RELAÇÃO ENTRE MARCADORES DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA DE BAIXO GRAU E ESTADO NUTRICIONAL RELATIVO AO COBRE EM MULHERES COM OBESIDADE

Abstract

RESUMO: INTRODUÇÃO: A disfunção do tecido adiposo presente na obesidade contribui para a manifestação de complicações metabólicas com repercussões clínicas relevantes, a exemplo da inflamação crônica de baixo grau. Nesse sentido, tem havido interesse crescente em identificar a possível influência de citocinas inflamatórias na homeostase de micronutrientes em indivíduos com obesidade, sendo que o cobre, em particular, por sua ação pró-oxidante, constitui um dos minerais alvo de diversas pesquisas. Assim, o objetivo deste estudo consiste em analisar a relação entre marcadores da inflamação e o estado nutricional relativo ao cobre em mulheres com obesidade. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo transversal, com mulheres na faixa etária entre 20 e 50 anos de idade, as quais foram distribuídas em dois grupos: caso (mulheres com obesidade, n = 80) e controle (mulheres eutróficas, n = 122). Foram realizadas aferições do peso corporal, estatura e circunferência da cintura, conforme metodologia descrita pelo Ministério da Saúde. A análise da ingestão de cobre foi realizada utilizando o programa Nutwin versão 1.5, após aplicação do registro alimentar de três dias. As concentrações de cobre plasmático e eritrocitário foram determinadas segundo o método de espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente, enquanto que a atividade da enzima Superóxido Dismutase (SOD) nos eritrócitos foi avaliada em analisador bioquímico automático. A determinação das concentrações séricas de Interleucina (IL)-6, IL-8, IL-12, IL-10, IL-1β e Fator de Necrose Tumoral-Alfa (TNF-α) foi conduzida por meio do kit Cytometric Bead Array TM Human Inflammatory Cytokines (BD Biosciences, United States), procedimento realizado em citômetro de fluxo. Os dados foram analisados por meio do programa estatístico SPSS for Windows 26.0. RESULTADOS: As mulheres com obesidade apresentaram concentrações séricas superiores de IL-6 quando comparadas ao grupo controle (p < 0,05). De forma semelhante, o estudo revelou consumo do mineral superior pelas mulheres com obesidade (p < 0,05). O grupo caso apresentou concentrações de cobre superiores no plasma e inferiores nos eritrócitos quando comparado ao grupo controle. Além disso, a atividade da SOD nos eritrócitos das participantes com obesidade apresentou-se inferior quando comparada às mulheres eutróficas (p < 0,05). O estudo identificou correlação moderada negativa significativa entre as citocinas TNF-α e IL-10 e a atividade da SOD nos eritrócitos no grupo de mulheres com obesidade (p < 0,05). CONCLUSÃO: A partir dos resultados deste estudo, pode-se concluir que as mulheres com obesidade apresentam concentrações séricas de IL-6 elevada, o que caracteriza a inflamação crônica de baixo grau. Além disso, as mulheres com obesidade apresentam alterações no estado nutricional relativo ao cobre, caracterizadas por concentrações elevadas no plasma e reduzidas nos eritrócitos quando comparadas às eutróficas. As concentrações de TNF-α e IL-10 apresentam associação negativa com a atividade da SOD eritrocitária nas mulheres com obesidade do estudo. Tal dado sugere a possível influência da inflamação crônica na distribuição do cobre em indivíduos com obesidade.

ABSTRACT: INTRODUCTION: The adipose tissue dysfunction present in obesity contributes to the manifestation of metabolic complications with relevant clinical repercussions, such as low-grade chronic inflammation. In this sense, there has been growing interest in identifying the possible influence of inflammatory cytokines on micronutrient homeostasis in obese individuals. Copper, in particular, due to its pro-oxidant action, is one of the target minerals of several studies. Thus, the aim of this study is to analyze the relationship between markers of inflammation and nutritional status relative to copper in obese women. METHODOLOGY: This is a cross-sectional study, with women aged between 20 and 50 years old, who were divided into two groups: case (obeses women, n = 80) and control (eutrophic women, n = 122). Measurements of body weight, height and waist circumference were performed, according to the methodology described by the Ministry of Health. The analysis of copper intake was performed using the Nutwin program version 1.5, after applying the three-day food record. Plasma copper and erythrocyte concentrations were determined using inductively coupled plasma optical emission spectrometry, while the activity of the enzyme Superoxide Dismutase (SOD) in erythrocytes was evaluated in an automatic biochemical analyzer. The determination of serum concentrations of Interleukin (IL)-6, IL-8, IL-12, IL-10, IL-1β and Tumor Necrosis Factor-Alpha (TNF-α) was carried out using the Cytometric Bead ArrayTM Human kit Inflammatory Cytokines (BD Biosciences, United States), procedure performed in a flow cytometer. Data were analyzed using the SPSS for Windows 26.0 statistical program. RESULTS: Obese women had higher serum concentrations of IL-6 when compared to the control group (p < 0.05). Similarly, the study revealed higher consumption of the mineral by women with obesity (p < 0.05). The case group had higher and lower plasma copper concentrations in erythrocytes when compared to the control group. In addition, SOD activity in the erythrocytes of obese participants was lower when compared to eutrophic women (p < 0.05). The study identified a significant negative moderate correlation between TNF-α and IL-10 cytokines and SOD activity in erythrocytes in the group of obese women (p < 0.05). CONCLUSION: Based on the results of this study, it can be concluded that women with obesity have elevated serum IL-6 concentrations, which characterizes low-grade chronic inflammation. In addition, obese women show changes in nutritional status related to copper, characterized by high and reduced plasma concentrations in erythrocytes when compared to eutrophic women. TNF-α and IL-10 concentrations are negatively associated with erythrocyte SOD activity in obese women in the study. This data suggests the possible influence of chronic inflammation on copper distribution in obese individuals.