TRANSTORNO MENTAL COMUM EM PESSOAS ACOMETIDAS POR HANSENÍASE EM CONTEXTO DE ALTA ENDEMICIDADE NO NORDESTE DO BRASIL

Abstract

RESUMO: INTRODUÇÃO: os transtornos mentais comuns (TMC) constituem um conjunto de sintomas difusos, inespecíficos, não psicóticos. As evidências disponíveis indicam que o tema vem sendo estudado, entretanto persistem lacunas relacionadas ao TMC na hanseníase e os fatores que o influenciam. OBJETIVO: analisar o TMC em pessoas acometidas por hanseníase e sua relação com fatores sociodemográficos, clínicos, limitação de atividade e participação social. MÉTODO: trata-se de um estudo transversal, analítico, realizado em Floriano-PI. A coleta de dados ocorreu entre 2015 e 2016, foram avaliadas 217 pessoas por meio da aplicação de instrumentos que avaliam o TMC: Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), avaliação neurológica simplificada (ANS), escala para limitação de atividade Screening of Activity Limitation and Safety (SALSA), escala de restrição à Participação Social e questões sobre aspectos sociodemográficos e clínicos. Para digitação e qualificação da base de dados, utilizouse o programa Epi-Info™, versão 7.1.3., e para as análises estatísticas, o SPSS, versão 26. Os dados sociodemográficos, assistenciais, de apoio e clínico foram analisados por meio de técnicas descritivas (medidas de tendência central e variabilidade). Para as análises bivariadas, utilizou-se o teste Exato de Fisher e no modelo multivariado, a regressão logística, para produção das odds ratio (OR Ajustadas), com nível de significância de 0,05 e intervalos de confiança de 95%. RESULTADOS: houve predomínio de mulheres (51,6%), com alta por cura (95,9%), paucibacilar (57,6%), e sem episódios reacionais (62,2%), tempo de diagnóstico menor que três meses (73,3%) e referiram boa qualidade de vida após o diagnóstico (59,9%). O TMC ocorreu em 36,4% dos casos, com proporção de 61,3% do sintoma “sentir-se nervoso, tenso ou preocupado” no domínio humor depressivo ansioso. Ser do sexo masculino reduziu em 44,1% as chances de ter TMC (OR=0,559; IC 95%= 0,319-0,98) e ter tempo de diagnóstico maior que seis meses aumentou em 2,6 vezes as chances de ter TMC, quando comparado ao tempo inferior a três meses (OR=2,636, IC95%= 1,080-6,433). Exercer atividade religiosa configurou fator de proteção para grau de incapacidade física, enquanto as pessoas acometidas que procuraram o serviço de saúde após concluírem o tratamento apresentaram cinco vezes mais chances de ter desenvolvido incapacidade. Ter uma boa qualidade de vida configurou fator de proteção para limitação de atividade e restrição à participação social. Casos com hipertensão e depressão, que mudaram de ocupação devido à hanseníase e receberam ajuda apresentaram mais chances de limitação de atividade. CONCLUSÃO: constatou-se que os transtornos mentais comuns afetam especialmente as mulheres com maior tempo para o diagnóstico da hanseníase. Mas, não se pode deixar de investigar os vários aspectos associados à doença como incapacidade física, participação e limitação que interferem na qualidade de vida dessas pessoas.

ABSTRACT: INTRODUCTION: common mental disorders (CMD) are a set of diffuse, nonspecific and non-psychotic symptoms. Evidence shows that this topic has been studied; however, there are knowledge gaps related to CMD in leprosy and the factors that influence it. OBJECTIVE: to analyze the common mental disorder (CMD) in people affected by leprosy and its relationship with sociodemographic and clinical factors, activity limitation and social participation. METHOD: this is a cross-sectional and analytical study held in Floriano-PI. Data collection took place in 2015 and 2016, when 217 people were evaluated, through the application of instruments that evaluate CMD: the Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), simplified neurological assessment (SNA), scale for limiting activity named Screening of Activity Limitation and Safety (SALSA), Social Participation restriction scale and questions on sociodemographic and clinical aspects. In order to type and qualify the database, the Epi-Info™ program, version 7.1.3., was used; and, to perform statistical analyses, SPSS, version 26. Sociodemographic, support, clinical and care-related data were analyzed using descriptive techniques (measures of central tendency and variability). In order to perform bivariate analyses, Fisher’s Exact test was used; and, in the multivariate model, logistic regression was used to produce the “odds ratio” (Adjusted OR), with a significance level of 0.05 and confidence intervals of 95%. RESULTS: in the sample, there was a predominance of women (51,6%), median age 49 years, who were discharged due to cure (95,9%), paucibacillary (57,6%), and did not manifest reaction episodes (62,2%), diagnosis time of less than 3 months (73,3%), and reported good quality of life after diagnosis. The common mental disorder took place in 36.4% of the sample, with a prevalence of 61.3% of the symptom feeling nervous, tense or worried in the domain of anxious depressed mood. Being male reduced the chances of having CMD by 44.1% (OR = 0.559; 95% CI = 0.319-0.98) and having been diagnosed for more than six 6 months increased the chances of having CMD by 2.6 times, when compared to the time less than three 3 months (OR = 2.636, 95% CI = 1.080-6.433). Exercising religious activity configured a protective factor for the degree of physical disability (DPD), while patients who seek the service after completing treatment were more likely to have developed disability. Having a good quality of life was a protective factor for activity limitation and restricted social participation. Patients with hypertension and depression, who changed their occupation due to leprosy and received help, were more likely to have activity limitation. CONCLUSION: it was found that common mental disorders especially affect women with a longer time for the diagnosis of leprosy, but one cannot fail to investigate the various aspects associated with this disease, such as DPD and its disability, participation and limitation that interfere in the quality of life of these people.

RESUMEN: INTRODUCCIÓN: los trastornos mentales comunes (TMC) son un conjunto de síntomas difusos, inespecíficos y no psicóticos. La evidencia muestra que el tema ha sido estudiado; sin embargo, existen brechas de conocimiento relacionadas con el TMC en la lepra y los factores que la influyen. OBJETIVO: analizar el trastorno mental común (TMC) en las personas afectadas por la lepra y su relación con los factores sociodemográficos y clínicos, limitación de actividad y participación social. MÉTODO: se trata de un estudio analítico y transversal realizado en Floriano-PI. La recolección de datos se llevó a cabo en 2015 y 2016, donde se evaluaron 217 personas, mediante la aplicación de instrumentos que evalúan el TMC: el Self-ReportingQuestionnaire(SRQ- 20), evaluación neurológica simplificada (ENS), la escala de limitación de actividad Screening of Activity Limitation and Safety (SALSA), la escala de restricción a la Participación Social y preguntas sobre aspectos sociodemográficos y clínicos. Para la tipificación y calificación de la base de datos, se utilizó el programa Epi-Info™, versión 7.1.3.; y, para el análisis estadístico, SPSS, versión 26. Los datos sociodemográficos, asistenciales, de apoyo y clínicos se analizaron mediante técnicas descriptivas (medidas de tendencia central y variabilidad). Para los análisis bivariados, se utilizó el test exacto de Fisher; y, en el modelo multivariado, se utilizó la regresión logística para producir la “odds ratio” (OR Ajustadas), con un nivel de significación de 0,05 e intervalos de confianza del 95%. RESULTADOS: hubo predominio de mujeres (51,6%), dadas de alta por curación (95,9%), paucibacilares (57,6%) y sin episodios reactivos (62,2%), tiempo de diagnóstico menor a tres meses (73,3%) y reportado bueno calidad de vida tras el diagnóstico (59,9%).El trastorno mental común se presentó en el 36,4% de la muestra, con una prevalencia del 61,3% del síntoma sintiéndose nervioso, tenso o preocupado en el dominio del estado de ánimo depresivo ansioso. Ser hombre redujo las posibilidades de tener TMC en un 44,1% (OR= 0,559; IC del 95% = 0,319-0,98) y haber sido diagnosticado durante más de seis 6 meses aumentó las posibilidades de tener TMC en 2,6 veces, en comparación con el tiempo menos de tres 3 meses (OR = 2.636, 95% IC 1.080- 6.433). El ejercicio de la actividad religiosa configuró un factor protector para el grado de discapacidad física (GDF), mientras que los pacientes que buscan el servicio después de completar el tratamiento tienen más probabilidades de haber desarrollado discapacidad. Tener una buena calidad de vida fue un factor protector para limitación de actividad y restricción de la participación social. Los pacientes con hipertensión y depresión, que cambiaron de trabajo debido a la lepra y recibieron ayuda, tenían más probabilidades de tener limitación de actividad. CONCLUSIÓN: se encontró que los trastornos mentales comunes afectan especialmente a las mujeres con mayor tiempo para el diagnóstico de lepra, pero no se puede dejar de investigar los diversos aspectos asociados a la enfermedad como GDF y su discapacidad, la participación y la limitación que interfieren con la calidad de vida de estas personas.