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RESUMO As plantas alimentícias silvestres (PAS) nascem espontaneamente e têm sido utilizadas por comunidades tradicionais e locais em tempos de escassez de alimentos e/ou para a complementação dos hábitos alimentares. A transmissão de conhecimentos entre gerações permite o fluxo e perpetuação das informações dos mais experientes para os mais jovens. No entanto, há uma problemática quanto à perda de saberes que pode ser superada mediante a integração dos conhecimentos científicos e saberes populares. Desta forma, esta pesquisa analisa as representações sociais dos professores da educação básica sobre a mediação e as possibilidades de aplicação dos conhecimentos locais de plantas silvestres utilizadas como alimentícias, sendo eles pertencentes ou não às comunidades rurais, valorizando o discurso e a transposição didática para o resgate dos saberes locais e o desenvolvimento da educação ambiental. Metodologicamente, foi realizada revisão científica em diferentes bases de dados sobre a biodiversidade de PAS com potencial subutilizado, tendo por base estudos etnobotânicos, com ênfase nas espécies encontradas no semiárido brasileiro. Além disso, foram aplicadas entrevistas semiestruturas com docentes pertencentes ou não a comunidades rurais, após aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisas (CAAE nº 30873120.2.0000.5214) da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e assinatura do termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A revisão científica identificou a partir de bases internacionais, o Brasil com 11 publicações e especificamente para o nordeste brasileiro a biodiversidade citada nos artigos científicos contam, ao todo, com 90 espécies e 24 famílias classificadas como alimentícias e comumente utilizadas pelas populações. Tendo em vista o distanciamento e redução das relações homem e natureza, percebe-se a importância de inserir a escola e principalmente, professores como mediadores de abordagens educativas, interdisciplinares no desenvolvimento de conteúdos relacionados às PAS. Para isso, realizou-se a análise das representações sociais e a construção do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) que nos permite constatar que os docentes consideram positivas e relevantes as possibilidades de aplicação do conhecimento local sobre PAS na construção da educação ambiental. Diante disso, as narrativas também foram embasadas em documentos e legislações relevantes para área educacional e ambiental com o objetivo de identificar de que forma os professores podem transpor didaticamente o conhecimento para crianças, adolescentes e jovens. As entrevistas realizadas somente com docentes que pertencem às comunidades rurais Passagem da onça, Tucuns e Bom tempo contribuíram na indicação de uso, modos de preparo e partes da planta, bem como, tiveram um destaque espécies que podem ser consideradas estratégicas como o murici (Byrsonima crassifolia (L.) Kunth), guabiraba (Campomanesia dichotoma (O.Berg) Mattos), jatobá (Hymenaea courbaril L.) e coco babaçu (Attalea speciosa Mart. ex Spreng.). Considera-se que os docentes pertencentes às comunidades rurais podem realizar a transposição didática desenvolvendo uma aprendizagem contextualizada sobre as PAS que fizeram ou ainda fazem parte da sua alimentação em momentos variados da vivência estabelecendo correlações com o meio ambiente. A valorização dos saberes locais sobre os usos das plantas silvestres pode ser combinada com a educação ambiental formal e não-formal, relacionando-as aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) com a mediação do professor, partindo do reconhecimento de que a discussão desta temática em diferentes contextos, mostra-se relevante para a formação integral do estudante e fortalece os elos de pertencimento do indivíduo ao seu lugar.
ABSTRACT Wild food plants (WFPs) are born spontaneously and have been used by traditional and local communities in times of food scarcity and/or to complement eating habits. The transmission of knowledge between generations allows the flow and perpetuation of information from the most experienced to the youngest. However, there is a problem regarding the loss of knowledge that can be overcome through the integration of scientific knowledge and popular knowledge. In this way, this research analyzes the social representations of basic education teachers about the mediation and possibilities of applying local knowledge of wild plants used as food, whether or not they belong to rural communities, valuing the discourse and the didactic transposition to the recovery of local knowledge and the development of environmental education. Methodologically, a scientific review was carried out in different databases on the biodiversity of PAS with underutilized potential, based on ethnobotanical studies, with emphasis on species found in the Brazilian semi-arid region. In addition, semi-structured interviews were applied with professors belonging or not to rural communities, after approval of the study by the Research Ethics Committee (CAAE nº 30873120.2.0000.5214) of the Federal University of Piauí (UFPI) and signature of the Informed Free Consent Term (IFCT). The scientific review identified, based on international bases, Brazil with 11 publications and specifically for the Brazilian northeast, the biodiversity mentioned in the scientific articles has, in all, 90 species and 24 families classified as food and commonly used by populations. Bearing in mind the distancing and reduction of man and nature relations, one can see the importance of inserting the school and, mainly, teachers as mediators of educational, interdisciplinary approaches in the development of contents related to WFP. For this, the analysis of the social representations and the construction of the Discourse of the Collective Subject (DCS) were carried out, which allows us to verify that the professors consider positive and relevant the possibilities of applying local knowledge about PAS in the construction of environmental education. In view of this, the narratives were also based on relevant documents and legislation for the educational and environmental area with the objective of identifying how teachers can didactically transpose knowledge to children, adolescents and young people. The interviews carried out only with teachers who belong to the rural communities Passagem da Onça, Tucuns and Bom Tempo contributed to the indication of use, methods of preparation and parts of the plant, as well as highlighting species that can be considered strategic, such as the murici (Byrsonima crassifolia (L.) Kunth), guabiraba (Campomanesia dichotoma (O.Berg) Mattos), jatobá (Hymenaea courbaril L.) and babassu coconut (Attalea speciosa Mart. ex Spreng.). It is considered that teachers belonging to rural communities can carry out the didactic transposition by developing contextualized learning about the PAS that were or still are part of their diet at different times of their experience, establishing correlations with the environment. The appreciation of local knowledge about the uses of wild plants can be combined with formal and non-formal environmental education, relating them to the Sustainable Development Goals (SDGs) with the mediation of the teacher, based on the recognition that the discussion of this theme in different contexts, it is relevant for the integral formation of the student and strengthens the bonds of belonging of the individual to his place. |
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