Abstract:
RESUMO: Emicida tem se tornado um dos maiores destaques no cenário musical brasileiro
contemporâneo. Referência no rap nacional, o músico tem desenvolvido, através do
canto e de outras formas de comunicação e arte, uma produção artística e intelectual
inovadora, a exemplo do Experimento Social AmarElo, que traz a periferia não só
como espaço de resistência e afirmação cultural e identitária, mas também de
existências que anseiam por uma vida plena. O Experimento Social AmarElo
apresenta uma visão ampla sobre a função da arte no mundo real. É uma proposta
multifacetada que tem no álbum AmarElo o ponto de partida, seguido de outras
iniciativas como os projetos AmarElo – o filme invisível e AmarElo Prima, e o
documentário AmarElo – É tudo pra ontem. Adotou-se esse experimento como corpus
da presente pesquisa, com ênfase nas canções do álbum AmarElo. Os demais
conteúdos que compõe a proposta multifacetada do artista são importantes extensões
do álbum, imprescindíveis também no estudo a ser realizado. O objetivo desse estudo
é, portanto, pesquisar nos discursos do Experimento Social AmarElo, principalmente
nas canções do álbum a poética empreendida por Emicida que parte de um lugar
específico, a periferia, de onde o artista emite sua voz, seu canto para abraçar, a partir
de uma ética amorosa, a totalidade-mundo que contempla a diversidade cultural da
contemporaneidade. Para análise do corpus, foi aplicado o método de pesquisa
qualitativa de cunho bibliográfico, fundamentada nos seguintes aportes teóricos:
Patrocínio (2013); Carril (2006); Munanga (2009); Nascimento (2019); Kilomba (2019);
Gozalez (2020); Samoyault (2008); Glissant (2005); Hooks (2020) entre outros. Desse
modo, constatamos que os conflitos e negociações entre as culturas são
impulsionadores no processo de constituição das identidades, assim como a
movimentação desse processo que visa realizar as transformações do espaço-tempo
e das realidades sejam pessoais, afetivas, coletivas e sociais. É através dessa
dinâmica de choques e fluxo de trocas que a periferia é ressemantizada, as
identidades são reconstituídas, intertextos são ressignificados, culturas colocadas em
relação se intervalorizam, resultando em novos modelos. É o constante devir da
periferia brasileira e de seus agentes sociais, apontando para a urgência em
transformar uma realidade caótica.
ABSTRACT: Emicida has become one of the biggest highlights in the contemporary Brazilian music scene. A reference in national rap, the musician has developed, through singing and other forms of communication and art, an innovative artistic and intellectual production, such as the AmarElo Social Experiment, which brings the periphery not only as a space for resistance and cultural and identitarian affirmation , but also of existences that yearn for a plentiful life. The AmarElo Social Experiment presents a broad view of the role of art in our society. It is a multifaceted proposal whose starting point is the album AmarElo, followed by other initiatives such as the projects AmarElo – o filme invisível and AmarElo Prisma, and the documentary Emicida: AmarElo – É tudo para ontem. This experiment was taken as corpus of the present research, with emphasis on the songs from the album AmarElo. The other contents that make up the artist's multifaceted proposal are important extensions of the album, and are also essential to the present research. The objective of this study is, therefore, to research in the discourses of the AmarElo Social Experiment, mainly in the songs of the album, the poetics undertaken by Emicida who starts from a specific place, the periphery, from where the artist emits his voice, his singing, to embrace, from an ethic of love, the totality-world that contemplates the cultural diversity of contemporaneity. For the analysis of the corpus, the qualitative research method of a bibliographic nature was applied, based on the following theoretical contributions: Patrocínio (2013); Carril (2006); Munanga (2009); Nascimento (2019); Kilomba (2019); Gozalez (2020); Samoyault (2008); Glissant (2005); Hooks (2020), among others. This way, the conflicts and negotiations between cultures are decisive to the process of constructing identities, as well as to the process that aims to carry out the transformations of reality, be it in personal, affective, collective, or social terms. It is through this dynamic of shocks and flow of exchanges that the periphery is re-semanticized, identities are reconstructed, intertexts are re-signified, cultures are revaluated, resulting in new models. The constant change of the Brazilian periphery and its social agents is emphasized, pointing to the urgent necessity of transforming a chaotic reality.