução
da carga parasitária e melhora clínica sustentada em comparação tanto ao grupo tratado com
alopurinol quanto ao grupo não tratado. Os resultados sugerem que a imunoquimioterapia com
ix
Leish-F2+SLA-SE associada ao alopurinol aumenta as citocinas implicadas em uma resposta
imune protetora contra L. infantum, contribuindo provavelmente para a melhora clínica além
dos efeitos observados com o alopurinol de forma isolada. Em resumo, esses achados elucidam
os mecanismos subjacentes às melhorias clínicas previamente relatadas por nosso grupo e
fortalecem o argumento de que essa abordagem é uma alternativa terapêutica promissora para
cães com leishmaniose visceral canina. ABSTRACT
Visceral Leishmaniasis (VL) is a significant tropical, parasitic, and neglected disease that
affects men and various vertebrate animals, leading to high morbidity and mortality. The
domestic dog (Canis lupus familiaris) is recognized as the main urban domestic parasite
reservoir. A parasite-specific immune response is crucial to protection, while a deficient T-cell
response and lack of macrophage activation are associated to susceptibility and severe disease.
Vaccination is a promising path to protect vertebrates against VL, serving either as
immunoprohylaxis to prevent infection or as an immunomodulator to mitigate severe disease.
In this study, we evaluate the immune response in naturally-infected dogs treated with Leish-
110f+SLA-SE, a vaccine candidate consisting of a polyprotein, associated to a Toll-like
receptor 4 agonist as adjuvant. We compared spleen samples from 19 dogs naturally infected
with L. infantum divided into three experimental groups: Group 1 - Allopurinol : animals treated
with allopurinol alone (20 mg/kg, orally, once a day, for 90 days); Group 2 - Leish F2+SLA-
SE + Allo: received subcutaneous injections with the Leish110f formulation combined to a
second-generation lipid adjuvant in a stable solution (F2+SLA-SE), totaling six doses at 21day
intervals, along with oral allopurinol (20 mg/kg, for 90 days), and Group 3 - INT -Untreated
animals infected with L. infantum without any treatment. After 365 days, all animals were
euthanized and spleen fragments were collected for analysis. The animals treated with
allopurinol alone had higher levels of mRNA coding for IL-10 and TGF-β with lower levels of
iNOS and TNF-α compared to those receiving immunochemotherapy. However, both groups
showed levels above those observed in untreated control animals. Notably, animals treated with
immunochemotherapy (allopurinol combined with the vaccine candidate) demonstrated
reduced parasitic load and sustained clinical improvement compared to both the allopurinol-
treated and the untreated group. The results suggest that immunochemotherapy with Leish-
F2+SLA-SE associated with allopurinol enhances cytokines implicated to a protective anti-
leishmania immune response likely contributing to
xi
clinical improvement beyond the effects observed with allopurinol alone. In summary, these
findings elucidate the mechanisms underlying the clinical improvements previously reported
by our group and strengthen the case for this approach as a promising therapeutic alternative
for dogs with canine visceral leishmaniasis (CVL).
Description:
Autor(a): Kellen Matuzzy Silva de Melo; Orientador (a)Profa. Dra. Aldina Maria Prado Barral (FIOCRUZ/BA); Membro da banca: Profa. Dra. Maria do Socorro Pires e
Cruz (UFPI/ DMV/CCA/ UFPI); Membro da banca: Prof. Dr. Andre Luis Souza dos Santos (UFRJ); Membro da banca: Profa. Dra. Carla Cardozo Pinto de
Arruda (UFMS); Membro da banca: Prof. Dr. Bruno Mendes Roatt (UFOP); Membro da banca: Prof. Dr. Leopoldo Fabricio Marçal do Nascimento (UFPI).