Abstract:
RESUMO
As intermitências da Sociologia na educação básica e sua reintrodução no currículo escolar através da
Lei n. 11.684/08 impactaram o ensino da disciplina, dentre outras formas, pela: i) dificuldade em
determinar teorias e métodos para seu ensino, e: ii) tardia preocupação com a formação de professores
de Sociologia em cursos exclusivos a esse fim, separados do bacharelado. Nesse caso, foi criada a
licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Estadual do Piauí – Campus Poeta Torquato Neto,
uma das mais recentes do país. Desse modo, problematiza-se como licenciandos de Ciências Sociais na
UESPI/TN exercem diferentes níveis ou tipos de trajetórias para autonomia, desde as complexidades
que envolvem sua formação docente, pelas relações com os professores formadores, colegas, teorias e
métodos para seu ensino, entre outros. Objetivamos compreender o processo de construção de
autonomia intelectual e pedagógica entre licenciandos do referido curso e campus. Para tanto,
realizamos uma revisão bibliográfica acerca dos eixos estruturantes da autonomia profissional: i)
modelos de professores (CONTRERAS, 2012); ii) profissionalidade docente (GIMENO SACRISTÁN,
1999; CONTRERAS, 2012; ROLDÃO, 2005; TARDIF, 2010); iii) reflexividade (DORIGON;
ROMANOWSKI, 2008; SCHÖN, 1997); iv) autonomia profissional (CONTRERAS, 2012). Sob a
abordagem qualitativa, realizamos entrevistas semiestruturadas, via Google Meet e WhatsApp, com sete
licenciandos do último (8º) período do curso, além de observação participante online durante as aulas
destes. A partir da análise de conteúdo, observamos que os licenciandos em Ciências Sociais da
UESPI/TN consideram insuficiente sua formação didático-pedagógica no curso e a criticam por focar-se nas disciplinas teóricas específicas e em pesquisa, mas valorizam a resposta criativa a situações-problema através de metodologias que atraiam o estudante para a disciplina de Sociologia, além de
garantir a construção de conhecimento de forma relacional e significativa, ao passo em que rejeitam
posturas docentes autoritárias. Contudo, tais posturas de autonomia se referem, em sua maioria, ao seu
futuro trabalho docente, refletidas nas expectativas externadas pelos mesmos. Verificou-se, portanto,
que os formandos: i) exercem sua autonomia intelectual e pedagógica em alguns momentos no cotidiano
do curso, além de: ii) terem um modelo ideal de professor, o qual desejam seguir, caso exerçam a
docência: aquele que considera os alunos como construtores de conhecimento, não se limita a transmitir
conteúdos programáticos e promove um ensino democrático e transformador. Desse modo, reconhece-se que este estudo aponta críticas à produção da autonomia intelectual e pedagógica entre licenciandos
em Ciências Sociais, podendo, assim, auxiliar, dentre outras, na implementação de novas oportunidades
didático-pedagógicas para os licenciandos, a fim de suprir as insuficiências apontadas pelos mesmos.
ABSTRACT
The intermittence of Sociology in basic education and its reintroduction into the school curriculum
through Law n. 11,684/08 impacted the teaching of the subject, among other ways, by: i) difficulty in
determining theories and methods for its teaching, and: ii) late concern with the training of sociology
teachers in courses exclusive to this purpose, separate from the bachelor's degree . In this case, the degree
in Social Sciences was created at the State University of Piauí – Campus Poeta Torquato Neto, one of
the most recent in the country. In this way, it is problematized how Social Sciences undergraduates at
UESPI/TN exercise different levels or types of trajectories towards autonomy, from the complexities
that involve their teacher training, through the relationships with the training teachers, colleagues,
theories and methods for their teaching, between others. We aim to understand the process of building
intellectual and pedagogical autonomy between graduates of the aforementioned course and campus.
Therefore, we carried out a bibliographic review about the structuring axes of professional autonomy:
i) teacher models (CONTRERAS, 2012); ii) teaching professionalism (GIMENO SACRISTÁN, 1999;
CONTRERAS, 2012; ROLDÃO, 2005; TARDIF, 2010); iii) reflexivity (DORIGON; ROMANOWSKI,
2008; SCHÖN, 1997); iv) professional autonomy (CONTRERAS, 2012). Under the qualitative
approach, we conducted semi-structured interviews, via Google Meet and WhatsApp, with seven
undergraduates from the last (8th) period of the course, in addition to online participant observation
during their classes. From the content analysis, we observed that undergraduates in Social Sciences at
UESPI/TN consider their didactic-pedagogical training in the course insufficient and criticize it for
focusing on specific theoretical disciplines and research, but they value the creative response to
situations- problem through methodologies that attract the student to the discipline of Sociology, in
addition to guaranteeing the construction of knowledge in a relational and meaningful way, while
rejecting authoritarian teaching postures. However, such postures of autonomy refer, for the most part,
to their future teaching work, reflected in the expectations expressed by them. It was verified, therefore,
that the trainees: i) exercise their intellectual and pedagogical autonomy at some moments in the daily
life of the course, in addition to: ii) having an ideal model of teacher, which they wish to follow, if they
exercise teaching: one who considers students as builders of knowledge, it is not limited to transmitting
syllabus and promotes democratic and transformative teaching. Thus, it is recognized that this study
points to criticisms of the production of intellectual and pedagogical autonomy among undergraduates
in Social Sciences, thus being able to help, among others, in the implementation of new didactic -pedagogical opportunities for graduates, in order to meet the needs shortcomings pointed out by them.