CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS DAS MULHERES QUE FAZEM SEXO COM MULHERES SOBRE A TRANSMISSÃO E A PREVENÇÃO DO HIV/AIDS

Abstract

RESUMO: Introdução: Durante muitos anos, o HIV/Aids foi visto como um problema de gênero, as mulheres não se mostravam como objeto de preocupação. Até hoje muitos profissionais da área da saúde ainda resistem em solicitar a testagem anti-HIV para as suas pacientes, principalmente se essas forem mulheres que fazem sexo com mulheres. Estudos envolvendo o conhecimento sobre transmissão e prevenção do HIV/Aids entre as mulheres que fazem sexo com mulheres ainda são raros e aqueles realizados com outras populações apontam a falta do conhecimento como uma das principais barreiras para a prevenção contra a doença. Objetivo: Avaliar o conhecimento, as atitudes e as práticas relacionadas às formas de prevenção e transmissão do HIV/Aids entre as mulheres que fazem sexo com mulheres residentes no município de Teresina. Metodologia: Foi realizado um estudo epidemiológico, transversal, desenvolvido por meio de um inquérito CAP (Conhecimentos, Atitudes e Práticas). Os dados foram coletados por meio de um questionário disponibilizado tanto em formato físico quanto eletrônico. Construiu-se uma escala para classificar o CAP com atribuições de escores. Fizeram parte da amostra 91 mulheres com idade igual ou superior a 18 anos, residentes em Teresina. O software SPSS for windows (Statistical Package for the Social Sciences), versão 20.0 foi utilizado para processamento dos dados e identificação de associações com significância estatística para p < 0,05. Resultados: A maioria das mulheres da amostra tinha entre 26 e 33 anos; concluiu o ensino médio; tinha renda mensal entre um a quatro salários mínimos; era católica; já viveu com companheira e não vive mais; era parda; tinha “outras” ocupações e manteve relação sexual somente com mulher. Das 91 mulheres entrevistadas sobre a transmissão e prevenção do HIV/Aids, 62 (68%) demonstraram conhecimento regular, 22 (24%) pouco conhecimento. Com relação às atitudes, 57 (63%) apresentaram atitude positiva, 27 (30%) atitude negativa. No que se refere às práticas, 48 (53%) apresentaram prática adequada e 43 (47%), práticas inadequadas. As associações foram avaliadas por meio do teste quiquadrado com níveis de significância de 5%. Houve associação estatística significativa do conhecimento, atitudes e práticas com o grau de escolaridade e religião (p < 0,05). Conclusão: Conclui-se que a maioria da amostra estudada apresentou conhecimento regular e atitudes positivas sobre a transmissão e prevenção do HIV/Aids, no entanto isto não se reverte em práticas adequadas, demonstrando em alguns momentos uma incoerência cognitiva. É de fundamental importância o diagnóstico desses aspectos para o planejamento das políticas públicas, no intuito de contribuir para a formulação de ações efetivas e eficientes envolvendo as formas de prevenção e de transmissão do HIV/Aids, voltadas para essa população. Este estudo pode colaborar para a discussão e validação do roteiro CAP como método adequado para explorar o conhecimento, atitudes e práticas na saúde em mulheres que fazem sexo com mulheres. ABSTRACT: Introduction: For many years, HIV/AIDS was seen as a gender issue, women showed no concern as object. Even today many health professionals still resist requesting HIV testing to their patients, especially if these are women who have sex with women. Studies involving the knowledge about transmission and prevention of HIV/Aids among women who have sex with women are still rare and those conducted with other populations show a lack of knowledge as a major barrier for the prevention of disease. Objective: To evaluate the knowledge, attitudes and practices related to the forms of prevention and transmission of HIV/AIDS among women who have sex with women living in the city of Teresina. Methodology: An cross epidemiological study was conducted and developed through a KAP inquiry (knowledge, attitudes and practices). Data were collected through a questionnaire available in both physical and electronic format. A scale was build to sort the KAP. The sample included 91 women aged over 18 years living in Teresina. The SPSS for Windows (Statistical Package for Social Sciences) version 20.0 was used for data processing and identification of associations with statistical significance at p <0.05. Results: The majority of the sample was between 26 and 33 years; finished high school; had a monthly of 1-4 minimum wages; was Catholic; ever lived with a partner and does not live anymore; has a brown skin color; He had "other" occupations and kept sex only with women. Of the 91 women interviewed about the transmission and prevention of HIV / AIDS, 62 (68%) demonstrated regular knowledge, 22 (24%) lack of knowledge. Regarding attitudes, 57 (63%) showed a positive attitude, 27 (30%) negative attitude. With regard to the practices, 48 (53%) had proper and 43 (47%), practices inadequate. Associations were evaluated using the chi-square test with significance level of 5%. There was statistically significant association of knowledge, attitudes and practices with the level of education and religion (p <0.05). Conclusion: It is concluded that most of the sample presented regular knowledge and positive attitudes about the transmission and prevention of HIV / AIDS, however this does not translate into good practice, showing at times a cognitive inconsistency. It is vital to the diagnosis of these aspects for the planning of public policies in order to contribute to the formulation of effective and efficient actions involving forms of prevention and transmission of HIV / AIDS focused on this population. This study may contribute to the discussion and validation of the CAP script as appropriate method to explore the knowledge, attitudes and practices in health in women who have sex with women.