| dc.description.abstract | 
RESUMO
O estudo sobre a prostituição feminina no Brasil não apenas possibilita uma maior visibilidade 
às vivências e às sexualidades periféricas como também realiza uma análise onde corpo, capital, 
poder e vulnerabilidade estão presentes nas relações ali construídas. Este trabalho almeja 
promover uma discussão na relação corpo e gênero analisando a experiência do envelhecer em 
mulheres condicionadas à prostituição de rua na Praça da Bandeira, em Teresina.  Se as 
diferenças sociais registradas no corpo nos fazem ver as  desigualdades das velhices em um 
mesmo Brasil, elas ampliam seu abismo quando o corpo envelhecido também é prostituído. 
Desta forma, questiono aqui o corpo prostituído e seu processo de envelhecimento, 
compreendendo os diversos valores projetados a ele. Que sentidos essas mulheres dão ao seu 
corpo na velhice? Como lidam com as marcas físicas e sociais de seu corpo envelhecido numa 
sociedade de mercado?  Recorto aqui o processo de envelhecimento a partir da menopausa, 
marco simbólico e evento biossocial que produz uma mudança do olhar pra si dessas mulheres.
Gerido por uma redução fenomenológica  (MERLEAU-PONTY, 2018), analiso essa 
experiência utilizando a  interseccionalidade (PISCITELLI, 2008)  como uma ferramenta 
analítica para pensarmos as relações sociais de raça, sexualidades, geração e classes vivenciados 
em seus corpos. Os instrumentos utilizados para o acesso aos relatos foram distribuídos em 
observações participantes, trabalho de campo e entrevistas semiestruturadas, buscando uma 
descoberta contínua em campo. As análises adquiridas evidenciaram as diferentes formas 
encontradas por essas mulheres para lidarem com seu processo de envelhecimento, mesmo 
ainda condicionadas à prostituição, assumindo riscos, julgamentos, mas também exercendo um 
autocuidado, apoiando suas sexualidades não apenas no ato sexual, mas na construção de uma 
autoestima que deem conta das transformações físicas e comportamentais inerentes ao seu 
envelhecer. Discutir corpo, velhice e prostituição é buscar trazer para a sociedade civil a 
possibilidade de múltiplos olhares para nossos corpos e para o envelhecer. É preciso pensarmos 
em velhices múltiplas e produzirmos políticas públicas que abracem essa multiplicidade.
ABSTRACT
The study on female prostitution in Brazil not only provides greater visibility to the experiences 
and peripheral sexualities, but also carries out an analysis where body, capital, power and 
vulnerability are present in the relationships built there. This work aims to promote a discussion 
on the relationship between body and gender, analyzing the experience of aging in women 
conditioned to street prostitution at Praça da Bandeira, in Teresina. If the social differences 
registered in the body make us see the inequalities of old age in the same Brazil, they widen its 
abyss when the aged body is also prostituted. Thus, here I question the prostituted body and its 
aging process, understanding the various values  projected to it. What meanings do these women 
give to their bodies in old age? How do they deal with the physical and social marks of their 
aging body in a market society? Here I outline the aging process from menopause, a symbolic 
landmark and biosocial event that produces a change in the way these women look at 
themselves. Managed by a phenomenological reduction (MERLEAU-PONTY, 2018), I analyze 
this experience using intersectionality (PISCITELLI, 2008) as an analytical tool to think about 
the social relations of race, sexualities, generation and classes experienced in their bodies. The 
instruments used to access the reports were distributed in participant observations, field work 
and semi-structured interviews, seeking a continuous discovery in the field. The analyzes 
acquired evidenced the different ways found by these women to deal with their aging process, 
even though they are still conditioned to prostitution, taking risks, judgments, but also 
exercising self-care, supporting their sexualities not only in the sexual act, but in the 
construction of a self-esteem that take into account the physical and behavioral changes inherent 
to their aging. Discussing the body, old age and prostitution is trying to bring to civil society 
the possibility of multiple looks at our bodies and for aging. We need to think   about multiple 
old age and produce public policies that embrace this multiplicity. | 
pt_BR |