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RESUMO: Introdução: atenção à saúde mental manifesta-se como questão emergente e
desafiadora. Dentre as doenças mentais, o transtorno de ansiedade é apontado
como preocupante. O Brasil é o país com maior taxa mundial de indivíduos com
esse agravo. A presença de agravo mental é apontada como um dos mais
importantes fatores de risco para suicídio. Objetivo: avaliar níveis de ansiedade e
sua relação com risco de suicídio em adultos assistidos na atenção primária à saúde
do município de Teresina-Piauí. Material e método: estudo analítico e transversal,
realizado com dados do macroprojeto “Impacto de intervenções para uso de drogas,
sintomas depressivos, ansiosos e comportamento suicida na população adulta de
Teresina-PI”. A coleta de dados ocorreu entre abril e julho de 2019, por meio de
questionário para caracterização sociodemográfica, econômica, de condições de
saúde e hábitos de vida, Inventário de Ansiedade de Beck e Nurses Global
Assessment of Suicide Risk. Para análise estatística, utilizou-se software Statistical
Package for the Social Sciences, versão 22.0. Foram realizadas análises estatísticas
descritiva e inferencial, por meio dos testes exato de Fisher, regressão logística
multinomial, Kruskal-Wallis, Post-hoc de Dunn, e coeficiente de correlação de
Spearman. O nível de significância adotado para as análises foi de 0,05. O estudo
foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí, Parecer nº
4.088.909. Resultados: 68,3% da amostra encontra-se com nível de ansiedade
mínimo, 18,4% nível leve, 9,2% nível moderado, e 4,1% apresentaram nível grave.
Quanto ao padrão de risco de suicídio, 80,8% da amostra apresentou risco baixo,
10,0% risco intermediário, 4,1% risco elevado, e 5,1% risco muito elevado. Houve
associação estatística significante entre os níveis de ansiedade e as variáveis: sexo
(p=0,02), evento estressor (p<0,001), ter problemas no sono (p<0,001), realizar
tratamento psicológico/psiquiátrico (p<0,001) e tratamento alternativo (p=0,005),
praticar atividade física (p<0,001), ter sofrido violência (p<0,001) e discriminação
(p<0,001). O risco de suicídio apresentou associação estatística significante com
estado civil (p=0,003), evento estressor (p<0,001), ter problemas com o sono
(p<0,001), uso de substâncias lícitas/ilícitas (p=0,04), realizar tratamento
psicológico/psiquiátrico (p<0,001), ter sofrido violência (p<0,001) e ter sofrido
discriminação (p<0,001). Houve associação entre os níveis de ansiedade e as
classificações de risco de suicídio. O escore de ansiedade apresentou correlação
positiva moderada com o escore de risco de suicídio (p=0,000 e r=0,522).
Conclusão: os achados demonstram que a ansiedade, quando em níveis elevados,
pode potencializar as chances de risco de suicídio. Frente a esses dados, reitera-se
a necessidade de cuidado em saúde mental na atenção primária à saúde. É
necessária abordagem sensível e abrangente, na busca de minimizar os efeitos
prejudiciais destes fatores, que podem resultar, inclusive, na autorresponsabilidade
pelo fim da vida.
ABSTRACT: Introduction: attention to mental health manifests itself as an emerging and
challenging issue. Among mental illnesses, anxiety disorder is pointed out as
worrying. Brazil is the country with the highest worldwide rate of individuals with this
condition. The presence of mental illness is identified as one of the most important
risk factors for suicide. Objective: to assess levels of anxiety and their relationship
with suicide risk in adults assisted in primary health care in the city of Teresina-Piauí.
Material and method: analytical and cross-sectional study, carried out with data
from the macroproject "Impact of interventions for drug use, depressive symptoms,
anxiety and suicidal behavior in the adult population of Teresina-PI". Data collection
took place between April and July 2019, using a questionnaire for sociodemographic
and economic characterization of health conditions and living habits, Beck's Anxiety
Inventory and Nurses Global Assessment of Suicide Risk. Statistical Package for the
Social Sciences, version 22.0, was used for statistical analysis. Descriptive and
inferential statistical analyzes were performed using Fisher's exact tests, multinomial
logistic regression, Kruskal-Wallis, Dunn's Post-hoc, and Spearman's correlation
coefficient. The level of significance adopted for the analyzes was 0.05. The study
was approved by the Ethics Committee of the Federal University of Piauí, Opinion nº.
4.088.909. Results: 68.3% of the sample has a minimum level of anxiety, 18.4% a
mild level, 9.2% a moderate level, and 4.1% had a severe level. As for the pattern of
suicide risk, 80.8% of the sample had low risk, 10.0% intermediate risk, 4.1% high
risk, and 5.1% very high risk. There was a statistically significant association between
anxiety levels and the variables: sex (p=0.02), stressful event (p<0.001), having
sleep problems (p<0.001), undergoing psychological / psychiatric treatment
(p<0.001) and alternative treatment (p=0.005), practicing physical activity (p<0.001),
having suffered violence (p<0.001) and discrimination (p<0.001). The risk of suicide
showed a statistically significant association with marital status (p=0.003), stressful
event (p<0.001), having problems with sleep (p<0.001), use of legal/illegal
substances (p=0.04), perform psychological/psychiatric treatment (p<0.001), have
suffered violence (p<0.001) and have suffered discrimination (p<0.001). There was
an association between anxiety levels and suicide risk classifications. The anxiety
score showed a moderate positive correlation with the suicide risk score (p=0.000
and r=0.522). Conclusion: the findings demonstrate that anxiety, when at high
levels, can increase the chances of suicide risk. In view of these data, the need for
mental health care in primary health care is reiterated. A sensitive and
comprehensive approach is needed in order to minimize the harmful effects of these
factors, which can even result in self-responsibility for the end of life. |
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