Abstract:
RESUMO
O período colonial brasileiro produziu diversas cartas geográficas e mapas. Esses documentos,
em formato de papel, são frutos da colonização europeia e do contato com as populações
indígenas. Alguns identificam e localizam as populações originais, enquanto outr os não relatam
a presença em terras coloniais portuguesas. Contudo, nesse último caso, por outras fontes e
através de um olhar mais crítico ao mapa, é possível atestar a presença indígena. Como é o caso
do “Mappa Geográfico da Capitania do Piauhy”, do Ajud. Engenheiro Henriques Antônio
Galúcio, de 1760, que contém informações tipológicas bem definidas na legenda. Entre
fazendas, freguesias, sítios e cidades estão dez povoações destruídas, objetos desta pesquisa.
As povoações estão localizadas ao redor do rio Gurguéia e do riacho da Prata, representadas
com uma cruz. Essa mesma simbologia não aparece em nenhum outro local da Capitania e em
nenhum outro mapa posterior. De acordo com a historiografia do Piauí, no vale do Gurguéia
até a data de confecção do mapa, ocorreram pelo menos cinco campanhas armadas de
colonização portuguesa. Como resposta à invasão de seu território, os grupos indígenas também
investiam contra as fazendas e as povoações coloniais, nessa região principalmente os Gueguês,
Akroás e Timbiras. A partir de uma perspectiva da Arqueologia da Paisagem, que visa entender
as micro histórias para então compreender uma história regional, identificamos e localizamos
os locais denominados "povoações destruídas" como antigas fazendas que hoje podem ser
entendidas como sítios arqueológicos do período colonial. Além disso, a linha teórica e
metodológica escolhida possibilitou compreender os processos históricos, culturais e espaciais
que formaram os documentos cartográficos. Através da leitura crítica e espacial desses
documentos se tornou possível localizar para além dos ambientes coloniais, as áreas de presença
indígena. Esse trabalho foi realizado em grande parte em formato remoto usando o SIG como
principal ferramenta e quando possível, fontes cartográficas e escritas já digitalizadas. Esse foco
serve para fomentar o uso do formato digital, propondo a preservação dos documentos e
principalmente a acessibilidade aos dados ali contidos.
ABSTRACT
The Brazilian colonial period produced several geographic charts and maps. These documents,
in paper format, are the result of European colonization and contact with indigenous
populations. Some identify and locate the original populations, while others do not report their
presence in Portuguese colonial lands. However, in the latter case, through other sources and
through a more critical look at the map, it is possible to attest to the indigenous presence. As is
the case with the “Geographic Map of the Captaincy of Piauhy”, by Ajud. Engineer Henriques
Antônio Galúcio, from 1760, which contains well-defined typological information in the
caption. Among farms, parishes, farms and cities, there are ten destroyed villages, the object s
of this research. The villages are located around the Gurguéia river and the Prata creek,
represented with a cross. This same symbolism does not appear anywhere else in the Captaincy
or on any other subsequent map. According to the historiography of Piauí, in the Gurguéia
valley until the date the map was created, there were at least five armed campaigns of
Portuguese colonization. In response to the invasion of their territory, indigenous groups also
attacked colonial farms and settlements, mainly the Gu eguês, Akroás and Timbiras in this
region. From a Landscape Archeology perspective, which aims to understand micro histories
to then understand a regional history, we identified and located the places called "destroyed
settlements" such as old farms that today can be understood as archaeological sites from the
colonial period. Furthermore, the theoretical and methodological line chosen made it possible
to understand the historical, cultural and spatial processes that formed the cartographic
documents. Through a critical and spatial reading of these documents, it became possible to
locate areas of indigenous presence beyond colonial environments. This work was largely
carried out remotely using GIS as the main tool and, when possible, already digitized
cartographic and written sources. This focus served to encourage the use of digital format,
proposing the preservation of documents and especially accessibility to the data contained
therein.