Abstract:
RESUMO: O tema do controle social, enquanto manifestação da accountability pública, abarca
uma ampla gama de possibilidades participativas da sociedade em relação à administração
pública. O presente trabalho, valendo-se do método de abordagem dedutivo e metodologia de
pesquisa bibliográfica, se debruça sobre uma categoria conceitual específica daquele gênero de
controle denominada “accountability diagonal”, como ferramenta de legitimidade
democrática procedimental, a partir de um recorte institucional específico: os Tribunais de
Contas nacionais. Com base nas definições apresentadas, no desenho institucional adotado
por essa classe de entidades fiscalizadoras superiores e nas discussões sobre o papel da
accountability na democracia contemporânea, buscou-se responder os seguintes
questionamentos: quais seriam os mecanismos de operacionalização da accountability
diagonal no âmbito das Cortes de Contas brasileiras e quais atravessamentos participativos
informam a juridicidade dessa forma de manifestação, institucionalmente intermediada, do
exercício do poder soberano? Constatou-se que a Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988, além de prover essas instituições de capacidade de exigir responsividade dos
gestores públicos e de impor responsabilização por atos ilegais, ilegítimos ou antieconômicos,
também preceituou maneiras pelas quais a sociedade civil pode invocar o controle externo da
administração pública em seu favor e em seu nome. Elementos da cultura organizacional
desses órgãos também contribuíram nesse sentido, revelando uma tendência auspiciosa, ainda
que o cenário atual não seja o ideal.
ABSTRACT: The theme of social control, as a manifestation of public accountability, encompasses
a wide range of participatory possibilities for society in relation to public administration. The
present work, using the deductive method as an approach and methodology of bibliographical
research, focusing on a specific conceptual category of the type of control called “diagonal
accountability”, as a tool of procedural democratic legitimacy, from a specific institutional
perspective: the national Courts of Auditors. Based on the definitions presented, on the
institutional design adopted by this class of superior supervisory entities and on the
discussions about the role of accountability in contemporary democracy, the following
questions were sought to be answered: what would be the operationalization mechanisms of
diagonal accountability within the scope of the Brazilian Courts of Accounts? Which
participatory disputes inform the legality of this form of manifestation, institutionally
brokered, of the exercise of sovereign power? It was found that the 1988 Constitution of the
Federative Republic of Brazil, in addition to providing these institutions with the capacity to
demand responsiveness from public managers and to impose accountability for illegal,
illegitimate or uneconomic acts, also prescribed ways in which civil society can invoke the
external control of the public administration in its favor and on its behalf. Elements of the
organizational culture of these bodies also contributed in this sense, revealing an auspicious
trend, even if the current scenario is not ideal.