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RESUMO Introdução: Há recomendações para que a amamentação seja iniciada em até uma hora após o nascimento e mantida nos seis primeiros meses de vida, de forma exclusiva. Muitos fatores podem contribuir para o insucesso no início e na manutenção do aleitamento materno, incluindo a violência por parceiro íntimo na gestação (VPIG). Objetivo: Analisar a prevalência da amamentação na primeira hora de vida (AM) e fatores associados, com ênfase na VPIG, em Teresina, Piauí. Métodos: Trata-se de pesquisa de abrangência local, de natureza transversal e quantitativa. Foram entrevistadas 413 puérperas entre dezembro de 2020 e abril de 2021. Utilizou-se formulário com perguntas sobre AM, aspectos sociodemográficos e comportamentais das mulheres e dos parceiros, características obstétricas e histórico de violência. Para a investigação de VPIG empregou-se o instrumento World Health Organization Violence Against Women. O teste do qui-quadrado de Pearson/teste exato de Fisher foi utilizado para a análise bivariada. As variáveis independentes foram tratadas de maneira hierarquizada na análise multivariada, por meio da regressão logística múltipla, com cálculo de odds ratio ajustados (ORaj) e intervalos de confiança de 95% (IC95%). Resultados: A prevalência da AM foi de 66,8%. No modelo final da análise multivariada observou-se que a presença de acompanhante durante o trabalho de parto (ORaj=1,66; IC95% 1,34-2,29), ter tido contato com o recém-nascido logo após o nascimento (ORaj=2,14; IC95% 1,04-4,38) e ter parto vaginal (ORaj=2,06; IC95% 1,90-4,73) aumentaram as chances de AM. Entre as mulheres sem parceiros (ORaj =0,47; IC95% 0,25-0,86) e aquelas cujos parceiros eram de pele não branca (ORaj =0,45; IC95% 0,24-0,83) houve menos chance de amamentar. Não houve associação significativa entre VPIG e AM. Conclusões: A prevalência da AM foi considerada boa. Fatores obstétricos e de assistência ao parto contribuíram positivamente para a prática do aleitamento materno, mas sem associação com VPIG. Os dados reforçam a importância de ofertar assistência de qualidade no processo de parturição. Outros estudos são necessários para aprofundar a compreensão sobre o impacto da VPIG no aleitamento materno.
ABSTRACT Introduction: There are recommendations for breastfeeding to be started within one hour after birth and maintained for the first six months of life, exclusively. Many factors can contribute to failure to initiate and maintain breastfeeding, including intimate partner violence during pregnancy (IPVP). Objective: To analyze the prevalence of breastfeeding in the first hour of life (BF) and associated factors, with an emphasis on IPVP, in Teresina, Piauí. Methods: This is a research of local scope, transversal and quantitative. A total of 413 postpartum women were interviewed between December 2020 and April 2021. A form was used with questions about BF, sociodemographic and behavioral aspects of women and partners, obstetric characteristics, and history of violence. For the investigation of IPVP, the instrument World Health Organization Violence Against Women was used. Pearson's chi-square test/Fisher's exact test was used for the bivariate analysis. The independent variables were treated hierarchically in the multivariate analysis, using multiple logistic regression, with the calculation of adjusted odds ratios (ORad) and 95% confidence intervals (95%CI). Results: The prevalence of BF was 66.8%. In the final model of the multivariate analysis, it was observed that the presence of a companion during labor (ORad=1.66; 95%CI 1.34-2.29), having had contact with the newborn soon after birth (ORad=2.14; 95%CI 1.04-4.38) and having a vaginal birth (ORad=2.06; 95%CI 1.90-4.73) increased the chances of breastfeeding. Among women without partners (ORad=0.47; 95%CI 0.25-0.86) and those whose partners were non-white (ORad=0.45; 95%CI 0.24-0.83) there were fewer chances to breastfeed. There was no significant association between IPVP and BF. Conclusions: The prevalence of BF was considered good. Obstetric and delivery care factors contributed positively to the practice of breastfeeding, but without association with IPVP. The data reinforce the importance of offering quality care in the parturition process. Further studies are needed to deepen the understanding of the impact of IPVP on breastfeeding.