Abstract:
RESUMO
Ao se tratar das questões raciais brasileiras, a problemática das identidades ainda se
configura como eixo fundamental. Deste modo, este trabalho voltou -se aos entendimentos
dos saberes e fazeres das comunidades de maioria populacional afrodescendente do
Município de Paulistana-PI partindo dos elementos simbólicos de afirmação identitária que
as/os moradoras/es compreendem como marcadores próprios. A partir de uma metodologia
descritiva-explicativa em uma abordagem qualitativa, visando acessar informações
relevantes através de rodas de conversa, uma dinâmica desenvolvida nas próprias
comunidades na transmissão das suas práticas, bem como na construção de seu cotidiano,
tentou-se cumprir o seguinte objetivo motivador : Compreender quais/como as práticas de
organização, educação e constituição quilombola constroem, mantêm e transmitem um senso
de existir/ser/tornar-se na/para constituição de uma linguagem nas Comunidades
quilombolas em Paulistana-PI. Para isso, além das atividades desenvolvidas nas
comunidades, também dialogou-se com autoras e autores como Leda Martins (2021), Ailton
Krenak (2019) (2020) (2022), Sobunfu Somé (2003), Mariléa Almeida (2022), Clóvis Moura
(2019) (2020), Grada Kilomba (2019), Yuri Firmeza (et. al., 2022) e Francis Boakari (2021)
que dentro do contexto-tempo da sua escrita, tem contribuído também, para ampliação e
entendimento dos estudos decoloniais e as discussões sobre as experiências de existir em
situações-condições opressivas. E nesse sentido, não poderia deixar de discutir a dimensão
da memória como registro identitário, histórico e territorial, bem como os usos do
passado/presente e das comunicações com as ancestralidades, em um retorno espiral que se
faz em formas de ser cidadã/cidadão quilombolas na contemporaneidade, com contribuições
positivas-negativas da educação escolar. Assim, as experiências deste estudo contribuíram
para compreensão das inter-relações entre corpo, território, temporalidades, feminino e
narrativas na descrição-entendimento das práticas que as comunidades agenciam como
linguagem do quilombo, representação da mundivivência de ser quilombola. Com isso,
observou-se a urgência de escolas das/nas comunidades a partir de repertórios textuais e
sensoriais da convivialidade dialógica, que contribuam como elemento agenciador das
construções e transmissões identitárias na luta por direitos sociais e territoriais.
ABSTRACT
When dealing with Brazilian racial issues, the problem of identities is still a fundamental
question. Thus, this work focused on the understandings of the knowledge and practices of
the communities with a majority of Afro -descendant populations in the Municipality of
Paulistana-PI, starting from the symbolic elements of identity affirmation that the inhabitants
understand as their own cultural markers. With the help of a descriptive -explanatory
methodology within a qualitative framework, information from the conversation circles
developed in the communities themselves to describe their practices, as well to construct
their daily lives, was utilized to reach this motivating objective - understand which/how the
practices of the organizational, educational and structural framework of these quilombo
communities come to being, maintain themselves and transmit a sense of existence,
existing/being/becoming in/for the development of a language in the quilombo communities
in Paulistana-PI. In addition to the activities developed in the communities, dialogues were
constructed with authors such as Leda Martins (2021), Ailton Krenak (2019) (2020) (2022),
Sobunfu Somé (2003), Mariléa Almeida (2022), Clóvis Moura (2019) (2020), Grada
Kilomba (2019), Yuri Firmeza (et. al., 2022) and Francis Boakari (2021) who, within the
general context of their writings, have also contributed to the understanding and expansion
of decolonial studies and discussions about the experiences of existing in oppressive
situations-conditions. Within this basic frame of reference, comments were made regarding
the dimension of memory as identity, historical and territorial records, as well as the uses of
the past/present and communications with ancestry, in a spiral return in ways of being
quilombola, quilombo inhabitant today, a contemporary citizen, with the positive -negative
contributions of schooling. Thus, the experiences of this study contributed to understanding
the interrelations between body, territory, temporality, femininity and narratives i n the
description-understanding of the practices that the communities mediate as the language of
the quilombo, representation of the world of being quilombola. The urgency of schools of/in
the communities based on contextual and sensorial repertoires of di alogic conviviality,
which contribute as an element of identity constructions and transmissions in the struggle
for social and territorial rights was emphasized.