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DA POSSE FICTÍCIA AO LATIFÚNDIO DESMEDIDO: sistemas de administração fundiária, apropriação desigual do território e insurgências decoloniais no Piauí

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dc.contributor.author ALENCAR, Paulo Gustavo de
dc.date.accessioned 2023-11-23T22:36:52Z
dc.date.available 2023-11-23T22:36:52Z
dc.date.issued 2023-11-23
dc.identifier.uri http://hdl.handle.net/123456789/3513
dc.description Orientadora: Profa. Dra. Giovana Mira de Espindola. Coorientadora: Profa. Dra. Maria Sueli Rodrigues de Sousa. Coorientador: Prof. Dr. Raimundo Jucier Sousa de Assis. Examinador: Profa. Dra. Waldirene Alves Lopes da Silva Examinadora: Profa. Dra. Andréa da Silva Gomes Examinador: Profa. Dra. Sonia Maria Ribeiro de Souza Examinadora: Profa. Dra. Jaira Maria Alcobaca Gomes Examinadora: Profa. Dra. Giovana Mira de Espindola Examinador: Prof. Dr. José Machado Moita Neto pt_BR
dc.description.abstract RESUMO Neste estudo realizamos uma crítica decolonial da administração fundiária no Piauí, e analisamos como essa institucionalidade tem contribuído para a construção da diferença territorial entre os diversos segmentos das populações do campo. O recorte temporal foi do último quartel do século XVII até os dias atuais. Adotamos como base epistêmica o pensamento crítico de fronteira, que permite o encontro entre perspectivas teóricas dos povos subalternizados, a exemplo do pensamento decolonial e contra colonial. O ponto de partida para correlacionar a administração fundiária com a colonialidade foi a formulação de Aníbal Quijano sobre a instituição da propriedade para controle do território e da natureza, como um dos eixos de controle da reprodução social dentro da matriz colonial de poder. O delineamento adotado foi a pesquisa etnográfica adaptada para o estudo de organizações complexas. Utilizamos a triangulação entre a pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, observação participante e realização de entrevistas. Defendemos a tese que o sistema de administração fundiária não soluciona as demandas dos povos subalternizados porque tem suas bases fincadas na colonialidade, o que marca seu caráter permanentemente discriminatório. Analisamos como o sistema de sesmarias contribuiu para a fundação das diferenças territoriais, ancoradas nas formas de permissões e negações que regularam a apropriação sobre a terra com base em diferenças raciais/étnicas. O sistema de sesmarias teve a função de tentar invisibilizar os vínculos territoriais dos indígenas, e foi a base para a subjetivação da terra como mercadoria. Os povos indígenas e africanos escravizados têm se insurgido contra as regras fundiárias da sociedade colonialista desde que esta penetrou no Piauí, no sentido da contra colonização e da decolonialidade. A Lei de Terras de 1850 consolidou a função da terra como mercadoria e impôs a propriedade fundiária como inquestionável, um marco no apagamento das relações territoriais e a subalternização dos povos do campo. A modernização da propriedade fundiária foi completada pela individualização da propriedade fundiária no século XX. A grilagem de terras se apresenta como uma função inerente ao próprio sistema-mundo capitalista moderno/colonial, e continua agindo na expansão das frentes agrícolas, para a apropriação sobre a natureza e os recursos naturais. A grilagem é protegida pelo Estado em nome da segurança jurídica, do progresso e do desenvolvimento. A administração fundiária foi se adequando às mudanças do capitalismo. As instituições e normas de gestão fundiária atuais foram orientadas pelo mito do desenvolvimento, privilegiando a distribuição da terra para os segmentos falsamente tidos como superiores. As lutas dos povos e comunidades tradicionais têm forçado mudanças no sentido de aproximar marcos legais, bases jurídicas conceituais, e estruturas dos órgãos de terra, das suas demandas, ainda que insuficientes. As ressurgências contra coloniais e decoloniais de identidades étnico-territoriais ligadas aos povos e comunidades tradicionais amparadas na luta pelo território apontam o caminho para a readequação da política agrária e da administração fundiária. As transformações recentes nas normas federais demonstram que a gestão fundiária tem sucumbido a subalternização imposta pelas diferenças geopolíticas do sistema-mundo capitalista moderno/colonial, no sentido de manter as diferenças no acesso à terra e ao território. Seja com base nas normas modificadas para amparar a apropriação sobre a terra, seja pelas lacunas legais ou pela leniência do Estado, o objetivo do sistema, bem diferente de sua missão formal, é auxiliar o mercado imobiliário a incorporar mais terras e territórios aos circuitos capitalistas. ABSTRACTO En este estudio, realizamos una crítica decolonial a la gestión de la tierra en Piauí y analizamos cómo esta institucionalidad han contribuido a la construcción de la diferencia territorial entre los diferentes segmentos de las poblaciones rurales. El marco temporal fue desde el último cuarto del siglo XVII hasta nuestros días. Adoptamos como base epistémica el pensamiento crítico fronterizo, que permite el encuentro entre perspectivas teóricas de los pueblos subordinados, como el pensamiento decolonial y contracolonial. El punto de partida para correlacionar la administración de la tierra con la colonialidad fue la formulación de Aníbal Quijano sobre la institución de la propiedad para controlar el territorio y la naturaleza como uno de los ejes de control de la reproducción social dentro de la matriz colonial de poder. El diseño adoptado fue el de investigación etnográfica adaptado para el estudio de organizaciones complejas. Se utilizó la triangulación entre la investigación bibliográfica, investigación documental, observación participante y entrevistas. Defendemos la tesis de que el sistema de administración de tierras no resuelve las demandas de los pueblos subalternos porque tiene sus bases bien cementadas en la colonialidad, lo que marca su carácter permanentemente discriminatorio. Analizamos cómo el sistema de sesmarias contribuyó a la fundación de diferencias territoriales, ancladas en las formas de permisos y denegaciones que regularon la apropiación de la tierra en función de las diferencias raciales/étnicas. El sistema de sesmarias tuvo la función de tratar de invisibilizar los lazos territoriales de los indígenas y fue la base para la subjetivación de la tierra como mercancía. Los pueblos indígenas y africanos esclavizados se han rebelado contra las normas de tenencia de tierras de la sociedad colonialista desde que entró en Piauí, en el sentido de contracolonización y decolonialidad. La Ley de Tierras de 1850 consolidó la función de la tierra como mercancía e impuso la propiedad de la tierra como incuestionable, un hito en la extinción de las relaciones territoriales y la subordinación de la población rural. La modernización de la propiedad territorial se completó con la individualización de la propiedad territorial en el siglo XX. El acaparamiento de tierras se presenta como una función inherente al sistema capitalista, y continúa actuando en la expansión de nuevos frentes agrícolas, para la apropiación sobre la naturaleza y los recursos naturales. Es protegido por el Estado en nombre de la seguridad jurídica, el progreso y el desarrollo. La administración de la tierra se fue adaptando a los cambios del capitalismo. Las instituciones y normas actuales de ordenamiento territorial se guiaron por el mito del desarrollo, privilegiando la distribución de la tierra a segmentos falsamente considerados superiores. Las luchas de los pueblos y comunidades tradicionales han obligado a cambios en el sentido de acercar los marcos jurídicos, las bases jurídicas conceptuales y las de gobierno relacionadas com la tierra a sus demandas, aunque insuficientes. Los resurgimientos anticoloniales y decoloniales de identidades etnoterritoriales vinculadas a pueblos y comunidades tradicionales apoyados en la lucha por el territorio, señalan el camino para la reestructuración de la política agraria y la administración de la tierra. Las transformaciones recientes en las normas federales demuestran que el manejo de la tierra ha sucumbido a la subordinación impuesta por las diferencias geopolíticas del sistema-mundo capitalista moderno/colonial, en el sentido de mantener la diferencia en el acceso a la tierra y al territorio. Ya sea a partir de normas modificadas para sostener la apropiación de tierras, ya sea por lagunas legales o por la permisividad del Estado, el objetivo del sistema, muy diferente de su misión formal, es ayudar al mercado inmobiliario a incorporar más tierra y territorios a los circuitos capitalistas. pt_BR
dc.language.iso other pt_BR
dc.subject Colonialidade pt_BR
dc.subject Administração fundiária pt_BR
dc.subject Pensamento de fronteira pt_BR
dc.subject Grilagem de terras pt_BR
dc.subject Decolonialidade pt_BR
dc.subject Contra colonização pt_BR
dc.subject Gestão fundiária pt_BR
dc.subject Colonialidad pt_BR
dc.subject Administración de tierras pt_BR
dc.subject Pensamiento fronterizo pt_BR
dc.subject El acaparamiento de tierras pt_BR
dc.subject Decolonialidad pt_BR
dc.subject Contra la colonización pt_BR
dc.subject Gestion de tierras pt_BR
dc.title DA POSSE FICTÍCIA AO LATIFÚNDIO DESMEDIDO: sistemas de administração fundiária, apropriação desigual do território e insurgências decoloniais no Piauí pt_BR
dc.type Thesis pt_BR


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