Abstract:
RESUMO Introdução: O perfil epidemiológico atual das infecções sexualmente transmissíveis (IST) mostra um aumento da incidência em mulheres, transmitidas por via heterossexual, acometendo as parcelas mais pobres da população, com maiores fatores de vulnerabilidade social. Objetivo: Avaliar a prevalência de IST e fatores associados em mulheres ciganas em um município na região nordeste do Brasil. Metodologia: Estudo observacional, transversal, analítico na população feminina cigana no município de Esperantina- Piauí, no ano de 2021. A população foi de 29 mulheres ciganas, com idade de 15 a 64 anos, sexualmente ativas e cadastradas no E-SUS APS. O meio de rastreamento se deu através dos exames sorológicos para HIV, Hepatites B e C, Sífilis (Testes rápidos e VDRL), Clamídia, citopatológico cérvico-uterino e bacterioscopia de secreção vaginal. Os dados foram obtidos através de entrevistas e questionário semi-estruturado, com os exames coletados no laboratório municipal e Unidades Básicas de Saúde da região. Os dados foram inseridos na planilha do programa Excell® e analisados por meio do software SPSS versão 21.0. Todos os modelos foram ajustados a partir da estatística de teste Wald. Resultados: A média de idade das participantes foi de 30,2 anos. A maioria se autodeclarou parda (79,2%), católicas (87,5%), com união estável (66,7%) e 91,7% tinham o ensino fundamental, vivendo com renda familiar mensal de menos de um salário-mínimo (70,9%). A maioria tinha filhos (79,2%), mas 45,8% tinham realizado a laqueadura tubária. A prática sexual associada a bebidas alcóolicas e drogas ilícitas foi referida por 37,5% e 20,8%, respectivamente. Vale ressaltar que 20,8% das ciganas nunca fizeram consulta ginecológica e 33,3% nunca realizaram o exame de Papanicolaou. As IST mais prevalentes foram a Sífilis (37,5%) e a Tricomoníase (12,5%), seguidas igualmente pela Clamídia e Gonorréia (4,2%). Não houve casos de HIV, Hepatite B e C na amostra estudada. Em relação às neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC), 8,3% apresentaram lesão de baixo grau. Os fatores mais associados às IST (p≤0,05) foram: “usa droga ilícita” e “queixa aguda”; à alteração da microbiota vaginal: “idade jovem”, “dificuldade de acesso”, “tabagista” e “parceiro fixo”, enquanto às NIC tiveram associações: “queixa aguda”, “usa droga ilícita”, “dificuldade de acesso”, “baixa escolaridade” e “não usa preservativo”. Conclusão: As mulheres ciganas demonstram vulnerabilidade às IST, pela associação aos fatores: idade jovem, cor parda, baixa renda e escolaridade, dificuldades de acesso aos serviços de saúde, uso de drogas ilícitas, multiplicidade de parceiros sexuais e não utilização de preservativos, com prevalência de Sífilis e T. vaginalis e menos frequentemente C. trachomatis, e N. gonorrhoeae.
ABSTRACT Introduction: The current epidemiological profile of sexually transmitted infections (STI) shows an increase in the incidence in women, transmitted heterosexually, affecting the poorest parts of the population, with greater social vulnerability factors. Objective: To assess the prevalence of STI and associated factors in Roma women in a municipality in the northeast region of Brazil. Methodology: Observational, cross-sectional, analytical study in the gypsy female population in the municipality of Esperantina-Piauí, in the year 2021. The population was 29 gypsy women, aged 15 to 64 years, sexually active and registered in the E-SUS APS. The screening method was through serological tests for HIV, Hepatitis B and C, Syphilis (rapid tests and VDRL), Chlamydia, cervical cytopathology and vaginal secretion bacterioscopy. Data were obtained through interviews and a semi-structured questionnaire, with exams collected in the municipal laboratory and Basic Health Units in the region. The data were entered in the Excell® program spreadsheet and analyzed using SPSS version 21.0 software. All models were fitted using the Wald test statistic. Results: The mean age of the participants was 30.2 years. Most self-declared brown (79.2%), Catholic (87.5%), with a stable union (66.7%) and 91.7% had elementary school, living with a monthly family income of less than one salary. minimum (70.9%). Most already had children (79.2%), but 45.8% had already undergone tubal ligation. Sexual practice associated with alcoholic beverages and illicit drugs was reported by 37.5% and 20.8%, respectively. It is worth mentioning that 20.8% of the gypsies had never had a gynecological consultation and 33.3% had never had a Pap smear. The most prevalent STI were Syphilis (37.5%) and Trichomoniasis (12.5%), followed equally by Chlamydia and Gonorrhea (4.2%). There were no cases of HIV, Hepatitis B and C in the studied sample. Regarding cervical intraepithelial neoplasia (CIN), 8.3% had a low-grade lesion. The factors most associated with STI (p≤0.05) were: “uses illicit drugs” and “acute complaint”; to the alteration of the vaginal microbiota: “young age”, “difficult access”, “smoker” and “fixed partner”, while the CIN had associations: “acute complaint”, “uses illicit drugs”, “access difficulty”, “low education” and “does not use condoms”. Conclusion: Gypsy women demonstrate vulnerability to STI, due to the association with the factors: young age, mixed race, low income and schooling, difficulties in accessing health services, use of illicit drugs, multiple sexual partners and non-use of condoms, with prevalence of Syphilis and T. vaginalis and less frequently C. trachomatis, and N. gonorrhoeae.