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RESUMO Introdução: A adolescência se caracteriza por ser uma fase de intensas transformações nos aspectos biológicos, psicológicos e sociais. É nessa fase da vida vivenciam a iniciação sexual que aliada à falta de informações, pode levar esses jovens à prática de comportamento sexual de risco. Objetivos: caracterizar o comportamento sexual de risco de adolescentes escolares do Brasil e identificar os fatores a ele associados. Métodos: Trata-se de pesquisa transversal e analítica, tendo como cenário o Brasil, as cinco regiões e 26 estados, além do Distrito Federal. Os dados são secundários, oriundos da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, edição 2015, cuja população foi composta por escolares matriculados e frequentando escolas públicas e privadas, do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. A variável dependente foi o comportamento sexual de risco (CSR), caracterizado pelo não uso de preservativo na última relação sexual e dois ou mais parceiros sexuais ao longo da vida. Já as variáveis independentes foram sociodemográficas, práticas de comportamento de risco, características de saúde sexual e reprodutiva, de saúde mental e de sociabilidade, orientações na escola e autoimagem corporal. Empregou-se o teste do qui-quadrado para avaliar eventuais diferenças de proporções. A associação entre as variáveis independentes e dependente foi expressa em razões de prevalências ajustadas (RPaj), com intervalos de confiança de 95% (IC95%). A análise multivariada, por meio da regressão de Poisson, foi realizada com hierarquização das variáveis independentes em blocos. Resultados: Houve prevalência de CSR de 19% no país, com os maiores percentuais nas regiões Sudeste (21,2%), Nordeste (19,2%) e Norte (19,1%) e nos estados de São Paulo (23,4%), Pará (22,2%) e Bahia (21,7%). O CSR foi associado com o sexo masculino (RPaj=1,17; IC95% 1,10-1,29), com a prática de bullying (RPaj= 1,51; IC95% 1,39-1,62), ter tido primeira relação sexual com idade de 9 anos ou menos (RPaj= 2,67; IC95% 1,64-3,01), ter vivenciado a gravidez na adolescência (RPaj= 1,68; IC95% 1,34-1,98) ou ter sido vítima de violência sexual (RPaj= 1,42; IC95% 1,18-1,86), além de ter usado drogas ilícitas (RPaj= 1,67; IC95% 1,21-2,01), cigarro (RPaj= 1,58%; IC 1,33-1,76) e bebidas alcoólicas (RPaj=1,52; IC95% 1,32-1,96). Em contrapartida, observou-se menor prevalência de CSR entre os adolescentes que moravam com mãe e/ou pai (RPaj=0,82; IC95% 0,71-0,95), que receberam orientações sobre prevenção de gravidez (RPaj= 0,80; IC95% 0,72-0,90) e entre aqueles que usaram preservativo na primeira relação sexual (RPaj=0,26; IC95% 0,23-0,35). Conclusões: Os dados apontam alta prevalência de CSR entre adolescentes escolares no Brasil, notadamente nas regiões e estados com os piores índices socioeconômicos. Variáveis socioeconômicas, de saúde sexual e reprodutiva, de comportamentos de risco, assim como a vivência de violência sexual e de bullying demonstraram associação ao desfecho. Há necessidade de planejamento e implementação de políticas e programas que visem à redução desses índices e que possibilitem a vivência da sexualidade entre adolescentes de forma plena e saudável no país.
ABSTRACT Introduction: Adolescence is characterized by being a phase of intense changes in biological, psychological and social aspects. It is at this stage of life that they experience sexual initiation, which, combined with the lack of information, can lead these young people to practice risky sexual behavior. Objectives: to characterize the risky sexual behavior of school adolescents in Brazil and to identify the factors associated with it. Methods: This is a cross-sectional and analytical research, having as a scenario Brazil, the five regions and 26 states, in addition to the Federal District. The data are secondary, from the National School Health Survey, 2015 edition, whose population was composed of students enrolled and attending public and private schools, from the 6th grade of elementary school to the 3rd year of high school. The dependent variable was risky sexual behavior (CSR), characterized by not using a condom at the last sexual intercourse and having two or more sexual partners throughout life. The independent variables were sociodemographic, risk behavior practices, characteristics of sexual and reproductive health, mental health and sociability, school orientation and body self-image. The chi-square test was used to assess possible differences in proportions. The association between the independent and dependent variables was expressed in adjusted prevalence ratios (APRj), with 95% confidence intervals (95%CI). Multivariate analysis, using Poisson regression, was performed with a hierarchy of independent variables in blocks. Results: There was a prevalence of CSR of 19% in the country, with the highest percentages in the Southeast (21.2%), Northeast (19.2%) and North (19.1%) and in the states of São Paulo (23.4%), Pará (22.2%) and Bahia (21 .7%). CSR was associated with being male (PRaj=1.17; 95%CI 1.10-1.29), with bullying (PRaj=1.51; 95%CI 1.39-1.62), having had first sexual intercourse at the age of 9 years or younger (PRaj= 2.67; 95%CI 1.64-3.01), having experienced pregnancy in adolescence (PRaj= 1.68; 95%CI 1.34-1, 98) or having been a victim of sexual violence (PRaj= 1.42; 95%CI 1.18-1.86), in addition to having used illicit drugs (PRaj= 1.67; 95%CI 1.21-2.01) , cigarettes (PRaj=1.58%; CI 1.33-1.76) and alcoholic beverages (PRaj=1.52; CI95% 1.32-1.96). On the other hand, a lower prevalence of CSR was observed among adolescents who lived with their mother and/or father (PRaj=0.82; 95%CI 0.71-0.95), who received guidance on pregnancy prevention (RPaj= 0 .80; 95%CI 0.72-0.90) and among those who used a condom at the first sexual intercourse (PRaj=0.26; 95%CI 0.23-0.35). Conclusions: The data point to a high prevalence of CSR among school adolescents in Brazil, especially in regions and states with the worst socioeconomic indices. Socioeconomic, sexual and reproductive health variables, risk behaviors, as well as the experience of sexual violence and bullying showed an association with the outcome. There is a need to plan and implement policies and programs aimed at reducing these rates and enabling adolescents to experience sexuality in a full and healthy way in the country. |
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